Carne de cordeiro neozelandês higland, trazida do Uruguai pelo criador Luis Mário Fros, e assada à moda uruguaia (ele trouxe também o assador), na trempe, ao ar livre, com muito adobo, harmonizada com vinhos argentinos, chilenos e da Fortaleza do Seival, ali pertinho, marcaram quatro dias que passei na Fazenda Guarda Velha, de Luiz Eduardo Batalha, em Pinheiro Machado. Fui convidado pela Embrapa Pecuária Sul, pelo prefeito Luiz Fernando Leiva e pelo presidente do Sindicato Rural, Max Garcia, para assistir a XXVI Feovelha e fazer uma palestra intiulada Perspectivas da ovinocultura e do vinho na Metade Sul do Rio Grande do Sul, no seminário Contribuições para o fortalecimento da cadeia da ovinocultura, e, como a cidade não tem hotéis, Batalha teve a gentileza de me oferecer pouso e comida.
Valeu a pena. A Feovelha não repetiu os animais inscritos nem o faturamento do ano passado, mas vendeu 5.019 ovinos por R$ 657.944,00, com uma média de R$ 131,09 por animal, valores considerados bons pelo presidente Max Garcia. No ano passado, foram 7.256 animais com receita de R$ 720 mil. Minha palestra no seminário foi elogiada e também ouvimos Sérgio Silveira Gonzaga, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, e o enólogo Mauro Zanus, da Embrapa de Bento Gonçalves.
Na fazenda, além de relembrar minha juventude nos campos de Livramento, interessantes conversas sobre projetos de vinicultura, plantio de oliveiras, enoturismo e um grande projeto para tentar superar o problema enfrentado pelos criadores de ovinos que não conseguem remuneração pelo cordeiro condizente com seu trabalho e com os preços que a carne chega ao consumidor. Recebem, em média, R$ 2,20 pelo quilo vivo, quando o consumidor chega a pagar até R$ 84,00 pelo quilo de carne no Rio e São Paulo.
Diante desta discrepância, Luiz Eduardo Batalha juntou técnicos especialistas, como o próprio Luis Mário Fros, o zootecnista Bruno Fernandes Sales Santos e seu filho Felipe Batalha para montar o que chama Sistema Cordeiro Natural, um programa no qual os criadores terão controle sobre o preço do cordeiro, o frigorífico que fará o abate, a comercialização e a entrega para consumidor. “Para funcionar, tudo terá que ser transparente, do criador ao consumidor”, diz. Batalha. O objetivo é chegar a 500 mil fêmeas, de diferentes criadores, para oferta de 150 mil cordeiros/ano ao mercado brasileiro. Os cordeiros terão que ser entregues dentro de um padrão de peso, gordura e qualidade da carne, de forma que renda, no mínimo, 80% de carcaça. Poderão ser animais de quaisquer raças de carne, mas, se alguém se interessar, poderá optar pelas higlanders, ovelha criadas por Batalha e que dão 2 ou 3 crias por parto.
O prefeito Luiz Fernando Leiva se interessou pelo projeto e já começou a se movimentar para obter recursos federais para a instalação do frigorífico e obteve sinal verde para uma verba de R$ 7 milhões. Batalha, Bruno e Felipe, no entanto, acham que é preciso, antes, fazer uma pesquisa entre os criadores de cordeiros para saber o que eles pensam, o que querem e o que desejam para aumentar o desenvolvimento da ovinocultura.
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Um comentário:
Ótima iniciativa! a ovinocultura precisa disto para reerguer os antigos criadores e chamar novos para a atividade
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