O
município de Pinheiro Machado, que já tem oito projetos de vitivinicultura e
dois de olericultura funcionando, poderá ganhar mais alguns, transformando
totalmente a economia da região, hoje dominada pela pecuária e a silvicultura.
Uma comitiva de empresários, proprietários de terras e enólogos, liderada pelo
empreendedor paulista Luiz Eduardo Batalha (um dos
maiores criadores de gado Nelore e Angus do Brasil), que já tem
investimentos em gado, cavalos, ovelhas, oliveiras e vinhos na região, passou
10 dias nos Estados Unidos, visitando propriedades e indústrias, na Flórida e
na Califórnia (Napa Valley) para conhecer como os americanos produzem vinhos,
azeitonas e azeites e, principalmente como sabem vender seus produtos
envolvendo-os em charme e sofisticação, além, é claro, da qualidade de primeiro
mundo. Acompanhei a comitiva, degustamos azeites e bebemos bons vinhos.
A
comitiva, constituída pelos enólogos e proprietários de vinhedos Rossano
Lazzaroto, Carlos Eduardo Garcia Seronni e Anderson Schmitz, mais os
empresários e proprietários rurais Marcos e Mauro Balinhas e Gilson Mesko,
visitou seis plantações e indústrias de azeitonas e azeites, entre as quais as
maiores dos Estados Unidos - Corto Olive Co., Corti Brothers, ENE Inc., Mcevoy
Ranch, entre outras - e mais de 10 vinícolas de grande porte, como a de Francis
Ford Coppola, a Charles Krug, de Peter Mondavi Jr., a Sterling, a Castello di
Amorosa e outras - que impressionaram pela produção e, especialmente, pelo
marketing para venda de azeites e vinhos. Os investimentos são fabulosos em
publicidade e nas instalações de grande porte e alto luxo para receber
turistas. Cada unidade parece um palácio.
O
Projeto Guarda Velha, de Luiz Eduardo Batalha, em Pinheiro Machado, já conta
com 200 hectares de oliveiras e colocou o primeiro azeite no mercado este ano.
Em 2015, apresentará o primeiro vinho, a partir de uma área de 78 ha, 10
ha já plantados com videiras Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon
Blanc e Riesling Grecheto. Também haverá aumento na área com oliveiras. Mas a
ideia é maior. Além de incentivar os proprietários rurais da região a entrarem
nesta nova economia, a intenção é criar um polo industrial com outros produtos
derivados do azeite e do vinho – inclusive cosméticos, alimentos e sucos de uva
– que exprimam o terroir da região, que possui um microclima único, na área de
transição entre a Serra do Sudeste e a Campanha do Rio Grande do Sul. Batalha
já aplicou R$ 3 milhões no projeto e pretende duplicar o investimento nos
próximos anos. Hoje, ele tem pouco mais de 500 hectares na região e quer
chegar, no mínimo, a 1.500 ha. Inicialmente, serão produzidas 100 mil garrafas
de vinhos diferenciados e o lagar tem capacidade de 500 mil litros/ano de
azeite, com azeitonas próprias e dos parceiros.
Como
o projeto é de grande envergadura, os empresários fizeram questão de ver as
modernas máquinas utilizadas na olericultura dos Estados Unidos, especialmente
as de poda, de colheita mecânica e de esmagamento, como na Corto Olive Company,
que planta 1.500 hectares e tem quatro linhas de esmagamento, com capacidade de
processar 7 mil quilos/hora, produzindo 3 milhões de litros de azeite/ano,
trabalhando apena 40 dias por ano, pois este é o tempo da colheita das
azeitonas. O proprietário da Corto, Dino Cortopassi, deixou os gaúchos mais
entusiasmados quando falou sobre o mercado do azeite. Os Estados Unidos
consomem 9% da produção mundial de azeite e produzem apenas 3% do que
necessitam. O consumo é de 1 litro por pessoa, enquanto no Brasil é de cerca de 0,2 litros/habitante/ano, com forte tendência de
crescimento. A Espanha, Itália, Grécia e Portugal dominam a
produção mundial de azeite, mas o volume não é suficiente para atender a
demanda mundial, abrindo espaço para o Novo Mundo, como Chile, Argentina,
Uruguai e Brasil.
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