segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

01 - Um novo mundo: azeites e vinhos – Projeto Guarda Velha



  A comitiva chegando no aeroporto de Miami: Marco e Mauro Balinhas, Luiz Eduardo Batalha, o motorista, Anderson e Lazzaroto




 O município de Pinheiro Machado, que já tem oito projetos de vitivinicultura e dois de olericultura funcionando, poderá ganhar mais alguns, transformando totalmente a economia da região, hoje dominada pela pecuária e a silvicultura. Uma comitiva de empresários, proprietários de terras e enólogos, liderada pelo empreendedor paulista Luiz Eduardo Batalha (um dos maiores criadores de gado Nelore e Angus do Brasil), que já tem investimentos em gado, cavalos, ovelhas, oliveiras e vinhos na região, passou 10 dias nos Estados Unidos, visitando propriedades e indústrias, na Flórida e na Califórnia (Napa Valley) para conhecer como os americanos produzem vinhos, azeitonas e azeites e, principalmente como sabem vender seus produtos envolvendo-os em charme e sofisticação, além, é claro, da qualidade de primeiro mundo. Acompanhei a comitiva, degustamos azeites e bebemos bons vinhos.
A comitiva, constituída pelos enólogos e proprietários de vinhedos Rossano Lazzaroto, Carlos Eduardo Garcia Seronni e Anderson Schmitz, mais os empresários e proprietários rurais Marcos e Mauro Balinhas e Gilson Mesko, visitou seis plantações e indústrias de azeitonas e azeites, entre as quais as maiores dos Estados Unidos - Corto Olive Co., Corti Brothers, ENE Inc., Mcevoy Ranch, entre outras - e mais de 10 vinícolas de grande porte, como a de Francis Ford Coppola, a Charles Krug, de Peter Mondavi Jr., a Sterling, a Castello di Amorosa e outras - que impressionaram pela produção e, especialmente, pelo marketing para venda de azeites e vinhos. Os investimentos são fabulosos em publicidade e nas instalações de grande porte e alto luxo para receber turistas. Cada unidade parece um palácio.
 O Projeto Guarda Velha, de Luiz Eduardo Batalha, em Pinheiro Machado, já conta com 200 hectares de oliveiras e colocou o primeiro azeite no mercado este ano. Em 2015, apresentará o primeiro vinho, a partir de uma área  de 78 ha, 10 ha já plantados com videiras Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Riesling Grecheto. Também haverá aumento na área com oliveiras. Mas a ideia é maior. Além de incentivar os proprietários rurais da região a entrarem nesta nova economia, a intenção é criar um polo industrial com outros produtos derivados do azeite e do vinho – inclusive cosméticos, alimentos e sucos de uva – que exprimam o terroir da região, que possui um microclima único, na área de transição entre a Serra do Sudeste e a Campanha do Rio Grande do Sul. Batalha já aplicou R$ 3 milhões no projeto e pretende duplicar o investimento nos próximos anos. Hoje, ele tem pouco mais de 500 hectares na região e quer chegar, no mínimo, a 1.500 ha. Inicialmente, serão produzidas 100 mil garrafas de vinhos diferenciados e o lagar tem capacidade de 500 mil litros/ano de azeite, com azeitonas próprias e dos parceiros.

 Como o projeto é de grande envergadura, os empresários fizeram questão de ver as modernas máquinas utilizadas na olericultura dos Estados Unidos, especialmente as de poda, de colheita mecânica e de esmagamento, como na Corto Olive Company, que planta 1.500 hectares e tem quatro linhas de esmagamento, com capacidade de processar 7 mil quilos/hora, produzindo 3 milhões de litros de azeite/ano, trabalhando apena 40 dias por ano, pois este é o tempo da colheita das azeitonas. O proprietário da Corto, Dino Cortopassi, deixou os gaúchos mais entusiasmados quando falou sobre o mercado do azeite. Os Estados Unidos consomem 9% da produção mundial de azeite e produzem apenas 3% do que necessitam. O consumo é de 1 litro por pessoa, enquanto no Brasil é de cerca de 0,2 litros/habitante/ano, com forte tendência de crescimento.  A Espanha, Itália, Grécia e Portugal dominam a produção mundial de azeite, mas o volume não é suficiente para atender a demanda mundial, abrindo espaço para o Novo Mundo, como Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

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