Com uma área de cerca de 46.000 km², o Espírito Santo
possui extensão territorial adequada para comportar rebanhos de pequeno porte.
É por esta razão que nos últimos anos a ovinocultura cresceu no estado. Hoje, o
plantel capixaba aproxima-se das 50 mil cabeças, formadas principalmente pelas
raças Santa Inês, Dorper e White Dorper. As duas últimas são de origem
sul-africana e seguem em franca expansão na pecuária brasileira.
O cruzamento industrial é uma ferramenta que tem ajudado
na melhoraria da eficiência na produção da carne de cordeiro. “O cruzamento das
raças Dorper e White Dorper com o Santa Inês tem aumentado significativamente o
rendimento de carcaça e a precocidade dos cordeiros”, explica Alcílio José
Boechat, mais conhecido por Zezinho Boechat, presidente da Associação dos
Criadores de Caprinos e Ovinos no Espírito Santo (ACCOES) e representante
estatual da Associação Brasileira dos Criadores de Dorper (ABCDorper).
O real desafio dos capixabas é o mesmo de toda a
ovinocultura nacional: organizar a cadeia produtiva e conseguir produzir em
escala industrial. O estado possui dois frigoríficos com Selo de Inspeção
Estadual (SIE) e outros dois estão em fase de construção. A procura por carne
de cordeiro é crescente, mas falta produto de qualidade - e em quantidade - no
mercado. “Uma boa demanda existe, porém, a produção ainda é tímida. Boa parte
do cordeiro consumido no ES é trazida de outros estados e até mesmo de países
vizinhos”, avalia Boechat.
Mão de obra qualificada também é um gargalo a ser
superado pelos produtores. Uma solução surgiu de uma parceria público-privada
entre ACCOES, Sebrae e a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo. O
Programa Cordeiro Capixaba busca fornecer consultoria tecnológica aos
produtores, com o objetivo de aumentar a produtividade e a qualidade de carne do
cordeiro capixaba. E considerando o consumo médio estimado de carne ovina, de
1,00 kg/hab/ano há no estado a necessidade de 3.500.000 kg de carne de ovinos.
Isso exigiria 234 mil animais. Hoje, o quilo vivo de cordeiro é comercializado
a R$ 7.
“O Espírito Santo possui bons produtores dedicados a
seleção de animais de alto potencial genético, a principal fonte dos
reprodutores comerciais que serão utilizados nos projetos de carne”, aponta o
presidente da ACCOES. Zezinho Boechat também destaca a qualidade das raças
Dorper e White Dorper no estado. “O capixaba já descobriu o grande potencial
das raças. Está clara a produtividade, a precocidade e a habilidade materna,
dentre tantas outras características, que colocam a raça em evidência
nacional”, conclui. A ACCOES possui 45 sócios e atende um rebanho de 10 mil
ovinos e caprinos.
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