A raça Dorper está se espalhando pelo País
Arquivo JN
O Parque de Exposição de Salvador (BA) será o palco da 8ª
Exposição Nacional das Raças Dorper e White Dorper, onde são esperados
criadores de todo Brasil, especialmente nordestinos. O local e o tema “Brasil
Sem Fronteiras”, escolhido pela Associação Brasileira de Criadores de Dorper
(ABCDorper), promotora da mostra, remetem ao reconhecimento internacional de
todo território nordestino como área livre de febre aftosa com vacinação,
mérito antes conquistado apenas pelos estados da Bahia e Sergipe. Criadores que
estavam reclusos poderão transitar seus animais livremente por outros estados.
O evento ocorre de 29 de novembro a 7 de dezembro.
Este é mais um capítulo especial da pecuária brasileira,
e, principalmente da ovinocultura de corte, que cresce a cada dia e tenta se
organizar para atender a crescente demanda dos consumidores ávidos pela carne
de cordeiro. “O Dorper e o White Dorper são raças de origem sul-africana
desenvolvidas exclusivamente para essa finalidade. Este novo status sanitário
do Nordeste permitirá uma circulação mais intensa dos criadores da região nas
exposições pelo Brasil e facilitará o acesso a um acervo genético considerado
formidável e ainda pouco conhecido nacionalmente”, avalia Paulo Augusto
Franzine, presidente da entidade.
Antes de alcançar essa conquista, criadores maranhenses,
piauienses, potiguares, pernambucanos, alagoas e paraibanos só podiam transitar
rebanho fora das fronteiras após quarenta, sorologia, comunicações e outros
procedimentos onerosos e burocráticos. “Sofríamos demais para representar nossa
genética nacionalmente. Poucos tinham condições de arcar com esses altos
custos. Mesmo em meio às dificuldades, eu procurava participar das grandes
exposições de Dorper e White Dorper. Às vezes até reunia animais de outros
criadores, assumindo toda a responsabilidade da locomoção”, relembra Roberto
Teixeira, da Dorper Constelação, em Caruaru (PE).
Em apenas três anos, o criador conseguiu formar um
plantel de aproximadamente 400 animais, entre doadoras, reprodutores e borregos
comerciais. Para tanto, visitou exposições e cabanhas tradicionais no Nordeste
e Sudoeste, onde estão os grandes bancos genéticos de ovinos Dorper e White
Dorper. Em comemoração ao resultado que conquistou em tão pouco tempo e aos
fatos positivos que vêm brindando o mercado atualmente, ele já reservou 42
animais de seu time de pista para a 8ª Exposição Nacional das Raças Dorper e
White Dorper.
Diferentemente do colega pernambucano, Fernando Vieira
Chaves Filho, da Dorper Boa Vontade, de Coruripe (AL), antes mirava esforços
somente nas exposições dos estados com condição sanitária equivalente. “Fazer a
quarentena é uma medida preventiva importante, mas muito complicada. Até mesmo
funcionários de órgãos oficiais tinham dificuldade para entender o protocolo,
algo que poderia culminar em erros na emissão da documentação necessária”,
relata o criador, que é mais um a comemorar o status sanitário atual do
Nordeste.
Fernando participará pela primeira vez de uma exposição
nacional com animais em concurso e está eufórico com a oportunidade de avaliar
o direcionamento que deu a essas raças, especialmente nos últimos quatro anos.
E a qualidade de seu plantel em nada deixa a desejar. Ele tem cerca de 230
animais que carregam em suas linhas a genética de raçadores importantes,
baseados na seleção dos melhores criadores sul-africanos, como Phillips
Strauss, Tien Jordan, John Dell, Michey Phillips, entre outros.
Sobre a Nacional – A 8ª Exposição Nacional das Raças
Dorper e White Dorper reunirá em torno de 1.000 inscritos no julgamento por
criadores de SP, MG, RJ, DF, AL, CE, ES, PR, AL, BA, CE, PI e RN, entre outros
estados. Cinco jurados ficarão responsáveis pelas avaliações técnicas, sendo
três brasileiros e dois sul-africanos. Neste ano, menores e maiores pontuações serão
desconsideradas, tornando o julgamento ainda mais criterioso. A organização
ganhou reforço extra da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia
(ACCOBA), que está fazendo o impossível para atender as expectativas dos
criadores.
A programação conta ainda com o Troféu Gerações, onde
serão revelados os melhores conjuntos mãe/filha Dorper e White Dorper da
exposição. O ingresso para este concurso foi a participação no Leilão Dorper
Raça Forte, realizado em julho, tanto como doador quanto como comprador. Cerca
de R$ 20 mil (25% da receita do remate) serão distribuídos entre os vencedores,
a serem revelados um dia antes do grande campeonato. “Apenas criadores
associados à ABCDorper e que estejam com as contas em dia poderão inscrever
animais na exposição”, antecipa Bárbara Garcia, secretária-executiva da
ABCDorper.
Homenagem – A exposição homenageará duas figuras
determinantes ao desenvolvimento das raças Dorper e White Dorper no Brasil:
Mario de Castro e a esposa Maria Helena Ribeiro de Castro, já falecidos. Em
1995, quando se desfez de uma empresa de autopeças, o empresário fundou a
Dorper Campo Verde, em Jarinu/SP, que rapidamente se tornou referência
nacional. A propriedade iniciou atividades em 2006, a partir da importação
maciça de embriões dos melhores criatórios sul-africanos. Mais do que
premiações e honrarias, a satisfação vinha com a democratização dessa genética.
Tanto é que cerca de 50% dos ovinos Dorper e White Dorper inscritos nas grandes
exposições por outros criadores foram adquiridos na empresa ou descendem de sua
seleção.
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