segunda-feira, 18 de agosto de 2014

01 - Uma aula sobre qualidade e mercados do azeite





                                   Paul Vossen e Luiz Eduardo Batalha preparando a degustação

                                       Paul Vossen é considerado o Nº 1 em Azeites nos USA
                       Batalha servindo seu azeite para degustação
                                        O ensopado de cordeiro preparado por dona Eronize
Empresários e produtores rurais, como Lindonor Peruzzo, de vermelho interessados em oliveiras

Está prometida para setembro a chegada ao mercado dos dois mais novos azeites de oliva produzidos a partir de oliveira plantadas no Rio Grande do Sul, com azeitonas aqui colhidas e aqui esmagadas, num processo 100% natural, sem uso de qualquer químico ou aditivo. Os dois azeites, um suave, especial para saladas e tomates, e outro, mais forte, mais picante, tiveram seus blends (misturas de variedades) formulados, sábado, dia 16, na Fazenda Guarda Velha, de Luiz Eduardo Batalha, que plantou 200 hectares de oliveiras, em outubro de 2010, e fez a primeira colheita, em março deste ano, antes mesmo das árvores completarem 4 anos, um diferencial que favorece o Rio Grande do Sul como área ideal para seu cultivo.
A seleção dos azeites foi feita pelo especialista norte-americano Paul Vossen, da Universidade da Califórnia, considerado o nº 1 em azeites daquele país, jurado internacional de vários concursos, que não só provou todos os azeites para decidir pela melhor mistura, como deu verdadeiras aula sobre azeites ao Batalha, à sua esposa Eronize e aos principais funcionários da Fazenda responsável pelo setor de oliveiras, azeitonas e azeites. Os detalhes são segredo, mas deu para ver que foram usadas, pelo menos três das 12 variedades plantadas na Guarda Velha; arbequina,, picual e colatina.
Batalha pediu que fosse definido um azeite suave, para saladas, e um mais forte e picante. Depois, na degustação da qual participamos, deu bem para sentir o 1ºcom nota 3 como picância e amargor, delicado, com sabor de almendras, frutos secos, bem herbáceo. Arrisco a dizer que levou 90% de arbequina e 10% de picual. Vossen confirmou. O 2º, mostrou-se menos aromático, com picância mais elevada (7), amargos (3) e sabor de canela e menta. Foi elaborado com azeitonas manzanilla, Colatina e arbequina.
Depois dos blends, feitos na sala das máquinas de moagem das azeitonas – moderno equipamento Pieralise importado da Itália e inaugurado em março de 2014, quando também estive lá – já os experimentamos no almoço, que só saiu lá pelas 14h, pois me atrasei na estrada e o pessoal, muito gentilmente, ficou esperando que eu chegasse. Fiquei honrado com a deferência. Logo depois, chegaram o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Cláudio Fioereze, em companhia do ex-secretário Luiz Fernando Mainardi e sua esposa Márcia, que foram visitar as instalações, provaram os azeites e charam-nos superioires. Vossen e Batalha ficaram satisfeitos com a aprovação.
Mas a grande prova veio na noite de sábado, quando Batalha e Eronize prepararam um jantar para um grupo de cerca de 20 pessoas, entre fazendeiros, produtores de vinhos e empresários da região, interessados em ouvir Paul Vossen e, quem sabe, investir também em oliveiras, pois a região de Pinheiro Machado, Candiota e Bagé ainda é muito dependente do setor primário de produção de bovinos e ovinos, florestas e, futuramente, carvão, mas esta é uma riqueza de depende de grandes investimentos em minas e usinas produtoras de energia elétrica. Alguns, inclusive, já chegaram decididos a investir em oliveiras, azeitonas e azeites e ficaram muito entusiasmados depois de ouvirem Luiz Eduardo Batalha e Paul Vossen falarem nas perspectivas do mercado, onde o consumo mundial cresce vertiginosamente e os atuais grandes produtores – Itália,  Espanha, Portugal e Grécia – não tem condições de atender a demanda 1ue vem por aí. Nos Estados Unidos, onde também se começou a produzir azeite, informou Vossen, a produção nacional não atende 3% da demanda. No Brasil, que está se transformando num dos maiores consumidores de azeite do mundo, a oferta não chega a 1% do consumo.

A intenção de Batalha é incentivar o ingresso de novos empreendedores, não só porque acha um grande negócio e quer ajudar a diversificar a economia regional, mas, também, porque a indústria de esmagamento que construiu tem capacidade de processar suas atuais safras – tem 200 hectares de olivais já produzindo e está plantando outros 130h – e as que virão. Então, está disposto a prestar serviço para outros plantadores.

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