Valentina servindo a sopa na grande lareira
Nelson Martins, enólogo da Quinta Glória Reynolds
Em Arrouches, está a Herdade Monte da Figueira da Cima,
que produz os vinhos Glória Reynolds. A herdade tem mais de 200 hectares – 40ha
de vinhas – e produz, além das uvas, ovinos, suínos e azeite de altíssima
qualidade, conforme a prova que o enólogo Nelson Martins ofereceu durante o
almoço, outra bela refeição com petiscos alentejanos e bom borrego. Os campos
também estão cobertos de sobreiros e azinheiras, de cujas bolotas se alimentam
os porcos pretos. As principais castas cultivadas são Aliicante Bouschet,
Aragonez, Trincadeira e Antão Vaz, plantadas em 2000/2002, na base de 4 mil
plantas por hectare, que produzem em torno de 4 mil quilos/há de uvas. Os
plantios recentes são obra de José Reynolds, desde 1998, mas o fundador, Thomas
J. Reynolds (1876-1867), trabalhou com vinhos desde o século XIX. Hoje, quem
está no comando é a sétima geração. Glória Reynolds, que comandou a herdade até
sua morte, faleceu, aos 98 anos, em 2001. De acordo com Martins, a família foi
a introdutora da Alicante Bouschet no Alentejo, casta base de seus melhores
vinhos.
A vindima é feita à noite, mecanizada, e as uvas chegam
limpas e vão inteiras para as grandes barricas de carvalho francês, fabricadas especialmente para esta adega pela tanoaria francesa Seguin Moreau, onde recebem um choque
térmico, e a vinificação se faz como os grandes Chateaux. As uvas não são pisadas nem esmagadas. Cada vinho fica, no mínimo, três anos
na adega, segundo enólogo..
A degustação foi feita sobre uma bonita mesa de pedra ardósia preta e começou com Carlos Reynolds 2012 Branco, elaborado com Antão Vaz e
Arinto de vinhas velhas, que resultaram num vinho alegre, fresco, fácil de
beber. Vendido por E 4,00. O segundo foi o Julian Reynolds 2012, 100% Arinto,
um vinho citrino e tropical, muito aromático, bastante estruturado, feito com
uvas procedentes da famosa Serra de São Mamede, ao pé de Marvão, na fronteira
com a Espanha. É o Arinto de Alcobaça, o Arinto Galego, ideal para acompanhar
pratos com mariscos e outros frutos do mar.
Seguiu-se o Glória Reynolds 2012, 100% Antão Vaz,
fermentadas em carvalho francês com tampo de acácia, durante um ano, o que lhe
deu forte estrutura, com boa mineralidade do solo, gastronômico, agüenta
perfeitamente uma carne vermelha. Já é mais caro: E 12,00. Depois, o Carlos
Reynolds Tinto 2010, com Trincadeira, Alicante Bouschet e Syrah, Com corpo,
acidez e taninos médios, é bastante aromático, passou oito meses em madeira e
12 na garrafa antes de ir ao mercado. Um vinho alegre, fácil, bastante jovem,
com a cara do Reynolds que lhe dá o nome, um homem de 28 anos, atual comandante da herdade... Tem 12,5º de
álcool. Julia Reynolds dizia a seus enólogos que deveriam “tirar o álcool no
vinhedo”.
O quinto vinho foi o Julian Reynolds Grande Reserva 2008,
com Alicante Bouschet, Trincadeira, Touriga Nacional, que passou um ano em
barrica e um ano em garrafa. Seus taninos ainda estão bem acesos e ele precisa
de mais tempo. O sexto, foi o Glória Reynolds 2005, um ano muito bom para as
vinhas do Alentejo, especialmente para as castas que o compõe, Alicante
Bouschet e Trincadeira. É um vinho, com o nome da matriarca, só produzido em
anos de safras muito boas. Apesar do tempo, está jovem, jovem, com boa
intensidade, elegante na boca, onde deixa um sinal bastante alongado, muito
concentrado, muito intenso. É um vinho para E 35,00 e que vai chegar ao Brasil
na casa dos R$ 300,00.
Degustados os vinhos, fomos almoçar e tivemos a honra de
ter à mesa o Julian Reynolds, um dos proprietários, nome de um dos vinhos que
mais me agradaram. Estava frio, mas a sala era aquecida por uma
grande lareira, onde a chefe de cozinha Valentina aquecia os alimentos. Como bons
alentejanos que já éramos, começamos com os petiscos locais, paio, queijo de
ovelha, morcilha preta, cacholeira e um extraordinário azeite feito na
propriedade, o Figueira de Cima, bebendo o Grande Reserva Julian Reynolds 2006. Depois, tomamos uma
bela sopa e partimos para o prato de cordeiro merino preto com batatas. A
herdade também produz porco preto e bois da raça Alentejana. O final foi com um
licoroso100% Alicante Bouschet Robert Reynolds 2005, que passou dois anos em
barricas velhas de carvalho francês. Tudo isso em cima de uma mesa maravilhosa,
de pedra de ardósia, inteiriça, com 6,5 metros de comprimento e 1,30m de largura, e mais de 10cm de espessura,uma peça única,
trazida de Vilar Del Rio.
Quinta Glória Reynolds – e_mail: wine@gloriareynolds.com
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