Pedro Hipólito, enólogo da Adega Cooperativa de Redondo
A Adega Cooperativa de Redondo, na Estrada de Évora,
vende 15 milhões de garrafas de vinhos por ano, sendo responsável pela
popularização do vinho alentejano. O enólogo Pedro Hipólito, que trabalha na
casa desde 2001 e já foi responsável por 14 vindimas, informou que a
cooperativa, fundada em 1956, tem, hoje, cerca de 200 associados, responsáveis
pela produção de 13 a 14 milhões de quilos de uvas em cerca de 2.100 hectares,
com produção média de 6t/há.. Em 2001, eram 1.600 hectares. Em 2008, houve uma
retração no setor, mas, agora, a produção está sendo retomada. “Há uma luz no
fim do túnel – garantiu Hipólito -, as vendas estão crescendo, nos tornamos
mais eficientes, abrimos novos mercados, as exportações cresceram. Antes, o
pessoal vinha aqui comprar vinho. Agora, nós é que procuramos vender. Dá mais
trabalho, mas compensa.” O objetivo da cooperativa é colocar no mercado a
melhor relação qualidade-preço, vendendo vinhos acessíveis.
Os sócios, segundo Hipólito, ganharam visão empresarial e
buscam eficiência, depois que o crédito fácil acabou, em 2012. Produzem cerca
de 80% de uvas tintas e 20% de brancas. A maior percentagem, 30%, é de
Trincadeira, seguida da Aragonez, Castelão, Fernão Pires, Alicante Bouschet,
Touriga Nacional, a bandeira da cooperativa, Syrah, Alfrocheiro, Roupeiro,
Fernão Pires e Arinto. Hoje, a cooperativa tem cerca de 26 milhões de litros de
vinho armazenados, principalmente nos grandes “balões”, construções de cimento,
redondas, usadas só em Portugal. Cada balão tem capacidade para 300 mil litros.
Estava junto o Joaquim do Carmo, diretor comercial da
cooperativa, que ajudou a montar a mesa para a degustação. Começamos com Porta
da Ravessa Branco DOC 2012, elaborado
com Fernão Pires, Roupeiro e Arinto, um vinho que vende 9 milhões de garrafas,
aromático, boa boca, floral e cítrico, aroma intenso e frutado, sabor leve e
fresco.Seguiu-se o Porta da Ravessa Tinto DOC 2012 com Trincadeira, Aragonez,
Alicante Bouschet e Castelão, cor rubi acentuada, aroma a frutos vermelhos, que
Hipólito garantiu que da primeira até a última das 5 milhões de garrafas
produzidas é igual. Tem sabor redondo e aveludado e pode ser guardado até três
anos. Não tem madeira, é um alentejano típico, harmônico, com bom volume de
boca.
O terceiro vinho foi o Latitude DOC 2013, um tinto
elaborado com Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet, com madeira, mas
macio, cor rubi acentuada, ideal para uma boa carne condimentada. O quarto foi
o Reserva AcR Tinto DOC 2010, uma novidade dos enólogos da cooperativa, com 12
meses em barricas novas de carvalho francês e americano e um ano de garrafa na
cave. Também de Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet, com cor intensa,
aroma de frutos vermelhos, notas de chocolate preto e folha de tabaco, complexo
e persistente. Foram elaboradas 100 mil garrafas com os melhores lotes do vinhedo,
cada casta ficando, inicialmente, em barricas diferentes. Aos 8 meses, são
misturadas e voltam às barricas. Mais do que os taninos, sente-se o vinho na
boca, muito agradável.
A degustação continuou no restaurante Celeiro do Pinto
(av. de Gien, Lote 8, 7170), em Redondo, também com pratos típico alentejanos:
pastéis de mogango, queijo curado de ovelha, chouriço de porco preto, azeitonas
deliciosas, pão alentejano, secretos e
presinhas de porco preto, bifinhos de cação e tomates ao natural saborosíssimos.
Bebemos Real Lavrador Branco VRA, de cor amarela citrina, com aroma intenso e
frutado, sabor fresco e quilibrado, elaborado com as uvas Roupeiro e
Rabo-de-Ovelha, que acompanhou muito bem os bifinhos de cação. O nome do vinho é
uma homenagem ao Rei D.Diniz, também chamado O Lavrador, amante da natureza,
das caçadas na Serra d´Óssa e de grandes banquetes com música, trovadores e
vinhos. Foi patrono da Vila de Redondo, que fortificou em 1319. Com 12,3º de
álcool, é um vinho de perfil ácido, mas muito bom.
O tinto do almoço foi o Adega de Redondo Triplo 2009, com
Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon, unindo duas castas francesas à
uma alentejana. Passou 15 meses por barricas novas de carvalho francês e
sente-se a madeira, mas em exagero. As uvas vieram de vinhas que produzem 4/5
toneladas por hectare.
Adega Cooperativa de Redondo - geral@acr.com.pt
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