domingo, 8 de julho de 2012

6º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil conferiu 148 medalhas para 12 países

A maior de todas as edições do Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, concluída, sexta-feira, dia 6, em Bento Gonçalves, reuniu 503 amostras de 17 países que foram avaliadas por um júri formado por 45 degustadores de 11 nacionalidades. Nenhum vinho brasileiro conquistou Grande Ouro, destaque só obtido pelos Estados Unidos, com Wente Riva Ranch Chardonnay 2008 (eu acho que é 2010), da Wente Vineyards, e Tokaj 5 Putnovy 2004, da J e J Ostrozovic, da República Eslováquia.
Eu estava no jantar de premiação, em companhia da jornalista Andréia Debon, e foi uma festa muito boa, onde encontrei velhos amigos, como Darci Miolo, Antonio Dal Pizzol, João Valduga, Jones Valduga, Raul Randon, Antonio Czarnobai, Carlos Zanuz, Carlos Abarzua,João Carlos Taffarel, Edegar Scotegagna, Luciano Vian, Alejandro Cardozo, Oscar Daut, Lucindo Copat, Irineo Dall Agnol e vários enólogos, membros da Associação Brasileira de Enologia, promotora do evento. Também revi Sérgio Hormazabal, presidente da Associação dos Enólogos do Chile, e Cláudia Inés Quini, do Instituto Nacional de Vitivinicultura da Argentina, hoje presidente da Organização Internacional do Vinho, a primeira mulher e a primeira latino-americana a assumir este cargo maior da vitivinicultura mundial.
O enólogo Antonio Czarnobai, que trabalhou quase 50 anos na Aurora e há cerca de dois anos entrou de sócio na Bodega Copetti & Czarnobai, de Encruzilha do Sul, quase chorou de emoção ao ver citado o nome de seu Alto das Figeuiras Merlot 2009 como ganhador de uma Medalha de Prata. “Foi a minha primeira medalha”, disse-me,ainda emocionado. Outras vinícolas com cujos proprietários tenho alguma intimidade, nestes meus 40 anos de escrever sobre vinhos, que ganharam medalhas foram Boscato, Casa Valduga, Aurora, Garibaldi, Nova Aliança, Dal Pizzol, Domno, Guatambu, Pizzatto, Quinta da Neve, Almadén, Campos de Cima, Dom Cândido, Galvão Bueno, Geisse, Laurentia, Miolo, Pedrucci, Perini e Salton. Estranhei a ausência da Vinícola Almaúnica entreos premiados. Será que a Magda e o Márcio Brandelli não inscreveram seus bons vinhos?
O 6º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil comprovou que a qualidade dos vinhos e espumantes degustados está muito bem distribuída entre 12 diferentes regiões produtoras entre os 17 países que enviaram amostras, beneficiando apreciadores de vinho do mundo inteiro. Os Estados Unidos e a República Eslováquia foram os únicos países a conquistar uma Medalha Grande Ouro, prêmio conferido a quem atinge 93 ou mais pontos. O concurso premiou, ainda, 61 produtos com Medalha de Ouro e 85 com Medalha de Prata, totalizando 148 premiações, ou seja, 30% das 503 amostras inscritas. Um júri formado por 45 experts de 11 países teve a importante tarefa de avaliar as amostras.
O presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE) e do concurso, enólogo Christian Bernardi, destacou a qualidade média das amostras. “A mediana nos mostrou que no geral os vinhos e espumantes avaliados apresentaram muito boa pontuação, comprovando a qualidade dos produtos”, comentou. Segundo ele, a subjetividade do concurso também demonstra que mesmo aqueles vinhos que não conquistaram medalha também apresentaram alta qualidade. “Nosso concurso segue normas internacionais o que o torna mais criterioso e, por isso, pode premiar apenas 30% do total das amostras inscritas”, explicou. O presidente também ressaltou a importância do evento para a troca de experiências. “A convivência que tivemos nessa semana foi muito importante”, concluiu.
O jantar de premiação se constituiu em uma verdadeira festa de integração, onde profissionais de vinícolas brasileiras e representantes de outros países celebraram o vinho independente de sua bandeira. Tanto as degustações quanto o evento de premiação foram realizados no Dall’Onder Grande Hotel. Participaram do concurso amostras da África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bolívia, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Itália, México, Portugal, República Eslováquia e Uruguai.
A estreia da engenheira química e enóloga argentina, Claudia Quini, como presidente da Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV) no evento ampliou ainda mais o prestígio do concurso que figura entre os mais representativos do mundo. Com um crescimento que vem sendo superado a cada edição, os organizadores também comemoram a chancela da OIV e da União Internacional de Enólogos (UIOE), credenciais que enaltecem o concurso que segue normas internacionais.
Maria Alejandra Lozano, delegada da União Internacional de Enólogos


O presidente da ABE, Christian Bernardi com a presidente da OIV, Claudia Quini, e a delegada da União Internacional de Enólogos, Maria Alejandra Lozano
Fotos: Carmem Abarzúa

Para a presidente da OIV, o 6º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil demonstrou o profissionalismo e a seriedade com que o país vem trabalhando na vitivinicultura. “Tenho acompanhado a evolução dos vinhos do Brasil, hoje reconhecidos no mundo inteiro. Sinto-me muito feliz em poder iniciar minha trajetória como presidente da OIV aqui”, disse. Voltei de Bento Gonçalves, no sábado de manhã, no mesmo carro em que veio Cláudia Quini e ouvi dela boas referências para o concurso e para o avanço da qualidade dos vinhos brasileiros. "Foi impecável", disse-me.
Mais de 200 apreciadores de vinho e representantes da mídia participaram do jantar que foi abrilhantado com a apresentação do grupo Rastros do Tempo, enaltecendo a cultura gaúcha. Agora a ABE se prepara para mais um de seus grandes eventos: a Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2012, quando a representatividade da safra será apresentada ao grande público no dia 29 de setembro no Parque de Eventos de Bento Gonçalves.


Darci Miolo e Raul Randon no jantar da ABE




                                      
Jones Valduga, Sérgio Hormazabal e Christian Bernardi


                       Antonio Czarnobai emocionou-se com o primeiro prêmio de sua jovem vinícola
Fotos DU/JN


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