quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vinhos coloniais continuam no topo do gosto popular


                                        Este branco seco, por exemplo, não é doce
                                        D/JN

Mesmo com a grande variedade de vinhos finos e a grande propaganda que se faz deles, a bebida adocicada ainda é a preferida por grande parte dos consumidores brasileiros. Isso é não saber beber vinho? Quem se candidata a atirar a primeira pedra?
Os vinhos finos conquistam a cada dia um maior número de degustadores, ávidos por informações das mais variadas bebidas existentes no mercado. Mas os vinhos de mesa, também chamados de coloniais (ou comuns), ainda estão no topo em termos de venda, produção e preferência do público brasileiro. Aproximadamente 55% das uvas cultivadas no Brasil são destinadas para a fabricação deste tipo de bebida. O restante, 45%, divide-se entre finos e sucos. O vinho de mesa equivale a 70% da produção total dos vinhos no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O grande enólogo francês Rolland disse-me, creio que em sua primeira vinda ao Brasil, há alguns anos, e eu publiquei, que o vinho brasileiro só conquistaria status internacional quando os brasileiros acabassem com o vinho comum. Coitado, não sabia onde estava se metendo. O Rio Grande inteiro, o Brasil inteiro, veio para cima dele e só faltou linchá-lo, pois a grande maioria dos vitivinicultores brasileiros sobrevive nas uvas não viníferas e do vinho comum. Em outras vindas ao Brasil, sempre repeti-lhe a pergunta e ele, devo admitir, não mudou de opinião, mas falou bem mais baixinho...
A grande diferença na produção dos vinhos coloniais e dos finos é a fruta utilizada. Os de mesa são feitos com uva Labrusca, ou Americana. No caso dos brancos, é usada a uva Niágara, já os tintos são feitos com a Bordô. Elas se transformam em vinhos frescos, sem taninos. Normalmente o vinho colonial demora em torno de oito meses para ficar pronto, desde a colheita até a venda. A jovialidade do vinho deve ser respeitada pois, quanto mais jovem, mais aromático. A uva do vinho fino é chamada Vitis Vinífera (ou Europeia), em que o tanino é um dos elementos principais e, neste caso, precisa de tempo para amadurecer. “Este é o vinho bom”, dizia meu pai, “tem gosto de uva”, e colocava a garrafa no congelador para ficar bem gelado.
O Paraná possui tradição na produção de vinhos de mesa.  O Rio Grande do Sul também. A Vinícola Franco Italiano, de Colombo (PR), herdou a fabricação dos vinhos coloniais dos antepassados. “Meus bisavós fabricavam os vinhos e comercializavam em forma de permuta. Trocavam um garrafão por uma galinha, por exemplo. Meus avós mantiveram o comércio de forma mais comercial e, hoje, continuamos lapidando o produto”, explica o produtor da vinícola, Fernando Camargo.
Mesmo sendo um vinho mais barato, as garrafas custam R$ 8,00 e os garrafões R$ 30,00, a elaboração da bebida colonial na Vinícola Franco Italiano passa pela mesma tecnologia dos vinhos finos. Existe rigoroso controle de qualidade nos vinhedos e nos tanques de elaboração.
O perfil do consumidor do vinho de mesa é bastante variado e não depende de classe social. “Normalmente são pessoas que já degustaram este vinho com os próprios pais no passado. Ou então descendentes de imigrantes que os avós ou tios faziam para consumo próprio (o que era muito comum há duas décadas). Além dos consumidores que têm preferência por vinhos adocicados”, explica Camargo.
É verdade que muitas pessoas “torcem o nariz” para os vinhos coloniais, principalmente nos últimos anos, quando a cultura do vinho passou a ser mais conhecida e divulgada. Mas mesmo os entendedores da cultura vinífera sabem a hora de degustar um bom vinho de mesa. “Todo vinho tem sua ocasião para ser consumido. Um exemplo são as pessoas que buscam tomar a bebida para uma boa qualidade de vida e encontram no vinho colonial uma saída perfeita, já que é uma bebida jovem e conserva todas as substâncias que fazem bem ao coração”, diz o produtor da Vinícola Franco Italiano.

A Vinícola Franco Italiano produz vinhos de mesa branco seco, branco suave, rosé suave, tinto seco e tinto suave. As garrafas são vendidas exclusivamente na sede da vinícola, em Colombo. Na zona vitivinicola gaúcha também se encontram muita vinícolas que produzem e vendem vinho comum. O endereço da Franco Italiano é Rua Rodolfo Camargo, 26. Colombo-PR
Telefone: 41 3621-1211 - www.francoitaliano.com.br /
www.facebook.com/vinicola.francoitaliano

Um comentário:

Aldo disse...

Acho que a disseminação da cultura do vinho colonial só fará bem para o aumento do consumo de vinho. Minha família tomava "vinho dos Capuchinhos" ( em Ijuí eles produziam vinho....)e isso ajudou a desenvolver meu gosto pela bebida. Mas é difícil achar um vinho colonial de qualidade por aqui (Brasília).