quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Alentejo 07 – Adega Cooperativa de Redondo

                                         Os balões com 300 mil litros de vinho
                          Pedro Hipólito, enólogo da Adega Cooperativa de Redondo

A Adega Cooperativa de Redondo, na Estrada de Évora, vende 15 milhões de garrafas de vinhos por ano, sendo responsável pela popularização do vinho alentejano. O enólogo Pedro Hipólito, que trabalha na casa desde 2001 e já foi responsável por 14 vindimas, informou que a cooperativa, fundada em 1956, tem, hoje, cerca de 200 associados, responsáveis pela produção de 13 a 14 milhões de quilos de uvas em cerca de 2.100 hectares, com produção média de 6t/há.. Em 2001, eram 1.600 hectares. Em 2008, houve uma retração no setor, mas, agora, a produção está sendo retomada. “Há uma luz no fim do túnel – garantiu Hipólito -, as vendas estão crescendo, nos tornamos mais eficientes, abrimos novos mercados, as exportações cresceram. Antes, o pessoal vinha aqui comprar vinho. Agora, nós é que procuramos vender. Dá mais trabalho, mas compensa.” O objetivo da cooperativa é colocar no mercado a melhor relação qualidade-preço, vendendo vinhos acessíveis.
Os sócios, segundo Hipólito, ganharam visão empresarial e buscam eficiência, depois que o crédito fácil acabou, em 2012. Produzem cerca de 80% de uvas tintas e 20% de brancas. A maior percentagem, 30%, é de Trincadeira, seguida da Aragonez, Castelão, Fernão Pires, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, a bandeira da cooperativa, Syrah, Alfrocheiro, Roupeiro, Fernão Pires e Arinto. Hoje, a cooperativa tem cerca de 26 milhões de litros de vinho armazenados, principalmente nos grandes “balões”, construções de cimento, redondas, usadas só em Portugal. Cada balão tem capacidade para 300 mil litros.
Estava junto o Joaquim do Carmo, diretor comercial da cooperativa, que ajudou a montar a mesa para a degustação. Começamos com Porta da Ravessa Branco  DOC 2012, elaborado com Fernão Pires, Roupeiro e Arinto, um vinho que vende 9 milhões de garrafas, aromático, boa boca, floral e cítrico, aroma intenso e frutado, sabor leve e fresco.Seguiu-se o Porta da Ravessa Tinto DOC 2012 com Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Castelão, cor rubi acentuada, aroma a frutos vermelhos, que Hipólito garantiu que da primeira até a última das 5 milhões de garrafas produzidas é igual. Tem sabor redondo e aveludado e pode ser guardado até três anos. Não tem madeira, é um alentejano típico, harmônico, com bom volume de boca.
O terceiro vinho foi o Latitude DOC 2013, um tinto elaborado com Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet, com madeira, mas macio, cor rubi acentuada, ideal para uma boa carne condimentada. O quarto foi o Reserva AcR Tinto DOC 2010, uma novidade dos enólogos da cooperativa, com 12 meses em barricas novas de carvalho francês e americano e um ano de garrafa na cave. Também de Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet, com cor intensa, aroma de frutos vermelhos, notas de chocolate preto e folha de tabaco, complexo e persistente. Foram elaboradas 100 mil garrafas com os melhores lotes do vinhedo, cada casta ficando, inicialmente, em barricas diferentes. Aos 8 meses, são misturadas e voltam às barricas. Mais do que os taninos, sente-se o vinho na boca, muito agradável.
A degustação continuou no restaurante Celeiro do Pinto (av. de Gien, Lote 8, 7170), em Redondo, também com pratos típico alentejanos: pastéis de mogango, queijo curado de ovelha, chouriço de porco preto, azeitonas deliciosas, pão alentejano, secretos  e presinhas de porco preto, bifinhos de cação e tomates ao natural saborosíssimos. Bebemos Real Lavrador Branco VRA, de cor amarela citrina, com aroma intenso e frutado, sabor fresco e quilibrado, elaborado com as uvas Roupeiro e Rabo-de-Ovelha, que acompanhou muito bem os bifinhos de cação. O nome do vinho é uma homenagem ao Rei D.Diniz, também chamado O Lavrador, amante da natureza, das caçadas na Serra d´Óssa e de grandes banquetes com música, trovadores e vinhos. Foi patrono da Vila de Redondo, que fortificou em 1319. Com 12,3º de álcool, é um vinho de perfil ácido, mas muito bom.
O tinto do almoço foi o Adega de Redondo Triplo 2009, com Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon, unindo duas castas francesas à uma alentejana. Passou 15 meses por barricas novas de carvalho francês e sente-se a madeira, mas em exagero. As uvas vieram de vinhas que produzem 4/5 toneladas por hectare.
Adega Cooperativa de Redondo -  geral@acr.com.pt

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