Dia 15, haverá festa no Castelo Peterlongo
Arquivo JN
A vinícola Peterlongo, de Garibaldi, vai comemorar seu
centenário, dia 15, com um coquetel no Castelo Peterlongo, naquela cidade.
Comemorará, também, a retomada do seu processo de crescimento. Vamos recuperar
um pouco desta história de 100 anos.
As terras altas da Serra Gaúcha eram ambiente rústico, de
poucas estradas e muitos desafios aos imigrantes europeus que ocupavam a região
há pouco mais de três décadas quando Manoel Peterlongo elaborou seu primeiro champagne, utilizando-se do método champenoise, em1913. Dois anos mais
tarde, na cidade de Garibaldi, aquele homem simples criava a marca Peterlongo
para estampar os rótulos da bebida pela qual se apaixonara ainda na Itália,
onde seu avô já a elaborava. Tinha início uma trajetória centenária de amor,
ousadia e um talento sem precedentes que levou a Peterlongo aos quatro cantos
do país e a alguns dos principais centros mundiais. Uma história que começa a
ser recontada em 2015 com o resgate de valores do passado e olhos muito bem
focados no futuro.
“Quando olhamos para a Peterlongo precisamos entender que
a empresa foiidealizada a partir da elaboração de champagnes. Isso é um aspecto central, é parte da constituição da
marca Peterlongo, da memória produtiva do vinho brasileiro. A história da
família Peterlongo é a personificação desse sonho de artífices, dessa jornada
secular de magia e encantamento que permeiam a elaboração da bebida. Uma
história que juntou o aprendizado do método de produção tradicional, a
contemporaneidade de pensamento de homens com uma visão de negócio e de
sociedade muito avançada desde que chegaram à Serra Gaúcha, no final do século
XIX. E nós precisamos ter isso muito presente agora, pois a Peterlongo é um
patrimônio social, cultural e produtivo que projeta um futuro brilhante”,
afirma Luiz Carlos Sella, que há 13 anos é um dos sócios que adquiriu o
Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo S/A e sanou suas dívidas com
credores e retomou o rumo do crescimento.
É com o mesmo espírito que moveu seus fundadores que a
atual gestão da empresa pretende crescer. Produzindo mais de 4,2 milhões de
litros de bebidas por ano, a Peterlongo volta olhares para a elaboração de champagnes e vinhos finos. Na década de
1960 a empresa, que ainda era controlada pela família, passou a produzir
filtrados doces e bebidas de baixo valor agregado, utilizando a mesma marca que
imortalizara o glamour brasileiro anos antes. O objetivo agora é ampliar o foco
nos produtos finos. “A Espuma de Prata – filtrado doce que se popularizou no
Brasil – representa hoje metade de nossa produção total. É um produto muito
importante para a empresa, entretanto, estamos ampliando a produção de
espumantes pelo método tradicional(champenoise)
e de vinhos finos, e inserindo produtos inovadores no mercado brasileiro, pois
eles são a personificação do espírito produtivo da Peterlongo há um século”,
explica Sella.
Tendo como foco a qualidade e a excelência dos produtos, a
empresa ampliou a linha de espumantes pelo método tradicional. Além da
Elegance, linha top da marca, agorao extra brut e o brut da linha Presence
passam a ser elaborados pelo mesmo método trazido da Itália por Manoel
Peterlongo. Reformulações de roupagem dos produtos também fazem parte da
estratégia de ampliação na demanda e produção doschampagnes da Peterlongo. Os espumantes elaborados pelo método charmat
também receberam reforço recentemente, com modernização de garrafas e rotulagem.
Os vinhos também ganharam atenção, com a ampliação de oferta da Linha Armando
Memória, composta por varietais com passagem por barricas de carvalho e da
linha de vinhos jovens finos – Terras -, comercializada em quatro varietais e
um assemblage, todos com tampas de
rosca e comembalagem bag-in-box para versão cabernetsauvignon. O mesmo ocorre
com os dois frisantes, produzidos por fermentação natural e que garantem leveza
e acidez aos produtos, sucessos de venda em gôndolas de todo o país.
Com produção de altíssima qualidade, envasamento
realizado, simultaneamente, à safra e processamento da uva, os sucos de uva
integral carregam consigo o diferencial de não receberem conservantes. Em maio de
2015, a vinícola ainda apresenta sua linha de sucos premium Casa Peterlongo,
elaborados com uvas bordô e detentores dos mais elevados níveis de benefícios à
saúde. Paralelamente, a reorganização da empresa na última década, a Peterlongo
ainda levou ao mercado sua linha Must, um suco de uva integral gaseificado e
comercializado em garrafas de espumante.
Atualmente, a propriedade em Garibaldi possui mais de 50 mil
m². Em Encruzilhada do Sul a vinícola possui cerca de 220 mil m²de área
cultivada de onde são retiradas todas as uvas destinadas à produção de vinhos finos.
A Peterlongo e o champagne
no Brasil
O imigrante italiano Manoel Peterlongo chegou ao Brasil
em 1899. Neto de um produtor de espumantes, ele começou a produzir a bebida em
1913, seguindo a metodologia difundida por Don Perignon, com o método champenoise. Em 1915 é fundado
oficialmente o Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo S/A, nome em
homenagem ao único filho homem da família.
O castelo da família Peterlongo, construído em 1930 segue
os padrões da região de Champagne (França) e suas instalações incluem varejo e
cave subterrânea em pedras basálticas.Na época de sua construção, as caves da
vinícola foram projetadas com o objetivo de remontar o ambiente ideal para a preservação
de champagnes, possuindo um túnel que
capta o vento minuano típico do Rio Grande do Sul e mantém a temperatura
estável em seu interior.
A Peterlongo foi a primeira vinícola brasileira a
empregar mão de obra feminina e, na década de 1930, com a instauração das leis
trabalhistas, Armando Peterlongo, que herdou a empresa do pai, foi o primeiro
empresário da região a pagar o salário mínimo aos seus operários.
A empresa ampliou as vendas no Brasil e chegou ao mercado
internacional, levando seus produtos, em 1942, à conceituada rede
americanaMacy’s, em Nova Iorque. A marca
Peterlongo tornou-se obrigatória em solenidades oficiais, batismos de navios e
aviões. A bebida estava sempre presente em banquetes oferecidos pelo governo
Getúlio Vargas e foi elogiada até pela rainha da Inglaterra, Elizabeth, ao
visitar o Brasil.
Na primeira metade do século XX, vinícolas francesas
chegaram a questionar a utilização do termo champagne em rótulos de
brasileiros. Em 1974, o Supremo Tribunal de Justiça do Brasil, no entanto,
julgou improcedente o questionamento e a Peterlongo ganhou o direito da
denominação, que fora absorvida desde o início da elaboração da bebida por
Manoel Peterlongo. Além do histórico de elaboração de champagnes pelo método tradicional, o STF levou em conta para a decisão
o fato de a vinícola ter sido a primeira a plantar uvas viníferas brancas no
Brasil, além de importar leveduras de alta qualidade da
França. “Nós optamos por manter o termo em uso. E o fizemos porque ele é parte
fundamental da composição da marca Peterlongo. No Brasil e no mundo, nosso champagne é um espumante do Brasil,elaborado
pelo método tradicionalda melhor qualidade. Porém, ser Peterlongo é ser champagne. Isso faz parte da memória
cultural e produtiva da vitivinicultura brasileira”, finaliza Sella.
Até dia 25 de outubro, a Peterlongo estará participando
da Fenachamp, também em Garibaldi. A festa do espumante brasileiro não poderia
ter outro sabor para a Vinícola Peterlongo senão o da comemoração. Responsável
por elaborar o primeiro champagne brasileiro, a empresa
receberá o público com um estande alusivo aos 100 anos da marca. Novos rótulos,
taças personalizadas, reprodução do túnel que liga o jardim a cave são atrações
preparadas para surpreender os visitantes, que além de viver experiências no
estande da festa também serão convidados a fazer uma viagem pelo tempo para
conhecer o Castelo Peterlongo. A Fenachamp acontece em Garibaldi (RS), na
Capital Brasileira do Espumante nas sextas, sábados e domingos no período de 1º
a 25 de outubro, além do feriado do dia 12.
A participação na festa também integra as festividades
programadas para celebrar o centenário da vinícola. O estande conduzirá o
visitante a passar pela reprodução do túnel do Castelo Peterlongo, um dos
símbolos de Garibaldi que marca época e estilo. Desenvolvido com o objetivo de
levar um pouco da vinícola para dentro do estande, o túnel terá iluminação e
temperatura próximos aos existentes na vinícola, além de um pupitre, estante de
madeira onde são elaborados espumantes em garrafa.
A marca dos 100 anos da Peterlongo está estampado no
espaço, que terá dois ambientes de convivência. O deck estará de frente para a
champanheria, com garrafas brancas como luminárias, piso em madeira e mesas
estilo bistrô, criando um ambiente diferenciado, harmonizado com champagnes e
espumantes. Pufes e champanheiras menores formam o segundo ambiente, mais
descontraído e aconchegante. Ambos são divididos por um corredor de pedras de
ardósia (rocha metamórfica de grão fino e
homogêneo), que conduz as pessoas ao túnel, recriando a atração da
vinícola.
Atualizada, a Peterlongo explora a cor marsala,
tonalidade de 2015, que marca a origem de todos os vinhos e espumantes, a uva.
Com este estande, a empresa aposta no contraste entre preservação da cultura e
contemporaneidade, sem deixar de lado a madeira, que lembra as barricas,
essenciais para o amadurecimento de vinhos com alta qualidade.
Especialmente para o centenário, a Peterlongo
providenciou taças de acrílico personalizadas nas cores branca, preta e
transparente. Elas poderão ser adquiridas por R$ 3 cada, deixando o brinde
ainda mais descontraído e alegre, além de ser uma lembrança alusiva à data.
Outra novidade apresentada durante a Fenachamp serão os novos rótulos dos
espumantes Privillege Brut Rosé e Peterlongo Moscatel 660 ml.
Para quem deseja aproveitar a visita a Fenachamp para
mergulhar no mundo do vinho, a Peterlongo estará ministrando cursos de
degustação nos dias 17 e 18 de outubro, acompanhando a programação da festa.
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