quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O renascimento de um sonho centenário

  

                                             Dia 15, haverá festa no Castelo Peterlongo
                                             Arquivo JN

A vinícola Peterlongo, de Garibaldi, vai comemorar seu centenário, dia 15, com um coquetel no Castelo Peterlongo, naquela cidade. Comemorará, também, a retomada do seu processo de crescimento. Vamos recuperar um pouco desta história de 100 anos.
As terras altas da Serra Gaúcha eram ambiente rústico, de poucas estradas e muitos desafios aos imigrantes europeus que ocupavam a região há pouco mais de três décadas quando Manoel Peterlongo elaborou seu primeiro champagne, utilizando-se do método champenoise, em1913. Dois anos mais tarde, na cidade de Garibaldi, aquele homem simples criava a marca Peterlongo para estampar os rótulos da bebida pela qual se apaixonara ainda na Itália, onde seu avô já a elaborava. Tinha início uma trajetória centenária de amor, ousadia e um talento sem precedentes que levou a Peterlongo aos quatro cantos do país e a alguns dos principais centros mundiais. Uma história que começa a ser recontada em 2015 com o resgate de valores do passado e olhos muito bem focados no futuro.
“Quando olhamos para a Peterlongo precisamos entender que a empresa foiidealizada a partir da elaboração de champagnes. Isso é um aspecto central, é parte da constituição da marca Peterlongo, da memória produtiva do vinho brasileiro. A história da família Peterlongo é a personificação desse sonho de artífices, dessa jornada secular de magia e encantamento que permeiam a elaboração da bebida. Uma história que juntou o aprendizado do método de produção tradicional, a contemporaneidade de pensamento de homens com uma visão de negócio e de sociedade muito avançada desde que chegaram à Serra Gaúcha, no final do século XIX. E nós precisamos ter isso muito presente agora, pois a Peterlongo é um patrimônio social, cultural e produtivo que projeta um futuro brilhante”, afirma Luiz Carlos Sella, que há 13 anos é um dos sócios que adquiriu o Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo S/A e sanou suas dívidas com credores e retomou o rumo do crescimento.
É com o mesmo espírito que moveu seus fundadores que a atual gestão da empresa pretende crescer. Produzindo mais de 4,2 milhões de litros de bebidas por ano, a Peterlongo volta olhares para a elaboração de champagnes e vinhos finos. Na década de 1960 a empresa, que ainda era controlada pela família, passou a produzir filtrados doces e bebidas de baixo valor agregado, utilizando a mesma marca que imortalizara o glamour brasileiro anos antes. O objetivo agora é ampliar o foco nos produtos finos. “A Espuma de Prata – filtrado doce que se popularizou no Brasil – representa hoje metade de nossa produção total. É um produto muito importante para a empresa, entretanto, estamos ampliando a produção de espumantes pelo método tradicional(champenoise) e de vinhos finos, e inserindo produtos inovadores no mercado brasileiro, pois eles são a personificação do espírito produtivo da Peterlongo há um século”, explica Sella.
Tendo como foco a qualidade e a excelência dos produtos, a empresa ampliou a linha de espumantes pelo método tradicional. Além da Elegance, linha top da marca, agorao extra brut e o brut da linha Presence passam a ser elaborados pelo mesmo método trazido da Itália por Manoel Peterlongo. Reformulações de roupagem dos produtos também fazem parte da estratégia de ampliação na demanda e produção doschampagnes da Peterlongo. Os espumantes elaborados pelo método charmat também receberam reforço recentemente, com modernização de garrafas e rotulagem. Os vinhos também ganharam atenção, com a ampliação de oferta da Linha Armando Memória, composta por varietais com passagem por barricas de carvalho e da linha de vinhos jovens finos – Terras -, comercializada em quatro varietais e um assemblage, todos com tampas de rosca e comembalagem bag-in-box para versão cabernetsauvignon. O mesmo ocorre com os dois frisantes, produzidos por fermentação natural e que garantem leveza e acidez aos produtos, sucessos de venda em gôndolas de todo o país.
Com produção de altíssima qualidade, envasamento realizado, simultaneamente, à safra e processamento da uva, os sucos de uva integral carregam consigo o diferencial de não receberem conservantes. Em maio de 2015, a vinícola ainda apresenta sua linha de sucos premium Casa Peterlongo, elaborados com uvas bordô e detentores dos mais elevados níveis de benefícios à saúde. Paralelamente, a reorganização da empresa na última década, a Peterlongo ainda levou ao mercado sua linha Must, um suco de uva integral gaseificado e comercializado em garrafas de espumante.
Atualmente, a propriedade em Garibaldi possui mais de 50 mil m². Em Encruzilhada do Sul a vinícola possui cerca de 220 mil m²de área cultivada de onde são retiradas todas as uvas destinadas à produção de vinhos finos.

A Peterlongo e o champagne no Brasil

O imigrante italiano Manoel Peterlongo chegou ao Brasil em 1899. Neto de um produtor de espumantes, ele começou a produzir a bebida em 1913, seguindo a metodologia difundida por Don Perignon, com o método champenoise. Em 1915 é fundado oficialmente o Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo S/A, nome em homenagem ao único filho homem da família.
O castelo da família Peterlongo, construído em 1930 segue os padrões da região de Champagne (França) e suas instalações incluem varejo e cave subterrânea em pedras basálticas.Na época de sua construção, as caves da vinícola foram projetadas com o objetivo de remontar o ambiente ideal para a preservação de champagnes, possuindo um túnel que capta o vento minuano típico do Rio Grande do Sul e mantém a temperatura estável em seu interior.
A Peterlongo foi a primeira vinícola brasileira a empregar mão de obra feminina e, na década de 1930, com a instauração das leis trabalhistas, Armando Peterlongo, que herdou a empresa do pai, foi o primeiro empresário da região a pagar o salário mínimo aos seus operários.
A empresa ampliou as vendas no Brasil e chegou ao mercado internacional, levando seus produtos, em 1942, à conceituada rede americanaMacy’s, em Nova Iorque.  A marca Peterlongo tornou-se obrigatória em solenidades oficiais, batismos de navios e aviões. A bebida estava sempre presente em banquetes oferecidos pelo governo Getúlio Vargas e foi elogiada até pela rainha da Inglaterra, Elizabeth, ao visitar o Brasil.
Na primeira metade do século XX, vinícolas francesas chegaram a questionar a utilização do termo champagne em rótulos de brasileiros. Em 1974, o Supremo Tribunal de Justiça do Brasil, no entanto, julgou improcedente o questionamento e a Peterlongo ganhou o direito da denominação, que fora absorvida desde o início da elaboração da bebida por Manoel Peterlongo. Além do histórico de elaboração de champagnes pelo método tradicional, o STF levou em conta para a decisão o fato de a vinícola ter sido a primeira a plantar uvas viníferas brancas no Brasil, além de importar leveduras de alta qualidade da França. “Nós optamos por manter o termo em uso. E o fizemos porque ele é parte fundamental da composição da marca Peterlongo. No Brasil e no mundo, nosso champagne é um espumante do Brasil,elaborado pelo método tradicionalda melhor qualidade. Porém, ser Peterlongo é ser champagne. Isso faz parte da memória cultural e produtiva da vitivinicultura brasileira”, finaliza Sella.
Até dia 25 de outubro, a Peterlongo estará participando da Fenachamp, também em Garibaldi. A festa do espumante brasileiro não poderia ter outro sabor para a Vinícola Peterlongo senão o da comemoração. Responsável por elaborar o primeiro champagne brasileiro, a empresa receberá o público com um estande alusivo aos 100 anos da marca. Novos rótulos, taças personalizadas, reprodução do túnel que liga o jardim a cave são atrações preparadas para surpreender os visitantes, que além de viver experiências no estande da festa também serão convidados a fazer uma viagem pelo tempo para conhecer o Castelo Peterlongo. A Fenachamp acontece em Garibaldi (RS), na Capital Brasileira do Espumante nas sextas, sábados e domingos no período de 1º a 25 de outubro, além do feriado do dia 12. 
A participação na festa também integra as festividades programadas para celebrar o centenário da vinícola. O estande conduzirá o visitante a passar pela reprodução do túnel do Castelo Peterlongo, um dos símbolos de Garibaldi que marca época e estilo. Desenvolvido com o objetivo de levar um pouco da vinícola para dentro do estande, o túnel terá iluminação e temperatura próximos aos existentes na vinícola, além de um pupitre, estante de madeira onde são elaborados espumantes em garrafa. 
A marca dos 100 anos da Peterlongo está estampado no espaço, que terá dois ambientes de convivência. O deck estará de frente para a champanheria, com garrafas brancas como luminárias, piso em madeira e mesas estilo bistrô, criando um ambiente diferenciado, harmonizado com champagnes e espumantes. Pufes e champanheiras menores formam o segundo ambiente, mais descontraído e aconchegante. Ambos são divididos por um corredor de pedras de ardósia (rocha metamórfica de grão fino e homogêneo), que conduz as pessoas ao túnel, recriando a atração da vinícola.
 Atualizada, a Peterlongo explora a cor marsala, tonalidade de 2015, que marca a origem de todos os vinhos e espumantes, a uva. Com este estande, a empresa aposta no contraste entre preservação da cultura e contemporaneidade, sem deixar de lado a madeira, que lembra as barricas, essenciais para o amadurecimento de vinhos com alta qualidade.
Especialmente para o centenário, a Peterlongo providenciou taças de acrílico personalizadas nas cores branca, preta e transparente. Elas poderão ser adquiridas por R$ 3 cada, deixando o brinde ainda mais descontraído e alegre, além de ser uma lembrança alusiva à data. Outra novidade apresentada durante a Fenachamp serão os novos rótulos dos espumantes Privillege Brut Rosé e Peterlongo Moscatel 660 ml. 

Para quem deseja aproveitar a visita a Fenachamp para mergulhar no mundo do vinho, a Peterlongo estará ministrando cursos de degustação nos dias 17 e 18 de outubro, acompanhando a programação da festa.

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