sexta-feira, 7 de março de 2014

Vinícola Perini estreia no mercado cervejeiro com a marca Matarelo

Negócio é negócio, não se discute, cada empresário deve saber o que faz e o que arrisca quando cria um negócio novo, mas os antigos vinhateiros gaúchos, que deram a vida pelo vinho brasileiro, devem estar torcendo o nariz quando souberam, nesta semana, que a tradicional Vinícola Perini, de Farroupilha, na serra gaúcha, havia entrado, também, no ramo de cerveja. 
A ousadia e a inovação tem nome: Franco Perini,, diretor comercial da empresa. A linha especial de cervejas Premium chama-se Matarelo – nome inspirado no lugar de onde vieram os antepassados da família Perini da Itália. É a primeira vez que uma vinícola ingressa no emergente mercado de cervejas Premium, especiais e artesanais. “A cerveja gourmet usa referências do vinho para se colocar no mercado, como harmonizações, diversidade, entre outras características. Então acreditamos que os dois produtos têm muito a ver um com o outro e servirão para completar o portfólio de bebidas da empresa”, afirma o diretor comercial, Franco Perini, idealizador do projeto.
Tradicional vinícola do Vale Trentino, na Serra Gaúcha, a Perini é amplamente conhecida pela elaboração de vinhos finos, espumantes e suco de uva. O lançamento de quatro cervejas especiais, no entanto, é um resgate ao passado da família Perini. Antes de chegar ao Brasil, em 1876, Giuseppe Perini produzia cerveja de forma artesanal na cidade de Matarelo, na região do Trento, Itália, para consumo próprio e dos amigos. Giuseppe é pai de João Perini, que por sua vez é pai do proprietário da vinícola, Benildo Perini. “Era um sonho antigo recuperar parte da história da família Perini como produtor cervejeiro familiar”, comenta Benildo.
A retomada desta forte tradição familiar é representada nos rótulos das cervejas Matarelo de quatro estilos – American Lager (seguindo a escola norte-americana), Weiss, Red Vienna Lager e Munich Dunkel (estas três da escola alemã). “São cervejas que têm complexidade de aroma e sabor, mas, ao mesmo tempo, possuem ‘drinkability’, ou seja, são fáceis de beber”, explica Franco Perini, da quarta geração da família Perini no Brasil. “Agora é possível harmonizar qualquer prato com vinho ou cerveja feitos pela família Perini”, diz Franco.
O desenvolvimento do projeto levou dois anos, em conjunto com a Cervejaria Santamate, de Santa Maria. “Encontramos o parceiro ideal para elaborar cervejas Premium, com escala de produção e garantia de qualidade”, observa Franco Perini. A expectativa é faturar R$ 500 mil já neste primeiro ano.
A Matarelo Weiss pertence ao estilo de cerveja de trigo (wheat beer ou weissbier) proveniente do sul da Alemanha. Possui forte presença de frutas no seu aroma e sabor, principalmente banana e maçã, além de aroma de cravo. Já a Red Vienna Lager foi elaborada com três tipos de malte de cevada, o que lhe confere uma coloração avermelhada. Seu aroma remete ao floral e cítrico vindo dos três tipos de lúpulo utilizados, além de suave caráter de malte. A primeira cerveja do estilo Vienna Lager foi fabricada na Áustria, desenvolvida em 1841 por Anton Dreher. Outro grande destaque da linha é a Munich Dunkel, produzida com o malte Munich, o que lhe confere um aroma com notas de chocolate, malte tostado, pão ou biscoito. Não apresenta um caráter exageradamente doce, mas sim um equilíbrio entre a doçura do malte e o amargor de lúpulo.
Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Associação Brasileira de Bebidas apontam para a existência de mais de 200 microcervejarias no País, concentradas principalmente nas regiões Sul e Sudeste. As cervejas artesanais correspondem a 0,15% do mercado brasileiro de cervejas, mas a expectativa é de que representem 2% da indústria nos próximos dez anos..
A Perini tem 5 mil clientes no Brasil e mais de 90 itens de produtos derivados da uva. Seus principais mercados são Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Recentemente, a vinícola recebeu o Troféu Saca-Rolhas na categoria Empresa de Grande Porte, prêmio máximo concedido pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Mais informações sobre a companhia podem ser obtidas no site http://www.vinicolaperini.com.br.
Franco Perini explica
Também comentei este assuno em minha coluna diária no Jornal do Comércio de Porto Alegre. Franco Perini, diretor Comercial da vinícola, mando-me uma mensagem justificando o novo negócio. Eis o texto de Franco:
“Prezado amigo Danilo Ucha:
Não há empresa que aposte mais no vinho brasileiro do que a Vinícola Perini. Pode ter quem aposte como nós, porém, mais, com certeza não.
A nossa aposta é tão forte no crescimento do vinho brasileiro que alcançamos um acréscimo real de 25% no ano passado, mais do que o dobro da média atingida pelo setor vitivinícola nacional em 2013. Isso tudo graças ao lançamento de novos produtos e ao reconhecimento de especialistas (como tu), do mercado e dos consumidores.
Só com o Macaw, rótulo elaborado para atrair os jovens ao consumo responsável de vinho, a empresa  vendeu quase 8 mil caixas. A comercialização de vinhos em embalagens de bag-in-box (BiB), tendência liderada pela Perini no país, também obteve um crescimento excepcional, democratizando ainda mais o acesso ao vinho pelos consumidores. Foram 500 mil “bags” comercializadas, o dobro do que foi vendido em 2012.
Para 2014, período em que o Brasil estará em evidência no mercado internacional, a Vinícola Perini quer trilhar o mesmo caminho do ano passado. A meta é chegar a um incremento de 20% em seu faturamento. Isso demonstra toda a nossa aposta no vinho brasileiro.
O projeto de cervejas especiais Matarelo é um resgate histórico de algo que a família Perini sempre fez, na Itália. A nosso ver, é uma inovação, que só agrega ao nosso portfólio, e em nada compromete a venda de vinhos e espumantes. Ao contrário, deve inclusive abrir novos mercados para os nossos derivados de uva.”


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