Vinho de uva Goethe com IP
Foto Alfa Comunicação
Apesar de sua história e tradição em produzir vinhos, os Vales da Uva
Goethe completaram em fevereiro dois anos de existência. É que somente em 2012
foi concedida a Indicação de Procedência para a região de 458,9 Km2 formada
pelos municípios de Urussanga, Pedras Grandes, Cocal do Sul, Treze de Maio,
Orleans, Nova Veneza, Içara e Morro da Fumaça. O que motivou a concessão desta
IP, a primeira de Santa Catarina, foi justamente a história e a cultura que
envolvem a produção das uvas e do vinho Goethe em um lugar com um conjunto de
características, como solo e clima, que formam um terroir específico e único.
Mas, o que aconteceu depois da conquista da tão batalhada Indicação de
Procedência e o que este título significa para as empresas e municípios que
compõem os Vales da Uva Goethe?
A curiosidade dos consumidores foi o primeiro efeito da IP e da
divulgação que o vinho e a uva Goethe tiveram nos últimos anos. “Agora, as
pessoas entram na vinícola já pedindo pelo vinho Goethe”, conta o presidente da
Associação ProGoethe, Renato Damian. A constatação do presidente é
compartilhada por todos os produtores de vinho dos Vales. “100% das pessoas que
chegam aqui identificam o vinho Goethe como um produto da região”, afirma
Patrícia Mazon, da Vigna Mazon, empreendimento que reúne hotelaria, eventos e
vinícola.
Se as pessoas estão curiosas para conhecer o vinho Goethe, a
receptividade do produto no mercado também tende a crescer. Comercializando
praticamente toda sua produção para redes de supermercado, Jacson Jerdino
Felippe, da Vinhos Felippe, reconhece que a receptividade dos compradores para
o vinho Goethe mudou. “Temos apenas um produto Goethe, o vinho branco seco, e
tivemos um crescimento nas vendas dele”, explica.
O aumento nas vendas dos produtos Goethe acontece em todas as vinícolas,
especialmente aquelas que conquistaram o selo Vales da Uva Goethe, que
identifica os produtos que atenderam a vários critérios na produção da uva e do
vinho. Neste primeiro ano, seis vinícolas tiveram produtos aprovados:
Quarezemin, De Noni, Felippe, Trevisol, Casa Del Nonno e Mazon.
O presidente da Associação ProGoethe estima um crescimento médio de 20%
na comercialização dos vinhos Goethe. Entre eles, os espumantes se destacam. Matheus
Damian, da Casa Del Nonno, revela que os espumantes da marca tiveram um aumento
de 30% nas vendas. Gilmar Trevisol, da Vinícola Trevisol, revela um crescimento
de 50% na comercialização dos Goethes. A partir da reação gerada pela Indicação
de Procedência, Trevisol lançou a marca Casa Del Sole. A vinícola Quarezemin
confirma que os três produtos Goethe da marca tiveram crescimento nas vendas.
“Além dos dois vinhos que levam o selo, temos mais um frisante de uva Goethe,
que é muito bem aceito pelos clientes”, afirma Beatriz Quarezemin.
Caçula entre as vinícolas dos Vales da Uva Goethe, a De Noni conquistou
seu registro exatamente quando a IP foi concedida e também já sente os efeitos.
Em 2013, utilizaram cinco toneladas de uva na produção de vinhos Goethe. Para
2014, este volume foi dobrado.
O desempenho nas vendas também revela um trabalho intenso realizado nos
dois últimos anos. Após a conquista da Indicação de Procedência, um convênio
entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Prefeitura de
Urussanga, resultou na contratação do Instituto Totum para consultoria e
desenvolvimento de várias ações com os produtores de uva e vinho Goethe. Em 18
meses de trabalho, o Instituto Totum, em conjunto com a Associação ProGoethe e
a Prefeitura de Urussanga, desenvolveu ações no sentido de conscientizar e
capacitar os empreendedores em torno da Indicação de Procedência, determinar os
critérios de qualidade e o atendimento a eles pelos produtores e estreitar as
relações com o mercado através da comunicação. Para isto, um conjunto de ações
foi realizado, entre elas a produção de um manual e uma cartilha, a realização
de um seminário e a criação da marca Vales da Uva Goethe.
Para a consultora do Instituto Totum, Andréa Vargas dos Santos, o
trabalho desenvolvido ao longo desses meses contribuiu para vinícolas e
produtores de uva tivessem inicialmente um aprofundamento no conceito e
importância de uma indicação geográfica, passando a compreender todas as etapas
necessárias para a obtenção de uma indicação de procedência e tornando o
processo de controle mais dinâmico e integrado entre todos os envolvidos.
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