terça-feira, 25 de março de 2014

Lidando com ovinos nos campos de Unistalda


Ruy Gessinger, ex-magistrado, é um apaixonado pelo campo. De sua fazenda, em Unistalda, dispara mensagens que estão sempre enaltecendo as virtudes do campo e das atividades campeiras. É criador de bovinos e de ovinos, gado Angus e ovelhas Ile de France. Também aderiu ao cavalo crioulo. Tem uma neta da lendária La Invernada Hornero.
 Eis uma de suas mensagens, enviada dia 24 de março:
“Se você é urbano, deixa eu explicar que, no que tange a ovinos, quando um nasce chama-se cordeiro ou cordeira; mais tarde, borrego ou borrega e na fase adulta os machos castrados são capões e as fêmeas, ovelhas.
Isso no chamado " rebanho geral".
Para a Cabanha (nem todos os criadores de ovinos as tem) apenas vão os animais ditos puros. Esses têm cuidados especiais, com acompanhamento especializado, sendo que os machos ficam inteiros e, na fase adulta, chamam-se de carneiros.
Poucos machos, portanto, estão aptos à reprodução.
Aqui na estância nós passamos uma oleosidade com tinta vermelha ou preta no peito dos reprodutores. Recolhemos todas as fêmeas para a mangueira ao anoitecer e as deixamos com os carneiros. Quando ocorre a cópula a ovelha fica com seu lombo marcado pela tinta. Sinal que foi coberta e pode ser solta para o campo.
Ao amanhecer os machos voltam para seu merecido spa na cabanha e as fêmeas retornam para a pastagem ao ar livre.
Não é todo o peão que gosta de lidar com ovinos. Dá muito trabalho, é um animal sensível, abicha fácil e é " morredor" uma barbaridade.”
Como velho ovelheiro dos campos de São Diogo, onde passei parte de minha infância e juventude, nos tempos em que se levantava ovelha nos braços para jogar dentro do banho contra sarna, concordo totalmente com o dr. Ruy. Apenas acho que ele terminou seu texto meio pessimista. Ele tem razão quando escreve: “Dá muito trabalho, é um animal sensível, abicha fácil e é " morredor" uma barbaridade.” A “ovelha morre de susto”, como diziam os antigos, mas, hoje em dia, quando a ovelha passou a valer bom dinheiro, os cuidados são maiores e já não morre tanto à toa, quanto antigamente. Lá nos campos do Sarandi, gente da família, cuida de 3.800 ovelhas e a mortandade não é tão grande, a não ser no inverno, quando os cordeirinhos sofrem com a geada. Para isso também há solução, mas o pessoal não quer saber de recolher os animais para locais mais abrigados durante a noite. Dá trabalho! Talvez se a ovelha dobrar de preço novamente (já mais do que dobrou), eles começarão a sentir que cada cordeiro morto pelo frio ou pelo abandono da mãe é mais do que a tristeza de ver os campos branqueando de animaizinhos enregelados...

A Pecuária Gessinger acaba de ser filiada à Associação Brasileira de Brangus, gado resultante do cruzamento entre Angus e Zebu. É o antigo gado Ibagé, que levou este nome, inicialmente, porque desenvolvido pela Embrapa, em Bagé.

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