A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) considera a
aprovação do projeto de lei que regulamenta a produção e comercialização de
vinhos coloniais/artesanais, na terça-feira, 25 de fevereiro pelo Plenário do
Senado, como um importante avanço. A regulamentação, que segue para sanção
presidencial, estará, afinal, beneficiando um universo que se estima abranja
mais de quatro mil famílias de pequenos produtores, especialmente nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil, destaca o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia
(TT) da Embrapa Uva e Vinho (de Bento Gonçalves, RS), Alexandre Hoffmann. “A
produção colonial está presente na maior parte das áreas produtoras mais
tradicionais, como a Serra Gaúcha e o Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina,
sendo muito associada às respectivas culturas regionais; e neste ano, que é o
Ano Internacional da Agricultura Familiar, a aprovação do tema pelo Senado
ganha um significado ainda maior”, segue Hoffmann.
O que ocorre é que a produção e comercialização de vinho colonial /
artesanal é secular. Contudo, até o projeto aprovado pelo Senado ser sancionado
pela Presidência da República, a maior parte dos produtores envolvidos com a
atividade permanecerá na informalidade, em um contexto que expõe contrassensos.
“Há uma série de políticas públicas estimulando a elaboração de vinho colonial
/ artesanal; de outra parte, sem a regulamentação de sua produção e
comercialização, o pequeno vitivinicultor está impedido de vender seu produto –
que, a rigor, é passível de apreensão pela fiscalização do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”, elucida o chefe adjunto de TT.
“Em outras palavras, a regulamentação promoverá a inclusão de produtores que
estão à margem da legislação”.
O vinho colonial / artesanal, cabe salientar, não se colocará como uma
‘categoria à parte’: será um produto que, além de requerer a responsabilidade
técnica de um enólogo, atenderá a todos os Padrões de Identidade e Qualidade
(PIQs) estabelecidos na legislação que regulamenta a produção vinícola em
geral, a Lei do Vinho. O que definirá um vinho como sendo colonial / artesanal
são parâmetros como:
- elaboração na propriedade de produtor enquadrado no Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf);
- utilização de uva própria em pelo menos 70% do volume de matéria-prima
usado na vinificação;
- comercialização exclusivamente na própria propriedade rural ou em
associações, cooperativas ou feiras de agricultores familiares;
- produção máxima de 20 mil litros/ano.
Esforço coletivo – O
avanço representado pela aprovação do projeto de regulamentação do vinho
colonial / artesanal é também resultado de um esforço envolvendo diversas
organizações públicas e privadas ligadas à vitivinicultura. Foi no final de
2011 que representantes delas passaram a reunir-se com o propósito de oferecer,
à relatoria do projeto de lei, as informações necessárias para a formulação da
matéria, relata Alexandre Hoffmann. Além da Embrapa Uva e Vinho, compõem o
grupo de trabalho multi-institucional sobre vinhos coloniais / artesanais:
Emater-RS/Ascar, IFRS – Campus Bento Gonçalves, Mapa,
Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Centro Ecológico, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado do
RS.
Por que colonial / artesanal? Na
região Sul, o vinho produzido em pequenas propriedades é mais conhecido como
‘colonial’, ao passo que em outras partes do Brasil o termo ‘artesanal’ é mais
comum.
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