Capa do CD com o cadastro vitivinicola
Enólogo Zanus, à direita, coordenou o lançamento
Fotos Martha Caus/D/JN
O resultado de um trabalho de quatro anos e que
subsidiará o setor vitivinícola com dados e informações importantes foi
apresentado na tarde desta sexta-feira (28), no auditório da Embrapa Uva e
Vinho, em Bento Gonçalves (RS). Realizado em parceria pela entidade anfitriã e
o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), com apoio da Secretaria da
Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa/RS) e Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), os dados coletados foram agrupados no CD
Cadastro Vitícola o Rio Grande do Sul 2008 a 2012 e apresentado para dirigentes
de entidades, viticultores e representantes políticos.
O material contém informações como o número e tamanho de
propriedades, variedades americanas, híbridas e viníferas, idade dos vinhedos,
áreas georreferenciadas e produtividade, entre outras categorias que contribuem
para embasar estratégias de qualificação da produção. Os dados disponibilizados
em um CD que será distribuído para as entidades do setor e órgãos
governamentais ligados a atividade, também estão disponíveis para consulta e
download gratuito no site da Embrapa Uva e Vinho (www.cnpuv.embrapa.br/pesquisa/cadastro/cds/2008-2012/dados/home.html).
A pesquisadora e coordenadora do Cadastro Vitícola, Loiva
Maria Ribeiro de Mello, ao detalhar os itens que constam no CD, apontou algumas
conclusões do levantamento como, por exemplo, a diminuição de área de
variedades viníferas tintas e o aumento dos espaços destinados à produção de
uvas para elaboração de sucos. Outra informação detalhada pela pesquisadora foi
o aumento de área plantada em regiões como as de Vacaria, Guaporé, Serra do
Sudeste e Campanha. “O cadastro dá subsídios para justificar políticas públicas
e elaborar um mapa da produção de uvas no estado. A implantação do georreferenciamento
confere maior precisão e confiabilidade ao levantamento”, afirmou.
Para o chefe-geral da Embrapa, Mauro Zanus, o cadastro é
um instrumento importante tanto para suporte aos pedidos de IGs, para o
conhecimento acerca da extensão de cada cultivar nos municípios e sobre a
história da viticultura gaúcha. “O cadastro é um reflexo do que está sendo
demandado pelo mercado e que pode servir como um alerta para que, tanto os
produtores quanto a indústria, considerem os elementos da nossa vitivinicultura
que nos diferenciam de outros países”, comentou.
O presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Moacir
Mazzarollo, e o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin,
apontaram a necessidade de expandir o cadastro para os demais estados do país.
Mazzarollo destacou que é preciso dar continuidade às atualizações anuais e
aperfeiçoar os processos de levantamento de informações. “Para isso, é
fundamental o apoio das instituições que representam os viticultores,
sindicatos e associações, com o objetivo de qualificar o trabalho de campo
realizado nas propriedades”, sugeriu.
A coordenação técnica do Cadastro Vitícola é realizada
pela Embrapa Uva e Vinho, por delegação do Mapa. O projeto é financiado pelo
Ibravin, com recursos do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura
(Fundovitis/RS). Os levantamentos contam com o apoio dos sindicatos de
trabalhadores rurais e Emater/RS. O estudo priorizou o cadastro de propriedades
por georreferenciamento, principalmente das áreas em regiões que buscam ou já
obtiveram uma Indicação Geográfica (IG).
Destaques da
viticultura gaúcha
A viticultura do Rio Grande do Sul está presente em 28
das 35 microrregiões do estado e em 15.221 propriedades rurais. A área ocupada
com vinhedos, em 2012, foi de 41.076 hectares (ha), sendo 2,60 ha a média por
propriedade. As 10 microrregiões mais importantes são responsáveis por 97,43%
da área de vinhedos do estado.
Variedades do grupo Americanas, usadas em larga escala na
produção de vinho de mesa e suco, estão presentes em todas as microrregiões e
somaram 18.189,59 ha, em 2012, representando 38,64% da área total de videiras.
A produção foi de 320.016,33 toneladas, 42,26% da produção total do Estado. As
Híbridas, com área de 16.096,66 ha produziram, em 2012, 356.239,27 toneladas e
representam 39,19% e 47,04 % da área e da produção do estado, respectivamente.
Tanto as americanas quanto as híbridas são usadas também para consumo in
natura.
As variedades viníferas, usadas para elaboração de vinhos
finos, ocuparam uma área de 6.606,03 ha, com produção de 81.031,89 ha, o que
equivale a 16,08% da área e 10,70% da produção do estado.
O agrupamento viníferas apresenta o maior número de
cultivares, totalizando 99. Entretanto, 95% da área refere-se a 29 cultivares.
A cultivar Cabernet Sauvignon, de maior área, ocupou 1.341,69 ha, em 2012, com
produção de 12.556,92 toneladas, ou seja, 20,31% da área e 15,50% da produção
de uvas viníferas do Rio Grande do Sul. Essa cultivar é usada especialmente
para produção de vinho tinto fino.
A cultivar Merlot, uma das tradicionais para elaboração
de vinhos finos, ocupou 887,41 ha, em 2012, representando 13,43% da área.
A cultivar Chardonnay, usada para elaboração de vinhos
finos brancos e espumantes, ocupou 822,91 ha e representa 12,46% da área.
A Moscato Branco ocupou 631,46 ha e representou 9,56% da
área e 16,94% da produção, mostrando-se muito produtiva. Tem sido usada para
elaboração de espumante moscatel, vinho frisante e vinho tranquilo.
A cultivar Tannat, usada para elaboração de vinhos tintos
finos, ocupou uma área de 351,11 ha, representando 5,31% da área e 6,02% da
produção do agrupamento das cultivares viníferas do estado do Rio Grande do
Sul.
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