sábado, 8 de fevereiro de 2014

Miolo confirma que vai importar vinho chileno

                                   Adriano Miolo, superintendente do Miolo Wine Group
                                   Arquivo JN
Conversei, ontem, sexta-feira, dia 7, com Adriano Miolo, superintendente do Miolo Wine Group, e ele confirmou que a maior vinícola brasileira vai começar, em março, a importar vinho chileno da vinícola Santa Rita, a segunda maior do Chile. Em princípio, serão 30/40 mil caixas.
O empresário disse não estar preocupado com possíveis críticas que estariam ocorrendo na região serrana do Rio Grande do Sul, onde a Miolo nasceu e tem sua principal sede, as quais condenariam a empresa por aderir à importação de vinho chileno quando, em passado recente, era um das maiores críticas das baixas tarifas do Mercosul que permitem o ingresso de vinho do Chile e da Argentina a preços muito baixos, criando séria concorrência para o vinho brasileiro. Adriano considerou isso normal e explicou porque sua empresa, que é a maior vinícola brasileira, entrou na importação.
Informou que o Miolo Wine Group, que tem também operações internacionais, tem parceria com a chilena Santa Rita há dois anos, quando ela começou a produzir, no Chile, o vinho Costa Pacífico, lançado pela Miolo naquele país, e esta começou a fazer, para a Santa Rita, o seu Espumante Moscatel, nas propriedade que possui em Ouro Verde, entre Bahia e Pernambuco, no nordeste brasileiro. A Santa Rita produziu cerca de 45 mil garrafas do Costa Pacífico e a Miolo cerca de 60 mil garrafas dp Espumante Moscatel.Neste período, as duas empresas começaram a interagir, a analisar outros negócios conjuntos e a Santa Rita, que já teve seus produtos distribuídos no Brasil pela Chandon e pela Grand Cru, ficou sem destribuidor e propôs à Miolo que assumisse tal função. O negócio deverá ser definitivamente selado em março próximo.
“O vinho da Santa Rita é excelente, tem grande valor agregado, já é prestigiado no Brasil. Vai ser um bom negócio”, afirmou Adriano Miolo. Explicou que a decisão só foi tomada porque a situação do vinho nacional continua ruim no País em termos de venda. Depois da malfadada história dos produtores terem pedido salvaguardas ao governo, criando impecilhos à entrada de vinho estrangeiro – o que, felizmente, não foi aceito – o setor conseguiu reunir governo, importadores e grandes comerciantes num acordo para ajudar ao desenvolvimento do mercado para o vinho brasileiro. Infelizmente, segundo Adriano Miolo, o governo prometeu e nada fez para ajudar a baixar os custos – a questão dos impostos – e a situação pouco evoluiu favoravelmente.
“O resultado do acordo foi muito ruim. Não funcionou. Ficou acertado que se chegaria ao consumo de 27 milhões de litros de vinho fino nacional, em 2013, e de 40 milhões de litros, em 2016. Estão sendo fechadas as estatísticas de 2013 e mal chegaremos aos 20 milhões de litros, um crescimento pífio de 5% a 7%. As empresas continuaram enfrentando dificuldades para vender seu vinho, onerado por uma carga tributária pesadíssima, enquanto o vinho estrangeiro, principalmente do Mercosul, continuou entrando com baixas taxas de importação.”
Quanto às críticas que estariam sendo feitas pelos demais produtores, que entenderiam a decisão da Miolo como um enfraquecimento da luta pela diminuição dos impostos e pela equalização com os preços de produção no Chile e na Argentina, Adriano Miolo diz que “não  fazem muito sentido, pois sempre fomos e continuaremos sendo grandes defensores do setor vitivinicola brasileiro.” Se o vinho estrangeiro continua chegando mais barato, não havia outra alternativa. Até brinquei com ele, concordando e dizendo: “É aquela história, se não podes derrotar teu adversário, junta-te à ele.” Adriano apenas riu.
Aproveitei a oportunidade e conversei sobre outros assuntos, inclusive sobre a Almaden, lá em Livramento, mas vou deixá-los para a próxima edição do Blog.