sábado, 10 de novembro de 2012

Pecuária busca melhorar a genética do carneiro


O zootecnista Paulo de Tarso Martins (tel.: (65) 3623-6212), de Mato Grosso, nosso assíduo leitor e colaborador, envia-nos um artigo de Josué Teixeira, publicados na Gazeta do Povo, sobre novidades ovinas no Paraná:
“Aos cinco anos, núcleo de criação da Castrolanda tenta ampliar rendimento de animais precoces.
Quantos gramas de carne de ovelha você consumiu no último ano? O brasileiro consome em média 400 gramas por ano, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco). A carne, embora tida como mais saudável, ainda perde para as peças tradicionais de bovinos, suínos e de frango. Boa parte da ovinocultura ainda trabalha na informalidade. As exceções são pequenos polos de produção no Brasil, que buscam mais espaço no mercado. Um desses polos está em Castro, nos Campos Gerais. O programa Cordeiro Castrolanda, desenvolvido pela cooperativa há cinco anos, inicia neste semestre um projeto de melhoramento genético para avançar na produção de cordeiro e fortalecer a cadeia. A cooperativa tem tradição no mercado de genética de gado leiteiro.
A Castrolanda mantém um plantel de 6,5 mil matrizes em terras arrendadas na zona rural de Castro. O rebanho é criado no pasto, mas o cordeiro tem acesso à ração, fabricada à base de milho e soja, a partir da segunda semana de vida. Os animais com até 6 meses e os cordeiros são abatidos em frigoríficos da região. E as peças, vendidas em restaurantes e supermercados do estado, especialmente Curitiba. A cooperativa também vende reprodutores aos interessados. Na Castrolanda, há 25 ovinocultores.

Aumento contínuo

Dados disponíveis mostram crescimento gradual do número de abates no Paraná.
2003 184.135
2004 197.790
2005 214.619
2006 229.207
2007 239.474
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab)

Os cordeiros são abatidos com até 150 dias aos cerca de 40 quilos de peso em pé. Com o projeto de melhoramento genético, o núcleo vai selecionar os melhores reprodutores e fêmeas para gerar cordeiros que apresentem condições para o abate aos 120 dias com um peso médio de 42 quilos.
Outro resultado a ser buscado é o número de crias por gestação. Hoje 20% das matrizes geram gêmeos no programa da Castrolanda, enquanto a meta é alcançar 60%. Normalmente, nasce apenas um cordeiro a cada prenhez.
Segundo o coordenador de ovinocultura da Castrolanda, Tarcísio Bartmeyer, o melhoramento genético também pode influenciar a qualidade da carne do cordeiro. O melhoramento padroniza o sistema de produção. Com isso o produtor consegue uma mesma quantidade de gordura e de tamanho das peças, comenta. O cordeiro tem um sabor mais suave e uma carne mais macia em relação ao borrego, que é o animal com até 12 meses, e ao carneiro ou à ovelha, acima de um ano de idade.
O projeto de melhoramento genético conta com a parceria da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Conforme o zootecnista da Seab que acompanha o setor, José Antonio Garcia Baena, a secretaria tem ações para fomentar as organizações de ovinocultura que surgem no estado. A cadeia tem muito o que fazer para se consolidar de vez. Mas, temos apoiado e fomentado as organizações e feito parcerias com o Senar para levar capacitação para o campo, comenta.

Mercado interno é suprido com importação

Parece uma contradição, mas o brasileiro que consome pouca carne brasileira de cordeiro, ovelha ou carneiro ainda importa peças ovinas do Uruguai, da Argentina e até do Chile. Para o médico veterinário, ovinocultor e presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab, o setor ainda precisa se estruturar melhor e o primeiro passo é o aumento do rebanho.
Em 1970 nós tínhamos 17 milhões de cabeças de ovinos para uma população de 90 milhões de brasileiros. Hoje somos quase 200 milhões de brasileiros e sabe quantas cabeças de ovinos nós temos? São os mesmos 17 milhões, informa Schwab. Há controvérsia sobre o número do rebanho paranaense. Sabe-se apenas, conforme as estatísticas divulgadas pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), que entre 2003 e 2007 cresceu 30% o abate de ovinos no estado. Em 2007, levantamento mais recente, foram abatidas 239,4 mil cabeças.
O Paraná também não possui frigoríficos específicos para o abate de ovinos. Conforme o zootecnista da Seab José Antônio Garcia Baena, são usados os frigoríficos de abate de suínos, já que a altura dos animais é semelhante. De acordo com Schwab, que é do Rio Grande do Sul, o estado gaúcho possui frigoríficos com estrutura ociosa porque a oferta de animais é pequena.
A comercialização de carne de ovino é acompanhada por certificação e inspeção sanitária. No entanto, a informalidade impera no setor, relata o técnico. Temos criadores de ovinos em todos os estados brasileiros, mas 92% abatem na informalidade. Com isso, outro aspecto é a ausência de uma estrutura para exportação. O presidente da Arco lembra que não há um protocolo sanitário para exportação e a produção também é insuficiente.
Sobre a previsão de crescimento da cadeia produtiva do setor, Schwab acredita que é preciso esforço no campo, mas principalmente nas estruturas do poder Executivo dos estados. Precisamos da mão do Estado para criar políticas de financiamento e reduzir a carga tributária para os criadores, aponta.A carne de ovelha ainda é em média 20% mais cara que a bovina. O coordenador de ovinocultura da Castrolanda, Tarcísio Bartmeyer, acredita que um trabalho de marketing mais específico para a divulgação da carne pode ajudar. A carne é muito saudável e macia e precisamos divulgá-la melhor, acrescenta.

Nenhum comentário: