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Vinhedos 2015, uvas com boa sanidade, cor e graduação dentro da média e
até superior Silvia Tonon/D/JN
Foram colhidos mais de 700 milhões de quilos (700 mil
toneladas) no Rio Grande do Sul. Qualidade da fruta para elaboração de vinhos,
sucos e espumantes foi considerada boa. Na safra
2015, o Rio Grande do Sul, estado que responde por cerca de 90% da produção da
fruta para processamento no país, produziu 702,9 milhões de quilos de uva.
Deste total, 632,5 milhões de quilos são de variedades americanas e híbridas -
usadas na elaboração de vinho de mesa e suco - e 70,4 milhões de quilos de uvas
Vitis vinifera, usadas para elaborar vinhos finos e espumantes. Em 2014, a
safra registrada foi de pouco mais 606 milhões de quilos, sendo 540 milhões de
americanas e híbridas e 66 milhões de quilos de uvas viníferas. O crescimento
em relação à safra passada foi de quase 16% em volume. Os números foram
apresentados, quarta-feira (15), pelo
diretor técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Leocir Bottega,
durante a XVI Jornada da Viticultura, em Ipê, na Serra Gaúcha.
Do total processado, 55%
das uvas foram destinadas para a elaboração de sucos e derivados que resultaram
em 190,9 milhões de litros. 45% do total colhido foram usados na elaboração de
vinhos e derivados, resultando em 251 milhões de litros. A soma é de 441,8
milhões de litros de derivados da uva e do vinho nesta safra.
Para o secretário da
Agricultura e Pecuária do RS, Ernani Polo, a safra deste ano é motivo de
comemoração e mostra a força do estado na produção de uva e seus derivados.
"É importante reconhecermos o trabalho de toda a cadeia produtiva, desde o
viticultor, passando pela indústria, enólogos, entidades setoriais e governo.
Juntos, caminhamos para fortalecer ainda mais a viticultura gaúcha",
acredita.
O presidente do Conselho
Deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Moacir Mazzarollo,
cita alguns aspectos que contribuíram para o resultado. Segundo o dirigente,
que é viticultor no município de Veranópolis, na Serra Gaúcha, neste ano a
brotação foi mais uniforme e os cachos eram maiores e mais cheios, fatores
decisivos para o maior volume. Mazzarollo pondera que os períodos de chuva
alternados com predominância de tempo seco prejudicaram alguns produtores, mas
que a perda acabou sendo pequena. "Tínhamos uma expectativa de que
superaríamos em até 10% a safra anterior, mas o resultado foi melhor do que o
esperado", comemora.
Quanto à qualidade,
Mazzarollo afirma que os relatos que tem colhido junto às cooperativas e demais
empresas são de uvas com boa sanidade, cor e graduação dentro da média e até
superior aos últimos anos. "Acredito que a redução na espera dos
produtores para a entrega nas vinícolas foi fundamental para manter a qualidade
da matéria-prima", conclui.
Olir Schiavenin, presidente
da Comissão Interestadual da Uva, justifica a safra maior em relação ao ano
passado em função do aumento de áreas plantadas, com mudas novas e formas mais
adequadas de manejo. "A cada ano observamos um cuidado maior com a uva que
resulta em maior produtividade e também reflete na qualidade do produto
final", diz. Schiavenin acrescenta que os custos de produção obrigam os
produtores a aumentar o volume para viabilizar a atividade. "Continuamos
com problemas como da mão-de-obra, cada vez mais escassa e cara, da sucessão
rural, entre outros pontos que precisam ser analisados e colocados na balança
quando comemoramos um safra como esta, que foi boa em volume e qualidade",
propõe.
* Entre as variedades que
mais cresceram na safra 2015, destaque para a branca Chardonnay que passou de
5,8 milhões para 7,1 milhões de quilos, um crescimento de mais de 23%.
* As tintas mais
significativas em volume processado - Merlot e Cabernet Sauvignon -
apresentaram resultados distintos, com leve crescimento da primeira, de 7,8
milhões para pouco mais 8 milhões de quilos nesta safra. Já a Cabernet
Sauvignon teve redução de 1,1 milhão de quilo (menos 13,4% em relação à safra
anterior).
* Entre as variedades
americanas e híbridas, a Isabel, que é utilizada para vinho de mesa e suco de
uva, apresentou um crescimento de mais de 12%, passando de 228,5 milhões de
quilos para 256,4 milhões nesta safra. Já a Bordô, bastante usada nos sucos,
apresentou crescimento de quase 22%, passando de 113 milhões para 137,3 mi
lhões de uvas processadas.
* Outro destaque entre as
americanas e híbridas, que juntas cresceram mais de 17% em relação à safra
passada, está a Niágara Branca, que saltou de 27,9 para 50,3 milhões de quilos
neste ano, um crescimento de quase 80%.
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