Galvão Bueno, Raul Randon e Darci Miolo, os grandes do vinho
brasileiro, desta vez não levaram prêmios
Foto Edison Castêncio
Luciano Vian, presidente da Associação Brasileira de
Enologia
Foto Jeferson Soldi
A safra brasileira de vinhos 2014 não ficará na história
entre as de mais qualidade, se considerarmos a média das notas dadas pelos 120
enólogos que degustaram 290 vinhos de 58 vinícolas e selecionaram 90 como os
mais representativos da safra 2014 e apresentaram 16 amostras, sábado, em Bento
Gonçalves, na 22ª Nacional de Vinhos. As notas oscilaram entre 88 e 89
pontos e nenhuma amostra chegou a 90 pontos, sem dúvida uma pontuação muito
moderada em termos de qualidade. A explicação é que o excesso de chuvas e a
baixa insolação, na maioria das regiões viníferas, resultaram num quociente de
maturação abaixo do normal. Uva que não amadurece bem, não resulta em vinho
excepcional. Os vinhos todos, brancos e tintos, registraram baixo teor
alcoólico, outro indicador de qualidade. Haverá vinho bom, sim, mas não
excepcional.
Eis a média das notas dadas pelos 120 enólogos para as 16
amostras consideradas as melhores (entre
parênteses está a nota que eu dei):
Vinho base espumante Chardonnay Domno do Brasil: 88
pontos (76);
Vinho base espumante Chardonnay-Pinot Noir-Riesnling
Itálico Chandon: 88 pontos (88);
Vinho base espumante Chardonnay-Pinot Noir) Geisse: 89
(87):
Riesling Itálico Salton: 86 ponto (89);
Chardonnay Fazenda Santa Rita: 88 pontos (92):
Chardonnay Góes & Venturini: 88 pontos (91);
Chardonnay Aliança: 88 pontos (89);
Moscato Giallo Giacomin: 89 pontos (90);
Cabernet Sauvignon Giacomin-Hortênsia: 88 pontos (91);
Cabernet Franc Góes: 87 pontos (89);
Merlot Perini: 89 pontos (91);
Merlot Casa
Valduga: 88 pontos (89):
Cabernet Sauvignon Aurora: 88 pontos (88);
Ancellotta Don Guerino: 89 pontos (90);
Ancellotta Monte Rosário-Rotava: 88 pontos (87);
Tannat Valmarino: 88 pontos (91).
A Avaliação, realizada pela Associação Brasileira
de Enologia, como sempre (participei de quase todas), foi uma grande e bela
festa, com mais de 850 enófilos, no grande salão do Parque de Eventos, provando
os 16 vinhos considerados melhores e dando sua pontuação. Na mesa, 16 enólogos
e especialistas brasileiros e estrangeiros – inclusive o narrador esportivo
Galvão Bueno (TV Globo) e o ator Selton Mello – provaram e deram sua opinião
sobre as amostras. Galvão, também produtor, fez uma defesa apaixonada do vinho
brasileiro, dizendo que seu grande problema não é qualidade, é o preconceito
que existe contra ele.
Causou surpresa a ausência de vinhos da Campanha, do
Nordeste e do Paraná e chamou a atenção o grande número de pequenas e
desconhecidas vinícolas entre os vencedores. A ausência dos vinhos do Nordeste
foi explicada por Adriano Miolo, do Miolo Wine Group, por haver uma diferença
entre o período de coleta das amostras e o momento em que os que vinhos de lá
estão prontos para degustação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário