“Produção
Vegetal: Cultivo Protegido” foi o tema de debates na Casa da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária
(Fepagro) na Expointer, em Esteio (RS). O professor de fitopatologia e diretor
de Pesquisa e Inovação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Sul (IFRS) – Câmpus Bento Gonçalves, Marcus Almança, falou
sobre “Cultivo protegido em videiras: fitossanidade”.
Segundo
Almança, no Brasil, a cultura da videira é afetada por diversas doenças,
causadas por fungos, bactérias e vírus. “Entre as doenças de ocorrência em
vinhedos da Serra Gaúcha, podemos destacar o míldio (causado por Plasmopara
vitícola), o oídio (causado por Uncinula necator), a podridão cinzenta
(causada por Botryotinia fuckeliana) e a
podridão da uva madura (causada porGlomerella cingulata)”, destacou.
Conforme ele, a cobertura plástica é a principal estratégia para o controle
dessas doenças.
O pesquisador disse ainda que a área cultivada
com uvas, para produção de vinho, suco e derivados e, para consumo in
natura, no Rio Grande do Sul, corresponde basicamente a áreas sem a
utilização de cobertura plástica. “As uvas cultivadas no sistema com cobertura
são basicamente uvas finas para consumo in natura”.
Já o pesquisador Henrique Pessoa dos Santos, da
Embrapa Uva e Vinho, palestrou sobre a ecofisiologia de videiras em ambiente
protegido, uma alternativa para produção em regiões que apresentam limitações
de cultivo por adversidades climáticas. O método está em expansão na Serra
Gaúcha, crescendo a uma taxa de 80 hectares por ano na última década.“Apesar de ser uma região viável para o
cultivo das videiras, chove muito no Sul, o que gera problemas fitossanitários.
Sob esse aspecto, o cultivo protegido torna-se muito vantajoso, reduzindo o uso
de agroquímicos e garantindo safras em condições meteorológicas adversas”,
detalhou o pesquisador.
A plasticultura tem sido empregada em diversas culturas do mundo como
uma alternativa para garantia de safras e qualidade de produtos. O cultivo
protegido é utilizado para abrigar a videira da chuva, do granizo e de ventos.
Também faz com que haja uma redução na demanda hídrica da planta. “No geral,
não precisa irrigar. Uma planta na área coberta demanda 35% menos água”,
explica Henrique.
Sobre a proteção contra doenças, a Embrapa conduziu um experimento
comparando o cultivo tradicional com o protegido, ambos sem receber tratamento.
O ambiente protegido garantiu uma produção duas vezes maior do que o cultivo
tradicional. “O plástico é o nosso preventivo, é ele que vai exercer essa
proteção. No experimento da Embrapa, houve ocorrência zero de míldio e oídio,
redução de 75% da podridão-da-uva-madura, 39% da podridão-cinzenta-da-uva e 77%
de podridão ácida no primeiro ano”, elencou.
Apesar das vantagens do ambiente protegido, Henrique alerta para que ele
só seja adotado depois de muito embasamento técnico. O pesquisador enumerou
algumas dicas importantes sobre esse método de cultivo:
Pulverizações desnecessárias degradam o plástico. O plástico utilizado
em cultivo protegido tem um tratamento anti-UV e um anti-gotejamento, mas a
oxidação pelos metais presentes nos fungicidas degradam o material;
Invista em quebra-ventos, antes de investir nas coberturas;
Utilize arcos de aço galvanizado para apoio das coberturas, para evitar
rasgos;
A vegetação não pode tocar no plástico, pois o orvalho da manhã pode
molhar a planta, facilitando o surgimento de doenças. A poda verde é
obrigatória;
Mantenha o plástico limpo, pois a sujeira impede a entrada da luz e a
produtividade cai. A limpeza deve ser feita a cada dois ciclos;
Se investir em irrigação, tenha antes um controle da umidade do solo
para verificar a real necessidade.
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