domingo, 13 de abril de 2014

Vinhos da Península de Setúbal investirão forte no Brasil



                                   Henrique Soares, presidente da CVR Península de Setúbal
                                   D/JN

Andrea Fantoni manda-me a confirmação de uma interessante notícia sobre as pretensões dos vinhateiros da Península de Setúbal, em Portugal, sobre o Brasil. Foi lá, em Setúbal, que bebi alguns dos melhores moscatéis de minha vida.
A CVR da Península de Setúbal (Vinhos da Península de Setúbal) investirá meio milhão de euros no mercado brasileiro. A entidade certificadora dos vinhos Moscatel de Setúbal (DO) e Moscatel Roxo (DO), Palmela (DO) e Península de Setúbal (IG) é presidida pelo Henrique Soares que tem por objetivo aumentar em 10% as vendas para o mercado brasileiro em relação a 2013, quando exportaram 1.253.756,3 litros para o Brasil, correspondendo aproximadamente 3.000.000€. 
De acordo com Soares o mercado brasileiro é historicamente o mais importante para os Vinhos da Península de Setúbal. “Assim é há pelo menos dois séculos. É, aliás, graças à frequente exportação de vinhos para o Brasil que surge o fenômeno dos vinhos “Torna Viagem”, quando após algumas barricas terem retornado a Setúbal se constatou a melhoria que os vinhos tinham sofrido após terem viajado até ao Brasil e retornado a Portugal, dai “Torna Viagem”, comenta. Conheci algumas dessas barricas que passearam pelo Brasil. 
Com 1.200 vitivinicultores e 120 produtores, a Península de Setúbal produz 40 milhões de litros de vinho anualmente, de qualidade e premiações nacionais e internacionais. O Moscatel de Setúbal 1947 da José Maria da Fonseca, produtor mais antigo da região, por exemplo, recebeu pontuação máxima (100 pontos) do Robert Parker. Já o Moscatel de Setúbal Reserva 2006 da Venâncio da Costa Lima teve a primeira colocação na lista do concurso TOP 10 Muscats Du Monde. Esse sucesso é resultado dos investimentos nas uvas e vinhas, além da modernização do processo de produção e das adegas nos últimos anos.
 Entre os principais produtores regionais que marcam presença no Brasil estão a José Maria da Fonseca, Bacalhôa Vinhos de Portugal, Herdade da Comporta, Casa Ermelinda Freitas, Casa Agr. Assis Lobo, Adega Cooperativa de Pegões, Soberanas, Manzwine, Casa Agr. Horácio Simões, José Mota Capitão e António Saramago Vinhos. Afora o Brasil, os principais mercados são Angola, Canadá e China, além de Escandinávia, Países Baixos e Inglaterra. 
A entidade promoverá diversas ações para aumentar as vendas no Brasil, tais como a contratação de uma pesquisa de mercado para alavancar as vendas considerado o vinho perfeito: o do  Moscatel de Setubal. Para Henrique Soares a singularidade da bebida advém do equilíbrio perfeito entre frescura, álcool e doçura. “É um vinho exuberante que jamais se esquece após um primeiro contato porque impressiona de tal maneira o palato e o olfato que apetece sempre beber mais um pouco. O Moscatel de Setúbal é um vinho muito gastronômico, ao mesmo tempo doce (“ataque de boca”) e seco (“final de boca”). Frutado e muito aromático combina perfeitamente com a gastronomia brasileira”. Ainda de acordo com Soares, quando servido fresco imponência estas propriedades e torna-o ainda mais apetecível em diversos momentos de consumo, como aperitivo, como vinho de sobremesa, com queijos, e mesmo acompanhando toda a refeição. “Desde que bebido com parcimônia!”, brinca.      
A Costa Azul, como também é conhecida a Península de Setúbal, abrange o Distrito de Setúbal com 13 Concelhos portugueses. Muito fértil em belezas naturais, é limitada ao norte pelo rio Tejo, ao sul e leste pelo Alentejo e a oeste pelo Oceano Atlântico. Suas principais castas são Castelão, Moscatel de Setúbal (casta branca), Fernão Pires (casta branca), Touriga Nacional, Aragonez, e internacionais como Syrah, Cabernet Sauvignon e Merlot.
A CVRPS tem como principal missão a defesa das DO Setúbal e Palmela e IG Península de Setúbal, bem como a aplicação da respectiva regulamentação, o fomento e controle dos vinhos produzidos nas respectivas áreas geográficas e a garantia da sua origem, genuinidade e qualidade. 
Na Península de Setúbal produzem-se três tipos de vinho certificado:
 - Vinhos DO Palmela: certifica vinhos: brancos, rosados e tintos, frisantes, espumantes e licorosos. A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do concelho de Sesimbra. Corresponde à mesma àrea de delimitação da DO Setúbal.
- Vinhos DO Setúbal: é aplicável exclusivamente, para vinhos generosos, brancos (à base da casta Moscatel de Setúbal) ou tintos (à base da casta Moscatel Roxo). A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do concelho de Sesimbra. Corresponde à mesma àrea de delimitação da DO Palmela.
- Vinho Regional Península de Setúbal: é aplicável a vinhos brancos, tintos e rosados, frisantes, licorosos e vinho para base de espumantes. De grande dimensão geográfica, inclui todo o distrito de Setúbal. Engloba os concelhos Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines. 
Outras informações estão acessíveis pelos sites: www.vinhosdapeninsuladesetubal.pt  www.moscateldesetubal.pt

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