terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Um jantar à siciliana, outro com tesouros de Santana




Cordeiro das cabanhas Novo São João e Santa Orfila
                                  Azeites Ouro de Santana
   Vinhas Velhas Tannat 2011, da Almaden-Miolo 
           Fotos Arquivo JN

Periodicamente, inventos alguns jantares e convido pessoas muito especiais para deles compartilharem. Nos dias de ócio que passei na praia, no final de2014 e início de 2015, comecei a planejar dois jantares, cujas datas ainda não escolhi.
·         Estou pensando num jantar à siciliana, para umas 10 pessoas, em homenagem a Giuseppe Tomasi di Lampedusa e José Antonio Pinheiro Machado. Talvez com um macarrão à siciliana, elaborado com boa massa e carne moída, berinjela e manjericão, nadando no bom azeite da Fazenda Batalha, uma comida para deuses rústicos e privilegiados. A entrada poderiam ser empadas de camarão à Talleyrand. O vinho não poderá deixar de um Santa Margherita di Belice.
·         O segundo jantar, um pouco mais sofisticado, seria o Tesouros de Santana, lá na minha terra, Santana do Livramento, para um grupo maior, visando dar uma força aos produtos da terra: cordeiros, azeites e vinhos. O cordeiro viria das cabanhas Novo São João, de David Fontoura Martins, e Santa Orfila, de Claudino Loro, criados nos campos do Sarandi, lá mesmo onde houve o famoso duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires, durante a Revolução Farroupilha (1835-1845).
Os azeites seriam os Ouro de Santana Arbequina e Arbosana, da Olivopampa, de Fernando Rotondo, originários de azeitonas colhidas de olivais ao pé do cerro da Tafona. As oliveiras, que existem até em ruas da cidade, estão começando a ser uma nova riqueza na área rural do município.
E o vinho, finalmente, terá que ser um Vinhas Velhas Tannat 2011, elaborado sob a supervisão do enólogo Adriano Miolo, com uvas provenientes de vinhas com mais de 30 anos, as primeiras plantadas pela National Distillers, ao pé do cerro Palomas, terra do Juremir Machado. É um tinto maravilhoso, semelhante, comparável, ao Tannat Amat, do meu amigo  Javier Carrau, que só não entrará na carta do nosso jantar porque é feito em Rivera, Uruguai, ao lado de Livramento (poderemos fazer, futuramente, um jantar só com o Amat!). O Vinhas Velhas estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e os 2011 que ainda tenho na adega estão fantásticos, como demonstrou um que abri no final de ano, intensa cor vermelho-rubi, reflexos violáceos, aromas de frutas negras maduras lembrando amoras e cassis, notas florais, tostadas e de especiarias doces, toques herbáceos e de tabaco. Mostrou-se frutado, jovem, apesar dos três anos em garrafa, cheio, equilibrado, potente,com boa acidez, taninos finos e marcantes e final longo e intenso. Excelente para acompanhar carne de cordeiro como poderão comprovar os convivas que forem convidados ao jantar, quando ele acontecer.
Para sobremesa, estou pensando em pedir à dona Ana Maria uma das receitas que foram elaboradas durante o Julgamento do Caty, quando decidimos qual a raça ovina que oferece a melhor carne para ser harmonizada com vinhos, lá no Haras Alegria. Lembro-me que foram apresentadas cinco ambrosias diferentes. Para entrada, estou pensando numa  minissalada de aspargos com gravlax de salmão ao molho de mostarda e mel, quem sabe acompanhada pelo perfumado Gewurztraminer 2008 Reserva Especial, criado pela Rosana Wagner para a Cordilheira de Santana, vinho de aroma inconfundível, mistura exótica de especiarias e pétalas de rosas, sabor que lembra lichia e lima da Pérsia. O prato com cordeiro é que ainda não consegui imaginar. Só sei que tem que ser diferente dos tradicionais. Os pratos, é claro, serão de porcelana Noritake.




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