O presunto ibérico vem do porco preto
Foto Danilo Ucha/JN
Assim como um bom queijo exige um bom vinho, um bom vinho
cai muito bem com um presunto, especialmente se for um Pata Negra. A jornalista
Melina Ferrazzo manda-me um texto interessante sobre a diferença entre os
presuntos ibérico e o serrano, dois clássicos da península ibérica,
especialmente da Espanha, em cujas tascas muito os consumi, acompanhando vinhos
deliciosos.
“Há muitos anos, na Espanha – explica Melina - todos os
presuntos (jamones) curados eram chamados de “serranos”, sem levar em conta se
eram produzidos de suínos da raça ibérica ou céltica. Por volta dos anos 40 e
50, o consumo alimentar de qualidade começou a aumentar, surgindo a
diferenciação entre os dois tipos. Vale ressaltar que são produtos muito
diferentes, sendo parecidos apenas no processo de cura.
O presunto ibérico ou jamón ibérico é procedente de
porcos ibéricos, que têm características morfológicas e genéticas únicas. Os
porcos têm uma pele de cor escura e são criados em liberdade, no oeste e
sudoeste da Península Ibérica (Espanha) e se alimentam de rações preparadas com
cereais, e quando estão em zonas de pastagens, a alimentação é natural, com
“bellotas” (tipo de fruta de casca dura, parecidas com castanhas, são de
árvores azinheiras), ervas e pastagens em geral.
A produção destes porcos é limitada, devido às
circunstâncias geográficas, pois são produzidos nas regiões de Serra de Huelva,
Guijuelo, Extremadura e Los Pedroches, que apresentam espaço limitado. Por esta
razão o jamón ibérico é considerado escasso, tendo uma excelente qualidade e
preço elevado.
Ele representa apenas 10% da produção de jamón curado na
Espanha. Tem textura e aroma singulares e distinguíveis dos demais presuntos. O
sabor é mais doce, um pouco mais gorduroso e paladar mais acentuado pelo tipo
de animal e pela cura, que é no mínimo 14 meses, não podendo ultrapassar 36
meses.
Já o presunto
serrano ou jamón serrano, como o próprio nome diz, é produzido nas zonas
montanhosas (serras). É procedente de porcos de origem celta ou americana, das
raças Duroc, Pietrain, Landrace ou Large White e são criados em produções
intensivas, se alimentando de rações elaboradas com cereais, por isso,
apresenta sabor mais suave e leve. Este tipo de jamón atende aos critérios de
qualidade da União Europeia e representa cerca de 90% da produção. É curado por
no mínimo 9 meses em processo natural de maturação, porém a média é de 12 meses
e por possuir denominação de origem protegida (D.O.P.), ele está em
conformidade com as Normas de qualidade do consórcio de Presunto Serrano Espanhol,
a produção é realizada somente na Espanha, tem certificação europeia E.T.G.
(Especialidade Tradicional Garantida) que protege a denominação “Presunto
Serrano”, todas as peças têm um número de controle, que podem ser por um selo
de qualidade, pelo logotipo do Consórcio do Presunto Serrano Espanhol ou por
uma etiqueta numerada, vale ressaltar que todos apresentam a marca a fogo.
Ambos os presuntos são apreciados por todos, possuem
sabor intenso e suave ao mesmo tempo, deixando um sabor ligeiramente sutil e
persistente, têm aroma agradável, às vezes com pitadas de nozes, e têm textura
firme, ainda que delicada. Podem ser apreciados em saladas, bruschettas, tapas
ou sanduíches.”
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