Steven Spurier no Painel do Espumante, em São Paulo
Foto Janice Prado/Ibravin
Na opinião do jornalista editor da Decanter Magazine,
Brasil terá papel de relevância na produção de espumantes, que está com consumo
em ascensão no mercado mundial "Vocês não precisam de Champagne, o Brasil
tem seus próprios espumantes para beber". Essa foi uma das frases capitais
proferidas pelo renomado crítico inglês, Steven Spurrier, editor da Decanter
Magazine, durante a realização do Panorama dos Espumantes do Hemisfério Sul,
realizado na última sexta-feira (25), pelo Instituto Brasileiro do Vinho
(Ibravin), no Centro de Convenções da Fecomércio, em São Paulo.Em sua vinda ao
Brasil, Spurrier coordenou uma degustação às cegas, segmentada por país,
realizada na parte da manhã, complementada por uma palestra sobre o panorama
mundial de espumantes à tarde, com sua avaliação sobre a produção
verde-amarela.
Além de compilar informações sobre o centenário do
espumante no Brasil, o jornalista passeou pelas principais zonas produtoras
mundiais, incluindo dados pioneiros sobre a atividade na Inglaterra, fazendo a
ligação com a evolução do mercado consumidor.
"O consumo de espumante está em ascensão em todos os
mercados mais importantes do mundo, e o Brasil terá um importante papel nesta
categoria nos próximos anos", avaliou o jornalista complementado: "O Brasil produz os melhores espumantes do
Hemisfério Sul. Mesmo com poucas amostras, esse painel provou que os espumantes
brasileiros têm qualidade, são competitivos em preço e tem potencial de
conquistar novos consumidores tanto no país como no Exterior", sentenciou.
As avaliações foram apresentadas ao público convidado
após Spurrier ter coordenado um painel de degustação que contou com 21 amostras
de espumantes do Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e Nova
Zelândia. Com um júri especializado que comentou as amostras servidas às cegas
e um grupo de degustadores que acompanhou a prova com as bebidas sendo servidas
simultaneamente, o evento convidou a plateia a conhecer as características dos
produtos elaborados nos principais países produtores do Hemisfério Sul.
Sem querer repetir a experiência realizada no clássico
Julgamento de Paris, Spurrier formatou o painel para que os participantes
imergissem na diversidade de características dos países produtores em questão,
sem que as amostras recebessem notas ou fossem ranqueadas. "Será um
exercício de ponto de vista, apontando o que mais nos agrada, sem necessariamente
significar que são os melhores", convidou ele durante a abertura do
evento.
Na contabilização das preferências dos jurados, o Brasil
ficou com duas, das três amostras indicadas pelo grupo no método Charmat, e
repetiu o resultado na categoria do método Tradicional. O outro país que
compartilhou a preferência com uma amostra em cada categoria foi a Nova
Zelândia.
No Charmat, os rótulos brasileiros com mais indicações
foram o Giacomin Brut, da Vinícola Giacomin, e o Cordelier Brut, da Fante
Indústria de Bebidas. O neozelandês foi o Sparkling Brut Sileni, da Sileni
State. Os rótulos elaborados pelo método tradicional que mais agradaram foram
os brasileiros Miolo Millesime, da Miolo Wine Group, o Cave Geisse Blanc de
Blanc, da Vinícola Geisse, e o Miru Miru, da neozelandesa Hunter´s Wines.
"A
degustação foi fascinante. Fiquei impressionado com a qualidade dos espumantes
brasileiros, com os comentários dos jurados e com a riqueza de detalhes com que
foram apresentados. O resultado, com mais de 50% das preferências para os
produtos do Brasil, comprova essa qualidade", concluiu Spurrier.
A promoção do evento contou com recursos da Secretaria da
Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa/RS) e da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) e apoio da Strauss, fabricante
da taça oficial do espumante brasileiro.
Quem é Steven Spurrier
Steven Spurrier
nasceu em 1941, em Londres, onde, em 1964, como estagiário, começou no comércio
de vinhos. Em 1970, foi morar em Paris, tornando-se dono da Les Caves de la
Madeleine, uma pequena loja de vinhos no centro da cidade que alcançou
rapidamente o reconhecimento como um dos mais inovadores varejos da capital
francesa. Em 1973, abriu a L´Academie du Vin Frances, uma escola privada de
vinhos.
Mas sua fama
internacional correu o mundo em 1976, quando conduziu o conhecido e histórico
"Julgamento de Paris", confrontando, em uma degustação às cegas,
vinhos tintos e brancos californianos contra os melhores exemplares de Bordeaux
e Borgonha. O resultado da degustação, que tinha nove juízes franceses,
surpreendeu a todos: um Chardonnay e um Cabernet Sauvignon da Califórnia
venceram os tradicionais rótulos franceses.
Em 1988, Spurrier
vendeu suas empresas e retornou a Londres, onde tornou-se um consultor de vinho
e jornalista. É também consultor e editor da revista Decanter.
Nos últimos
anos, Spurrier tem se dedicado a um novo desafio: plantou em uma propriedade de
três hectares, em Dorset, na Inglaterra, cerca de 12.500 videiras, com as
variedades da região de Champagne (Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier). As
primeiras garrafas estarão disponíveis em 2015.
Frases proferidas por Steven Spurrier durante a
palestra em São Paulo:
"Vocês
(os brasileiros) não precisam de Champagne. O Brasil tem seus próprios
espumantes para beber".
"O
sucesso que o champanhe fez no passado não é garantia de que fará no futuro. Ao
exigir a denominação e restringir o acesso, estão sendo abertas portas para
espumantes de outros países e o Brasil tem um potencial enorme nesse
sentido".
Sobre os
moscatéis:"É um vinho muito popular em todos os mercados devido ao baixo
teor alcoólico, por ser um produto leve, jovem e descontraído".
"O Brasil
produz os melhores espumantes do Hemisfério Sul. Mesmo com poucas amostras,
esse painel provou que os espumantes brasileiros têm qualidade, são
competitivos em preço e tem potencial de conquistar novos consumidores tanto no
país como no exterior".
"A
tendência por produtos Premium está se espalhando pelo mundo: as pessoas tendem
a beber em menor quantidade, mas buscando vinhos e espumantes de
qualidade".
"O
consumo de espumantes cresceu 25% no Reino Unido nos últimos cinco anos, o que
é uma oportunidade para os produtores brasileiros. Para preencher a lacuna que
existem no mercado, principalmente de espumantes Premium".
"O céu é
o limite para os espumantes brasileiros. O espumante é o canto da sereia para o
setor vinícola brasileiro."
"A
degustação foi fascinante. Eu fiquei impressionado com a qualidade dos
espumantes brasileiros, com os comentários dos jurados e com a riqueza de detalhes
que foram apresentados. O resultado, com mais de 50% das preferências para os
produtos brasileiros, comprova essa qualidade".
Componentes do júri
Steven Spurrier - Editor da Decanter Magazine
Dirceu Vianna Júnior - Primeiro brasileiro Master
of Wine
Dirceu Patrício Tápia - Representante da Wine
Intelligence no Brasil e editor do Guia Descorchados
Mauro Zanus - Chefe Geral da Embrapa Uva e Vinho
Roberto Rabacchino - Presidente da Associação da
Imprensa da indústria Agroalimentar Italiana
Diego Arrebola - Melhor Sommelier do Brasil, pelo
Concurso Nacional da Associação Brasileira de Sommeliers
Suzana Barelli - Editora da Revista Menú
Christian Burgos - Editor de vinhos brasileiros da
Revista Adega
Marcelo Copello - Diretor da Baco Multimídia
Horst Kissmann - Editor de vinhos da Revista
Prazeres da Mesa
Eduardo Viotti - Editor da Revista Vinho Magazine
Amostras degustadas - método
Charmat
Amostra
|
País
|
Rótulo
|
Vinícola
|
Variedades
|
Valor em SP
|
1
|
Argentina
|
Norton Extra Brut
|
Bodegas Norton
|
Chardonnay e Chenin Blan
|
R$ 47,00
|
2
|
Argentina
|
Trivento Brut
|
Trivento
|
Chenin e Chardonnay
|
R$ 35,00
|
3
|
Argentina
|
Altas Cumbres Brut
|
Bodega Lagarde
|
Chardonnay, Pinot Noir e Semillon
|
R$ 35,20
|
4
|
Brasil
|
Chandon Reserve brut
|
Chandon
|
Riesling Itálico,
Chardonnay e Pinot Noir
|
R$ 74,00
|
5*
|
Brasil
|
Giacomin brut
|
Giacomin
|
Riesling Itálico
|
R$ 23,00
|
6*
|
Brasil
|
Cordelier brut
|
Fante
|
Chardonnay, Pinot Noir e
Riesling Itálico
|
R$ 35,00
|
7
|
Chile
|
Santa Carolina Brut
|
Viña Santa Carolina
|
Chardonnay
|
R$ 28,84
|
8
|
Chile
|
Concha Y Toro Brut Charmat
|
Concha Y Toro
|
Chardonnay e Chenin Blan
|
R$ 35,00
|
9
|
Chile
|
Santa Helena Premium Brut
|
Viña Santa Helena
|
Chardonnay, Pinot Noir e Sauv. Blanc
|
R$ 29,90
|
10*
|
Nova Zelândia
|
Sparkling Brut Sileni
|
Sileni Estate
|
Chardonnay
|
R$ 101,90
|
11
|
África do Sul
|
Nederburg Cuvée Brut
|
Nederburg
|
Cape Riesling, Chardonnay, Chenin Blanc e Colombar
|
R$ 39,95
|
* Amostras com mais
indicações de preferência pelo júri
Amostras degustadas - Método Tradicional
Amostra
|
País
|
Rótulo
|
Vinícola
|
Variedades
|
Valor em SP
|
1
|
Argentina
|
Luigi Bosca brut Nature
|
Luigi Bosca
|
Chardonnay e Pinot
|
R$ 118,46
|
2
|
Argentina
|
Kaiken Sparkling Brut
|
Kaiken
|
Pinot Noir e Chardonnay
|
R$ 110,78
|
3
|
Argentina
|
Trapiche Brut
|
Bodegas Trapiche
|
Chardonnay, Semillon e
Malbec
|
R$ 49,90
|
4
|
Australia
|
Angas Brut
|
|
Chardonnay e Pinot
|
R$ 78,00
|
5*
|
Brasil
|
Miolo Millesime
|
Miolo
|
Chardonnay e Pinot Noir
|
R$ 90,00
|
6
|
Brasil
|
Casa Valduga 130
|
Casa Valduga
|
Pinot Noir e Chardonnay
|
R$ 80,00
|
7*
|
Brasil
|
Cave Geisse Blanc de Blanc
|
Geisse
|
Chardonnay
|
R$ 85,00
|
8*
|
Chile
|
Tarapacá Tradicional Brut
|
Vinã Tarapacá
|
Chardonnay
|
R$ 97,67
|
9*
|
Nova Zelândia
|
Miru Miru
|
Hunter's Wines
|
Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier
|
R$ 116,93
|
10
|
África do Sul
|
Twee Jonge Gezellen Kron Borealis Cuvée Brut 2007
|
Krone
|
Chardonnay e Pinot Noir
|
R$ 118,77
|
* Amostras com mais indicações
de preferência pelo júri
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