terça-feira, 6 de maio de 2014

Steven Spurrier diz que o Brasil tem o melhor espumante do Hemisfério Sul

                               Steven Spurier no Painel do Espumante, em São Paulo
                                Foto Janice Prado/Ibravin
Na opinião do jornalista editor da Decanter Magazine, Brasil terá papel de relevância na produção de espumantes, que está com consumo em ascensão no mercado mundial "Vocês não precisam de Champagne, o Brasil tem seus próprios espumantes para beber". Essa foi uma das frases capitais proferidas pelo renomado crítico inglês, Steven Spurrier, editor da Decanter Magazine, durante a realização do Panorama dos Espumantes do Hemisfério Sul, realizado na última sexta-feira (25), pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), no Centro de Convenções da Fecomércio, em São Paulo.Em sua vinda ao Brasil, Spurrier coordenou uma degustação às cegas, segmentada por país, realizada na parte da manhã, complementada por uma palestra sobre o panorama mundial de espumantes à tarde, com sua avaliação sobre a produção verde-amarela.
Além de compilar informações sobre o centenário do espumante no Brasil, o jornalista passeou pelas principais zonas produtoras mundiais, incluindo dados pioneiros sobre a atividade na Inglaterra, fazendo a ligação com a evolução do mercado consumidor.
"O consumo de espumante está em ascensão em todos os mercados mais importantes do mundo, e o Brasil terá um importante papel nesta categoria nos próximos anos", avaliou o jornalista complementado: "O Brasil produz os melhores espumantes do Hemisfério Sul. Mesmo com poucas amostras, esse painel provou que os espumantes brasileiros têm qualidade, são competitivos em preço e tem potencial de conquistar novos consumidores tanto no país como no Exterior", sentenciou.
As avaliações foram apresentadas ao público convidado após Spurrier ter coordenado um painel de degustação que contou com 21 amostras de espumantes do Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Com um júri especializado que comentou as amostras servidas às cegas e um grupo de degustadores que acompanhou a prova com as bebidas sendo servidas simultaneamente, o evento convidou a plateia a conhecer as características dos produtos elaborados nos principais países produtores do Hemisfério Sul.
Sem querer repetir a experiência realizada no clássico Julgamento de Paris, Spurrier formatou o painel para que os participantes imergissem na diversidade de características dos países produtores em questão, sem que as amostras recebessem notas ou fossem ranqueadas. "Será um exercício de ponto de vista, apontando o que mais nos agrada, sem necessariamente significar que são os melhores", convidou ele durante a abertura do evento.
Na contabilização das preferências dos jurados, o Brasil ficou com duas, das três amostras indicadas pelo grupo no método Charmat, e repetiu o resultado na categoria do método Tradicional. O outro país que compartilhou a preferência com uma amostra em cada categoria foi a Nova Zelândia.
No Charmat, os rótulos brasileiros com mais indicações foram o Giacomin Brut, da Vinícola Giacomin, e o Cordelier Brut, da Fante Indústria de Bebidas. O neozelandês foi o Sparkling Brut Sileni, da Sileni State. Os rótulos elaborados pelo método tradicional que mais agradaram foram os brasileiros Miolo Millesime, da Miolo Wine Group, o Cave Geisse Blanc de Blanc, da Vinícola Geisse, e o Miru Miru, da neozelandesa Hunter´s Wines.
"A degustação foi fascinante. Fiquei impressionado com a qualidade dos espumantes brasileiros, com os comentários dos jurados e com a riqueza de detalhes com que foram apresentados. O resultado, com mais de 50% das preferências para os produtos do Brasil, comprova essa qualidade", concluiu Spurrier.
A promoção do evento contou com recursos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa/RS) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) e apoio da Strauss, fabricante da taça oficial do espumante brasileiro.
Quem é Steven Spurrier
Steven Spurrier nasceu em 1941, em Londres, onde, em 1964, como estagiário, começou no comércio de vinhos. Em 1970, foi morar em Paris, tornando-se dono da Les Caves de la Madeleine, uma pequena loja de vinhos no centro da cidade que alcançou rapidamente o reconhecimento como um dos mais inovadores varejos da capital francesa. Em 1973, abriu a L´Academie du Vin Frances, uma escola privada de vinhos.
Mas sua fama internacional correu o mundo em 1976, quando conduziu o conhecido e histórico "Julgamento de Paris", confrontando, em uma degustação às cegas, vinhos tintos e brancos californianos contra os melhores exemplares de Bordeaux e Borgonha. O resultado da degustação, que tinha nove juízes franceses, surpreendeu a todos: um Chardonnay e um Cabernet Sauvignon da Califórnia venceram os tradicionais rótulos franceses.
Em 1988, Spurrier vendeu suas empresas e retornou a Londres, onde tornou-se um consultor de vinho e jornalista. É também consultor e editor da revista Decanter.
 Nos últimos anos, Spurrier tem se dedicado a um novo desafio: plantou em uma propriedade de três hectares, em Dorset, na Inglaterra, cerca de 12.500 videiras, com as variedades da região de Champagne (Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier). As primeiras garrafas estarão disponíveis em 2015. 
Frases proferidas por Steven Spurrier durante a palestra em São Paulo:
"Vocês (os brasileiros) não precisam de Champagne. O Brasil tem seus próprios espumantes para beber".
"O sucesso que o champanhe fez no passado não é garantia de que fará no futuro. Ao exigir a denominação e restringir o acesso, estão sendo abertas portas para espumantes de outros países e o Brasil tem um potencial enorme nesse sentido".
Sobre os moscatéis:"É um vinho muito popular em todos os mercados devido ao baixo teor alcoólico, por ser um produto leve, jovem e descontraído".
"O Brasil produz os melhores espumantes do Hemisfério Sul. Mesmo com poucas amostras, esse painel provou que os espumantes brasileiros têm qualidade, são competitivos em preço e tem potencial de conquistar novos consumidores tanto no país como no exterior".
"A tendência por produtos Premium está se espalhando pelo mundo: as pessoas tendem a beber em menor quantidade, mas buscando vinhos e espumantes de qualidade".
"O consumo de espumantes cresceu 25% no Reino Unido nos últimos cinco anos, o que é uma oportunidade para os produtores brasileiros. Para preencher a lacuna que existem no mercado, principalmente de espumantes Premium".
"O céu é o limite para os espumantes brasileiros. O espumante é o canto da sereia para o setor vinícola brasileiro."
"A degustação foi fascinante. Eu fiquei impressionado com a qualidade dos espumantes brasileiros, com os comentários dos jurados e com a riqueza de detalhes que foram apresentados. O resultado, com mais de 50% das preferências para os produtos brasileiros, comprova essa qualidade".
Componentes do júri
Steven Spurrier - Editor da Decanter Magazine
Dirceu Vianna Júnior - Primeiro brasileiro Master of Wine
Dirceu Patrício Tápia - Representante da Wine Intelligence no Brasil e editor do Guia Descorchados
Mauro Zanus - Chefe Geral da Embrapa Uva e Vinho
Roberto Rabacchino - Presidente da Associação da Imprensa da indústria Agroalimentar Italiana
Diego Arrebola - Melhor Sommelier do Brasil, pelo Concurso Nacional da Associação Brasileira de Sommeliers
Suzana Barelli - Editora da Revista Menú
Christian Burgos - Editor de vinhos brasileiros da Revista Adega
Marcelo Copello - Diretor da Baco Multimídia
Horst Kissmann - Editor de vinhos da Revista Prazeres da Mesa
Eduardo Viotti - Editor da Revista Vinho Magazine
 Amostras degustadas - método Charmat
Amostra
País
Rótulo
Vinícola
Variedades
Valor em SP
1
Argentina
Norton Extra Brut
Bodegas Norton
Chardonnay e Chenin Blan
R$ 47,00
2
Argentina
Trivento Brut
Trivento
Chenin e  Chardonnay
R$ 35,00
3
Argentina
Altas Cumbres Brut
Bodega Lagarde
Chardonnay, Pinot Noir e Semillon
R$ 35,20
4
Brasil
Chandon Reserve brut
Chandon
Riesling Itálico, Chardonnay e Pinot Noir
R$ 74,00
5*
Brasil
Giacomin brut
Giacomin
Riesling Itálico
R$ 23,00
6*
Brasil
Cordelier brut
Fante
Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico
R$ 35,00
7
Chile
Santa Carolina Brut
Viña Santa Carolina
Chardonnay
R$ 28,84
8
Chile
Concha Y Toro Brut Charmat
Concha Y Toro
Chardonnay e Chenin Blan
R$ 35,00
9
Chile
Santa Helena Premium Brut
Viña Santa Helena
Chardonnay, Pinot Noir e Sauv. Blanc
R$ 29,90
10*
Nova Zelândia
Sparkling Brut Sileni
Sileni Estate
Chardonnay
R$ 101,90
11
África do Sul
Nederburg Cuvée Brut
Nederburg
Cape Riesling, Chardonnay, Chenin Blanc e Colombar
R$ 39,95
 * Amostras com mais indicações de preferência pelo júri

Amostras degustadas - Método Tradicional
Amostra
País
Rótulo
Vinícola
Variedades
Valor em SP
1
Argentina
Luigi Bosca brut Nature
Luigi Bosca
Chardonnay e Pinot
R$ 118,46
2
Argentina
Kaiken Sparkling Brut
Kaiken
Pinot Noir e Chardonnay
R$ 110,78
3
Argentina
Trapiche Brut
Bodegas Trapiche
Chardonnay, Semillon e Malbec
R$ 49,90
4
Australia
Angas Brut

Chardonnay e Pinot
R$ 78,00
5*
Brasil
Miolo Millesime
Miolo
Chardonnay e Pinot Noir
R$ 90,00
6
Brasil
Casa Valduga 130
Casa Valduga
Pinot Noir e Chardonnay
R$ 80,00
7*
Brasil
Cave Geisse Blanc de Blanc
Geisse
Chardonnay
R$ 85,00
8*
Chile
Tarapacá Tradicional Brut
Vinã Tarapacá
Chardonnay
R$ 97,67
9*
Nova Zelândia
Miru Miru
Hunter's Wines
Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier
R$ 116,93
10
África do Sul
Twee Jonge Gezellen Kron Borealis Cuvée Brut 2007
Krone
Chardonnay e Pinot Noir
R$ 118,77
* Amostras com mais indicações de preferência pelo júri






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