sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O grande Merlot Terroir Miolo tem história


                                Adriano Miolo, enólogo e diretor da Miolo
                                Foto Arquivo JN

O  bisneto de Don Giuseppe Miolo, o enólogo Adriano Miolo, diretor do Miolo Wine Group, mandou-me um interessante texto sobre o primeiro Merlot Terroir da Miolo, lançado na safra de 2004, com a presença do enólogo francês Michel Rolland. Eu estava lá. Acompanho Rolland desde a primeira vez que elei veio ao Brasil, em 2002, trazido pelo Miolo para dar-lhe assessoria e, especialmente, desenvolver este Merlot com as uvas plantadas na encosta diante do prédio da vinícola, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçaves. Não esqueço, principalmente, porque Rolland quase causou uma nova Revolução Farroupilha, desta vez com os gaúchos montando à cavalo, pegando em lanças contra os franceses. Acontece que, numa entrevista para a jornalista Bete Duarte e eu, Michel disse que o vinho do Rio Grande do Sul só ia ganhar prestígio no mundo dos vinhos quando o estado acabasse com a produção de vinho comum, elaborado com vinhas americanas e híbridas. A gringalhada toda da serra, os presidentes de cooperativas e de entidades da vitivinicultura, autoridades e deputados ameaçaram encilhar os pingos e ir à luta, pois o vinho comum  - coisa de 400 milhões de litros/ano – é a grande produção dos gaúchos e sustenta milhares de pequenos agricultores que não plantam viníferas. Um vinho, diga-se, que somente e consumido no Brasil e no Paraguai!
Pois bem, a guerra não saiu, o pessoal e acalmou, Rolland continuou seu trabalho para desenvolver o Merlot Terroir. Mas, até hoje, 13 anos, depois, não falem o nome do francês diante da maioria dos vinicultores gaúchos.
Depois deste nariz-de-cera, como se dizia na imprensa quando comecei, lá pelos anos de 1960, vamos ao texto de Adriano Miolo:
“O primeiro Merlot Terroir da Miolo  - escreveu - foi produzido na safra de 2004 juntamente com enólogo Michel Rolland.Na época, já produzíamos o Lote 43 e o Cuvée Giuseppe Cabernet/Merlot, que é o primo-irmão do Lote 43, no Vale dos Vinhedos. Nos anos em que não alcançamos a produção do Lote, as uvas são destinadas para o Miolo Cuvée Giuseppe, que é um vinho parecido com o Lote, mas menos concentrado e mais jovem.
Nesse período, estávamos em pleno desenvolvimento da Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos e, desde 2001, já estávamos trabalhando com a Indicação de Procedência. Muitos estudos e testes foram feitos com variedades plantadas no Vale e era necessário escolher uma variedade tinta que servisse de base para os vinhos elaborados nesse terroir.
Após muitos anos vinificando várias castas tintas no Vale dos Vinhedos, percebemos que a Merlot era a que apresentava uma maior uniformidade nos resultados, mesmo em anos de clima mais adverso, e que conseguia chegar com mais facilidade à maturação, tanto de açúcares como polifenólica. Assim, estava escolhida a variedade que expressaria o terroir do Vale dos Vinhedos. E também o nome do próximo vinho que iríamos elaborar, o Miolo Merlot Terroir.
Depois disso, só faltava definirmos como faríamos esse vinho que expressaria o verdadeiro Terroir do Vale dos vinhedos.
A Família Miolo tem um longo histórico com a Merlot no Vale. Afinal, foi uma das pioneiras no seu plantio na década de 70, o que possibilitou o conhecimento de todas as facetas dessa variedade. A partir dessa experiência, observamos que ela dava resultados distintos nos diferentes solos, seja nas encostas ou nas partes mais baixas, na base. Nossos viticultores definiram isso como "manchas de solo", e foi assim que começamos a vinificar essas "manchas" por separado e, após vários anos, identificamos as que davam melhores resultados.            
Desta forma, o Merlot Terroir é vinificado com várias parcelas (manchas) dos vinhedos da Família Miolo de São Gabriel, Leopoldina, Graciema e Monte Belo. No momento do corte, são escolhidos os melhores vinhos dessas parcelas, que são 100% Merlot, e reunidos em um corte que envelhece por 12 meses em barricas de carvalho francês.
O Miolo Merlot Terroir já nasceu campeão. Na sua primeira edição, na safra 2004, ganhou o prêmio de melhor vinho Brasileiro, na edição 175 da revista Gula em maio de 2007.
O rótulo também já ganhou o prêmio de melhor vinho do mundo até US$100 em Londres, por um grupo seleto dos 280 Masters of Wine.
Em 2015, ganhou o prêmio de melhor vinho da América do Sul da Världens Viner Awards, realizado na Suécia, além de conquistar a Medalha de Ouro na Grande Prova de Vinhos do Brasil 2015.
Por várias edições, ganhou entre os 16 vinhos mais representativos da safra, na Avaliação Nacional de Vinhos.
O Merlot Terroir é sucesso no Brasil e no mundo, sendo exportado para diversos países, como Suíça, Inglaterra, China, entre outros. Confira as safras já produzidas: 2004, 2005, 2008, 2009, 2011, 2012 (é a que está no mercado agora) e 2015 (que ainda está em barricas).
Degustação:
Cor: vermelho-rubi vivo, com boa intensidade.
Aroma: frutas vermelhas maduras, tostado, café, mentol, tartuffi (trufa branca).
Sabor: delicado, com bom corpo, com taninos aveludados. O ponto forte é a sua elegância!
Harmonização:
Acompanha pratos de sabor bem elaborado, sofisticados e delicados, como pato assado ao tamarindo, risoto de funghi e farfalle ao molho de gorgonzola. Como é um vinho macio, harmoniza com comidas de tendência amarga e ácida como, por exemplo, frango caipira com polenta e radicci, avestruz ao molho de mostarda e caldeirada de marisco. Os queijos ideais são os maduros de massa dura, tipo parmesão, pecorino e grana padano.
Deguste o Miolo Merlot Terroir e envie as suas percepções para nós.”
Adriano Miolo

Enólogo e bisneto de Giuseppe Miolo

Um comentário:

Batibruno disse...

Bleargh!
Xarope empalangoso...