Foto Arquivo JN
O bisneto de Don
Giuseppe Miolo, o enólogo Adriano Miolo, diretor do Miolo Wine Group, mandou-me
um interessante texto sobre o primeiro Merlot Terroir da Miolo, lançado na
safra de 2004, com a presença do enólogo francês Michel Rolland. Eu estava lá.
Acompanho Rolland desde a primeira vez que elei veio ao Brasil, em 2002,
trazido pelo Miolo para dar-lhe assessoria e, especialmente, desenvolver este
Merlot com as uvas plantadas na encosta diante do prédio da vinícola, no Vale
dos Vinhedos, em Bento Gonçaves. Não esqueço, principalmente, porque Rolland
quase causou uma nova Revolução Farroupilha, desta vez com os gaúchos montando
à cavalo, pegando em lanças contra os franceses. Acontece que, numa entrevista
para a jornalista Bete Duarte e eu, Michel disse que o vinho do Rio Grande do
Sul só ia ganhar prestígio no mundo dos vinhos quando o estado acabasse com a
produção de vinho comum, elaborado com vinhas americanas e híbridas. A
gringalhada toda da serra, os presidentes de cooperativas e de entidades da
vitivinicultura, autoridades e deputados ameaçaram encilhar os pingos e ir à
luta, pois o vinho comum - coisa de 400
milhões de litros/ano – é a grande produção dos gaúchos e sustenta milhares de
pequenos agricultores que não plantam viníferas. Um vinho, diga-se, que somente
e consumido no Brasil e no Paraguai!
Pois bem, a guerra não saiu, o pessoal e acalmou, Rolland
continuou seu trabalho para desenvolver o Merlot Terroir. Mas, até hoje, 13
anos, depois, não falem o nome do francês diante da maioria dos vinicultores
gaúchos.
Depois deste nariz-de-cera, como se dizia na imprensa
quando comecei, lá pelos anos de 1960, vamos ao texto de Adriano Miolo:
“O primeiro Merlot Terroir da Miolo - escreveu - foi produzido na safra de 2004
juntamente com enólogo Michel Rolland.Na época, já produzíamos o Lote 43 e o
Cuvée Giuseppe Cabernet/Merlot, que é o primo-irmão do Lote 43, no Vale dos
Vinhedos. Nos anos em que não alcançamos a produção do Lote, as uvas são
destinadas para o Miolo Cuvée Giuseppe, que é um vinho parecido com o Lote, mas
menos concentrado e mais jovem.
Nesse período, estávamos em pleno desenvolvimento da
Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos e, desde 2001, já estávamos trabalhando
com a Indicação de Procedência. Muitos estudos e testes foram feitos com
variedades plantadas no Vale e era necessário escolher uma variedade tinta que
servisse de base para os vinhos elaborados nesse terroir.
Após muitos anos vinificando várias castas tintas no Vale
dos Vinhedos, percebemos que a Merlot era a que apresentava uma maior
uniformidade nos resultados, mesmo em anos de clima mais adverso, e que
conseguia chegar com mais facilidade à maturação, tanto de açúcares como
polifenólica. Assim, estava escolhida a variedade que expressaria o terroir do
Vale dos Vinhedos. E também o nome do próximo vinho que iríamos elaborar, o
Miolo Merlot Terroir.
Depois disso, só faltava definirmos como faríamos esse
vinho que expressaria o verdadeiro Terroir do Vale dos vinhedos.
A Família Miolo tem um longo histórico com a Merlot no
Vale. Afinal, foi uma das pioneiras no seu plantio na década de 70, o que
possibilitou o conhecimento de todas as facetas dessa variedade. A partir dessa
experiência, observamos que ela dava resultados distintos nos diferentes solos,
seja nas encostas ou nas partes mais baixas, na base. Nossos viticultores
definiram isso como "manchas de solo", e foi assim que começamos a
vinificar essas "manchas" por separado e, após vários anos,
identificamos as que davam melhores resultados.
Desta forma, o Merlot Terroir é vinificado com várias
parcelas (manchas) dos vinhedos da Família Miolo de São Gabriel, Leopoldina,
Graciema e Monte Belo. No momento do corte, são escolhidos os melhores vinhos
dessas parcelas, que são 100% Merlot, e reunidos em um corte que envelhece por
12 meses em barricas de carvalho francês.
O Miolo Merlot Terroir já nasceu campeão. Na sua primeira
edição, na safra 2004, ganhou o prêmio de melhor vinho Brasileiro, na edição
175 da revista Gula em maio de 2007.
O rótulo também já ganhou o prêmio de melhor vinho do
mundo até US$100 em Londres, por um grupo seleto dos 280 Masters of Wine.
Em 2015, ganhou o prêmio de melhor vinho da América do
Sul da Världens Viner Awards, realizado na Suécia, além de conquistar a Medalha
de Ouro na Grande Prova de Vinhos do Brasil 2015.
Por várias edições, ganhou entre os 16 vinhos mais
representativos da safra, na Avaliação Nacional de Vinhos.
O Merlot Terroir é sucesso no Brasil e no mundo, sendo
exportado para diversos países, como Suíça, Inglaterra, China, entre outros.
Confira as safras já produzidas: 2004, 2005, 2008, 2009, 2011, 2012 (é a que
está no mercado agora) e 2015 (que ainda está em barricas).
Degustação:
Cor: vermelho-rubi vivo, com boa intensidade.
Aroma: frutas vermelhas maduras, tostado, café, mentol,
tartuffi (trufa branca).
Sabor: delicado, com bom corpo, com taninos aveludados. O
ponto forte é a sua elegância!
Harmonização:
Acompanha pratos de sabor bem elaborado, sofisticados e
delicados, como pato assado ao tamarindo, risoto de funghi e farfalle ao molho
de gorgonzola. Como é um vinho macio, harmoniza com comidas de tendência amarga
e ácida como, por exemplo, frango caipira com polenta e radicci, avestruz ao
molho de mostarda e caldeirada de marisco. Os queijos ideais são os maduros de
massa dura, tipo parmesão, pecorino e grana padano.
Deguste o Miolo Merlot Terroir e envie as suas percepções
para nós.”
Adriano Miolo
Enólogo e bisneto de Giuseppe Miolo
Um comentário:
Bleargh!
Xarope empalangoso...
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