O leitor Carlos Daniel Abreu Lima
da Rosa, lá do Rio de Janeiro, manda uma excelente contribuição sobre o novo momento
econômico que o Rio Grande do Sul vive com o desenvolvimento do plantio de
oliveiras e a produção de azeitonas e de azeites. Vale a pena ler:
“Bom dia, Sr. Ucha,
Tenho acompanhado seu blog há algum tempo. Dentre outros assuntos que tenho lido, tenho especial atenção sobre a produção de azeite de oliva, visto que já há algum tempo acredito que esta seja outra excelente alternativa econômica para a região da Campanha. Assim, gostaria de aproveitar este canal para trocar ideias a respeito com o Sr., com sua permissão e caso seja de seu interesse.
Tenho acompanhado seu blog há algum tempo. Dentre outros assuntos que tenho lido, tenho especial atenção sobre a produção de azeite de oliva, visto que já há algum tempo acredito que esta seja outra excelente alternativa econômica para a região da Campanha. Assim, gostaria de aproveitar este canal para trocar ideias a respeito com o Sr., com sua permissão e caso seja de seu interesse.
Confesso que fiquei
particularmente surpreso quando, há dois anos atrás, vi as garrafas
do Olivas do Sul à venda no Mercado Público de Porto Alegre. Não tive dúvidas
em comprar duas garrafas, e fiquei encantado com o frescor e a leveza do
monovarietal Arbequina, totalmente distinto dos pronunciados aroma e sabor dos
espanhóis e portugueses encontrados no mercado.
Explico melhor: há aproximadamente
dez anos atrás, em passagem pela Andaluzia/Espanha, entre Almeria e Málaga,
reconheci a topografia e o solo daquela região como semelhantes àqueles da
nossa Campanha Gaúcha, mesmo sem o menor conhecimento técnico. Então, tive a
intuição de que se poderia pensar nesta cultura como uma alternativa econômica
viável para cidades como Pinheiro Machado, Piratini, Caçapava do Sul, Santana
da Boa Vista, etc. Ou seja, as ”coxilhas da Campanha”, por onde viajei
muito quando atuava no comércio, na segunda metade da década de 90.
É sabido que, nesta região, há
municípios hoje em situação de pobreza que lembra o nordeste brasileiro.
Situação esta que, para alguém que está longe do Pampa mas não esquece jamais a
terra, não é possível aceitar passivamente. Assim, o Sr. pode
imaginar a minha reação quando vi naquele azeite a materialização de um sonho.
Uma ideia que tive a esmo foi levada adiante por outros arrojados
empreendedores, e começa a se tornar realidade.
Porém, na minha concepção, a ideia
vai mais além. A fim de ampliar a oferta e dotar de maior visibilidade não
só a produção de azeite de oliva no sul, bem como de outros produtos a ele
associados e já existentes na região, como os vinhos da Campanha Gaúcha e
a carne de cordeiro, entendo que deveriam ser criados roteiros
turísticos para o projeto “Olivais do Pampa“, a exemplo do existente
no Vale dos Vinhedos. Desta forma, se poderiam aproximar produtor de turistas,
ou seja, virtuais consumidores.
Prossigo com minha visão. Em um
primeiro momento, acredito que o circuito turístico a ser inicialmente
criado integraria as cidades de Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Pantano
Grande, Rio Pardo e Triunfo. Isto porque o centro desta região está a cerca de
100km de Porto Alegre.
Estas cidades têm pontos em
comum:
·
Produção de carne
de gado e de ovelha;
- Fazendas, as quais podem abrigar hotéis-fazenda;
- Produção de lã, a qual eu acredito que vá recuperar terreno
frente à lã sintética e crescer muito, por conta da escassez de petróleo -
é um produto renovável...
E, também, cada cidade tem um ponto
em particular:
- Rio Pardo: arquitetura colonial;
- Encruzilhada do Sul: produção de vinhos;
- Triunfo: centro histórico;
- Cachoeira do Sul: produção de azeite de oliva;
- Pantano Grande: localização central entre as cidades,
potencial hoteleiro.
Alguns atrativos turísticos por
desenvolver:
- Entre Cachoeira, Rio Pardo e Triunfo, poderia ser
organizado um passeio de maria-fumaça, o qual pode ser escalonado conforme
as distâncias entre as cidades;
- Encruzilhada deveria ter o seu próprio "Vale dos
Vinhedos";
- Rio Pardo necessita de uma mudança no seu plano
diretor, a fim de que a região central da cidade seja remodelado e tome (a
exemplo do patrimônio histórico já tombado) a aparência de uma Paraty,
Ouro Preto ou Olinda "artificial", assim como é Gramado com a
arquitetura estilo Enxaimel - isso demanda um investimento relativamente
alto, a ser rateado entre os stakeholders ou buscados recursos com outros
parceiros, como IPHAN ou Petrobras, por exemplo;
- Por toda a região, é preciso difundir e desenvolver
tanto a hotelaria - pousadas locais ou até redes hoteleiras - quanto a
gastronomia, com apelo desde popular - churrascarias - até mais refinado -
restaurantes com chefs famosos;
- Em princípio, a lã proveniente da ovinocultura pode
ser um fator de alavancagem para a produção artesanal de
roupas, atividade esta que pode ser atrativa para pequenos
produtores.
Uma vez que já há empresários
vitivinicultores e pecuaristas envolvidos, assim como a Miolo Wine Group e a
Chalet Agropecuária, esta última do Sr. Luiz Eduardo Batalha, creio que
outros empresários destes setores ou de atividades afins poderiam ser
envolvidos na criação deste(s) roteiro(s). Assim, os possíveis stakeholders
para este projeto seriam:
Hotelaria: Dall Onder, redes hoteleiras locais e/ou
internacionais, como Accor;
- Vinhos: vinícolas do Vale dos Vinhedos já instaladas ou
por instalar em Encruzilhada;
- Passeio de trem: ALL Logistica;
- Azeite de oliva: Olivas do Sul, Olisul, Olivopampa,
Chalet Agropecuária, Miolo, Randon e vinícolas do Vale dos Vinhedos;
- Artesanato: ovinocultores e artesãos já existentes e/ou
possíveis candidatos entrantes;
- Prefeituras municipais, governo estadual/federal,
população dos municípios, etc...
Com o tempo, outros circuitos
deverão ser criados, em cidades como Pinheiro Machado, Caçapava do Sul, Bagé,
etc., sendo os atuais produtores destes representados por “show-rooms” ou
pequenos pontos de venda localizados nesta primeira região. Atrativos turísticos
destes municípios podem ser potencializados nestes novos circuitos, como por
exemplo o castelo de Pedras Altas e as guaritas de Minas do Camaquã.
Evidentemente, este
plano demanda um bom tempo - tanto de planejamento quanto de
realização - e muitos recursos. Por exemplo, é preciso preparar mão de
obra para atender às demandas de hotéis, restaurantes, etc. De
qualquer forma, achei interessante dividir estas ideias com o Sr.
Enfim, fico no aguardo de seus
comentários, caso assim o Sr. o desejar. Agradeço desde já a atenção dispensada
e o canal para contato.”
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