Cordeiro
das cabanhas Novo São João e Santa Orfila
Azeites
Ouro de Santana
Vinhas
Velhas Tannat 2011, da Almaden-Miolo
Fotos
Arquivo JN
Periodicamente,
inventos alguns jantares e convido pessoas muito especiais para deles
compartilharem. Nos dias de ócio que passei na praia, no final de2014 e início
de 2015, comecei a planejar dois jantares, cujas datas ainda não escolhi.
· Estou pensando num jantar à siciliana,
para umas 10 pessoas, em homenagem a Giuseppe Tomasi di Lampedusa e José
Antonio Pinheiro Machado. Talvez com um macarrão à siciliana, elaborado com boa
massa e carne moída, berinjela e manjericão, nadando no bom azeite da Fazenda
Batalha, uma comida para deuses rústicos e privilegiados. A entrada poderiam
ser empadas de camarão à Talleyrand. O vinho não poderá deixar de um Santa
Margherita di Belice.
· O segundo jantar, um pouco mais
sofisticado, seria o Tesouros de Santana, lá na minha terra, Santana do
Livramento, para um grupo maior, visando dar uma força aos produtos da terra:
cordeiros, azeites e vinhos. O cordeiro viria das cabanhas Novo São João, de
David Fontoura Martins, e Santa Orfila, de Claudino Loro, criados nos campos do
Sarandi, lá mesmo onde houve o famoso duelo entre Bento Gonçalves e Onofre
Pires, durante a Revolução Farroupilha (1835-1845).
Os azeites seriam os Ouro de Santana
Arbequina e Arbosana, da Olivopampa, de Fernando Rotondo, originários de
azeitonas colhidas de olivais ao pé do cerro da Tafona. As oliveiras, que
existem até em ruas da cidade, estão começando a ser uma nova riqueza na área
rural do município.
E o vinho, finalmente, terá que ser um
Vinhas Velhas Tannat 2011, elaborado sob a supervisão do enólogo Adriano Miolo,
com uvas provenientes de vinhas com mais de 30 anos, as primeiras plantadas
pela National Distillers, ao pé do cerro Palomas, terra do Juremir Machado. É
um tinto maravilhoso, semelhante, comparável, ao Tannat Amat, do meu amigo Javier Carrau, que só não entrará na carta do
nosso jantar porque é feito em Rivera, Uruguai, ao lado de Livramento
(poderemos fazer, futuramente, um jantar só com o Amat!). O Vinhas Velhas
estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e os 2011 que ainda tenho na
adega estão fantásticos, como demonstrou um que abri no final de ano, intensa
cor vermelho-rubi, reflexos violáceos, aromas de frutas negras maduras
lembrando amoras e cassis, notas florais, tostadas e de especiarias doces,
toques herbáceos e de tabaco. Mostrou-se frutado, jovem, apesar dos três anos
em garrafa, cheio, equilibrado, potente,com boa acidez, taninos finos e
marcantes e final longo e intenso. Excelente para acompanhar carne de cordeiro
como poderão comprovar os convivas que forem convidados ao jantar, quando ele
acontecer.
Para sobremesa, estou pensando em
pedir à dona Ana Maria uma das receitas que foram elaboradas durante o
Julgamento do Caty, quando decidimos qual a raça ovina que oferece a melhor
carne para ser harmonizada com vinhos, lá no Haras Alegria. Lembro-me que foram
apresentadas cinco ambrosias diferentes. Para entrada, estou pensando numa minissalada de aspargos com gravlax de salmão
ao molho de mostarda e mel, quem sabe acompanhada pelo perfumado Gewurztraminer
2008 Reserva Especial, criado pela Rosana Wagner para a Cordilheira de Santana,
vinho de aroma inconfundível, mistura exótica de especiarias e pétalas de
rosas, sabor que lembra lichia e lima da Pérsia. O prato com cordeiro é que
ainda não consegui imaginar. Só sei que tem que ser diferente dos tradicionais.
Os pratos, é claro, serão de porcelana Noritake.
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