Robson Rodrigues, da PecPress – Imprensa Agropecuária ((11) 3876-8648/robson@pecpress.com.br) manda uma análise sobre a situação e as perspectivas do mercado da ovinocultura, principalmente porque será um dos destaques em uma feira de negócios voltada à cadeia produtiva da carne, em São Paulo. É a “bola da vez”, segundo ele.
“O simples hábito em consumir carne de cordeiro pode colocar a ovinocultura em posição de destaque no agronegócio. É cada vez mais comum ver famílias apreciando cortes nobres em bons restaurantes, mas o volume de animais nos pastos brasileiros ainda é insuficiente para tamanha demanda. Se de um lado a produção é escassa, do outro, o momento é oportuno para investir numa atividade de rápido retorno financeiro. Este será o tema de uma feira de negócios na capital paulista, a Feinco Preview, que ocorre entre 17 e 21 de junho, durante a Feicorte - Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne.
"A criação de ovinos de corte nunca foi tão promissora como é agora. Os preços se mantiveram elevados nos últimos três anos e deve continuar assim pelos próximos. Hoje, aquele produtor que se apoia na genética e outras tecnologias já cosegue produzir um cordeiro mais precoce e receber mais de R$ 13,00 por quilo de carcaça. É quase quatro vezes mais do que recebia até pouco tempo", avalia Décio Ribeiro dos Santos, produtor e presidente do Agrocentro Feiras & Exposições, promotora da Feinco Preview.
Faz pouco tempo que a carne de cordeiro caiu no gosto do brasileiro, mas um padrão de produto ideal já foi desenhado pelo consumidor e pela a indústria. Antes, muitas pessoas tinham certo preconceito, porque, comumente, o que chegava à mesa era uma carne proveniente de animais velhos, de três ou quatro anos, fator de grande impacto no sabor. "Depois dos oito meses de idade os animais atingem maturidade sexual, acarretando uma descarga de hormônios que influenciam no paladar da carne", explica Ribeiro.
Mesmo sem escala comercial, a ovinocultura já se organiza em torno da cadeia produtiva para deixar de produzir carne de carneiro, que antes seguia para o consumo, para fornecer carne de cordeiro, proveniente de animais abatidos com, no máximo, oito meses de idade, pesando em torno de 35 e 40 kg de peso vivo, e com alto rendimento de carcaça.
Segundo Paulo Oliva Giassetti, patrocinador da Feinco Preview e proprietário do Frigorífico DiPaulo, em Jundiaí (SP), antes os produtores estavam desanimados com o preço praticado pela indústria, que era baixo devido à falta de qualidade na entrega dos animais, fator que, inclusive, culminou no abandono da atividade por alguns criadores. "Atualmente, podemos afirmar que houve uma renovação nos pastos brasileiros, com o destarte de animais de índole duvidosa e ruim. Nos últimos anos, especialmente em 2012, com o bom acervo genético e tecnologias, os produtores que continuaram passaram a se especializar para conseguir melhores rendimentos em seus rebanhos, principalmente em relação à precocidade", diz o empresário.
Com essa verticalização, a indústria passou a remunerar melhor o produtor, na intenção estimular a entrega de animais de melhor rendimento e que atendessem as premissas do consumidor. Paulo diz que, há três anos, a média de rendimento de carcaça em sua unidade chegava à 45%, percentual que saltou para 50% atualmente. "Já tem produtor que fornece animais com rendimento de até 58%, sinal evidente dos avanços no setor. Essas médias permitem expor um produto nobre ao consumidor, fazendo girar a economia do setor", avalia.
O negócio está prosperando a tal ponto que a DiPaulo está bonificando quem entregar cordeiros de até oito meses, com rendimento de carcaça superior a 50%. Neste caso, o produtor recebe R$ 12,70 pelo quilo de carcaça, mais um ágio de 4,5% (total de R$ 13,27).
Dessa iniciativa pioneira, nasce um embrião para um possível modelo de tipificação na ovinocultura brasileira, que será presenciado pelos participantes do Concurso de Carcaças Ovinas, um dos destaques da Feinco Preview. Pelas contas, quem produz uma carcaça com 15 quilos de aproveitamento receberá quase R$ 200,00, mais que dobro da arroba do boi gordo. Essa é uma prova que a ovinocultura começa a ganhar forma e que o produtor passa a enxergá-la com outros olhos.
Na visão de Paulo Franzine, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Dorper (ABCDorper) e um dos promotores da Feinco Preview, ainda nos próximos 10 anos o país não será autossuficiente em produção e continuará dependendo do mercado externo para atender parte da demanda. Para ele, uma grande aposta está no consórcio com a criação de bovinos, que são muito parecidos em sua estrutura funcional. "Ambos são ruminantes, consumem o mesmo alimento, o mesmo sal, mas exigem um pouco mais no manejo", explica.
E quando os números são colocados na mesa não há como duvidar da rentabilidade da ovinocultura. A gestação de uma vaca dura nove meses, e aos 145 dias o borrego já está ao pé da ovelha. A desmama do bezerro dura seis meses, enquanto o borrego já pode rodar no cocho e rotacionado aos 60 dias de vida, exigindo mais 60 dias para ser abatido. Na bovinocultura, com o alto emprego de tecnologia, o animal só atingirá o ponto de abate aos 24 meses de idade.
"O pecuarista pode começar de forma modesta, utilizando uma parte ociosa da propriedade. No mesmo hectare onde caberiam apenas dois bois cabem 40 ovelhas em pastejo rotacionado. O custo de produção é um pouco maior, mas os ganhos são incríveis. Enquanto a indústria paga algo em torno de R$ 90 por uma arroba de boi gordo, a do cordeiro está cotada em R$ 150,00. Para se chegar ao peso de um boi terminado, são necessários de 12 a 15 cordeiros", avalia Franzine.”
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