O documentário Maria José de Queiroz: artesã da palavra, de Lesle Nascimento, trata de uma das mais instigantes escritoras brasileiras do nosso século. Inúmeras vezes, a crítica que se faz à ela e à sua obra, cerca de 30 livros incluindo ensaio, poesia, romance e conto, a caracteriza com o adjetivo, às vezes, pouco lisonjeiro, de erudita (Maria José é, mesmo, erudita, mas eu diria de uma erudição popular). Num país em que a cultura é um desafio e um defeito, seus estudos fundamentais sobre escritos de prisão, a literatura e a comida, os textos do exílio e tantos outros temas, aliados a uma profunda reflexão sobre a mulher, sobre o papel da mulher intelectual e escritora no Brasil, são, muitas vezes, ignorados.
Em 2011, Lesle Nascimento, graduado em Biblioteconomia pela Escola de Ciência da Informação da UFMG e fotógrafo, foi apresentado a Maria José de Queiroz e à sua obra. O documentário Maria José de Queiroz: artesã da palavra é um pequeno recorte do que foi feito até agora. Das mais de 10 horas de depoimentos emocionantes e intelectualmente perfeitos, realizado com a escritora em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, foram selecionados cerca de 55 minutos. Esse longo documentário será disponibilizado em capítulos. Portanto, o que se apresenta, agora, é o primeiro deles. Haverá outros sobre a Faculdade de Letras da UFMG, os grandes temas por ela estudados como a questão indígena no Brasil, a pobreza, a comida e a literatura, a música, além de aspectos biográficos da escritora e sua relação com Belo Horizonte e Minas Gerais.
“Esperamos, com esse primeiro documentário, que é um capítulo, do livro em vídeo que estamos realizando – diz Lesle - fazer vislumbrar a obra e a vida da escritora para novos leitores, pesquisadores, professores. O link para o trailer é: http://youtu.be/Vj6XSXKcRWM.”
Rubem Fonseca, Maria José de Queiroz e Danilo Ucha navegando, bebendo e comendo no rio Main
Arquivo JN
Um comentário:
Caro, caríssimo Ucha:
Acabo de ler seu comentário sobre o filme feito por Lesle Nascimento, mercê, sobretudo, dos conhecimentos "literários", de Lyslei Nascimento, cuja tese de mestrado foi sobre o tema dos 55 minutos do documentário, apresentado, faz pouco, na Sorbonne.
Aqui me encontro, muda e só, após a perda de minha mãe, sobre quem, não me resta senão escrever, a exemplo de um Albert Cohen e de um Roman Gary.
É isso aí. Estou à sua espera para esvaziarmos as adegas francesas. Saudades, MJosé
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