Olha
a cor do Moscatel de Setúbal
D/JN
A
CVR da Península de Setúbal (Portugal), região vitivínicola onde se produz o
Moscatel de Setúbal, realizou uma pesquisa sobre os hábitos de consumo deste
vinho, no Brasil, para saber qual a imagem, atributos e posicionamento da
bebida em relação à concorrência. Executada pela Maria Tereza Monteiro
Consultoria e Pesquisa, o método usado foi qualitativo, através da técnica de
discussões em grupo.
“Há
séculos que alguns brasileiros conhecem e apreciam o Moscatel de Setúbal, nos
últimos anos em todas as provas, feiras e demais eventos vinícolas em que o
Moscatel de Setúbal marca presença no Brasil, todos os comentários e
apreciações feitos por consumidores e profissionais da fileira do vinho são
altamente elogiosas e motivadoras para os produtores, permanece para nós um
“enigma”: porque é que não exportamos mais Moscatel de Setúbal para o Brasil?
Foi para tentar ajudar a decifrar esse enigma que resolvemos investir na
realização dessa pesquisa. Os resultados foram altamente positivos, confirmaram
intuições que já possuiamos e nos deram pistas sobre o que devemos fazer para
melhorar a promoção e o consumo do Moscatel de Setúbal no Brasil” – afirma
Henrique Soares, presidente da CVRPS.
Eu
mesmo já bebi muito Moscatel de Setúbal, na própria península, e, sempre que me
foi possível, sempre elogiei este vinho maravilhoso, com séculos de história.
Lá, inclusive, vi algumas pipas que vieram oara o Brasil, na época do
descobrimento, e acabaram voltando intactas. O pessoal não sabia o que era bom.
O
trabalho de pesquisa teve duas etapas. Na primeira parte participaram homens e
mulheres, consumidores habituais e esporádicos de vinho Moscatel de Setúbal e
de bebidas fortificadas (Porto, Madeira, Vermute, Xerez, etc.), residentes nas
cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Na etapa seguinte, houve a
participação de profissionais do mercado – donos de enoteca, lojas, sommeliers
e professores de harmonização, nas mesmas cidades.
Foi
constatado que o vinho Moscatel de Setúbal é percebido de forma bastante
positiva entre os que o conhecem. É amplamente reconhecido como um vinho doce,
saboroso, de teor alcoólico mais alto e mais encorpado do que os vinhos de
mesa. Em geral é definido como um vinho
de sobremesa, para ser consumido depois das refeições, seja acompanhando a
sobremesa ou mesmo como um digestivo. Uma das entrevistadas destacou que bebe
como aperitivo. “Eu tomo também como aperitivo. Às vezes estou preparando o
almoço e tomo um copinho do Moscatel de Setúbal”.
Na
verdade, embora o Moscatel de Setúbal seja maioritariamnete reconhecido como um
vinho de sobremesa, as suas ocasiões de consumo são amplas: um Moscatel de
Setúbal pode ser apreciado também como aperitivo, como ingrediente principal de
cocktails e não apenas em festividades pontuais. Os diferentes tipos de
Moscateis de Setúbal (dos mais jovens, aos mais velhos, até ao mais raro, o
Moscatel Roxo) permitem consumí-lo em diferentes temperaturas e em diferentes
circunstâncias. Encontram-se Moscateis de Setúbal para um consumo diário, assim
como mais apropriados a uma situação especial ou celebrativa.
O
estudo permitiu concluir que a receptividade ao vinho Moscatel de Setúbal, em
todos os grupos pesquisados é bastante positiva. Entre os que nunca tinham
experimentado, notou-se uma grande surpresa positiva em relação ao produto.
Conclui-se
que o Moscatel de Setúbal tem grande potencial para crescimento no mercado
brasileiro, com excelente aceitação de acordo com os grupos analisados. É
saboroso, agradável de beber, doce na medida adequada, tem uma cor extremamente
atraente e é, segundo o grupo, superior ao Porto, seu principal concorrente.
Destacaram ainda que sua D.O.C e a origem Portuguesa chancelam a qualidade do
mesmo.
Visão
dos profissionais
Nas
duas cidades pesquisadas, o Moscatel de Setúbal é definido pelos profissionais
das enotecas, lojas, sommeliers, professores e harmonizadores, principalmente,
como um vinho de sobremesa ou um vinho doce. A maioria deles conhece a
procedência portuguesa, em particular, e em menor escala a sua origem na Região
da Península de Setúbal. Os profissionais descreveram a bebida como tendo um
paladar acentuado, o sabor intenso, o aroma cítrico, de frutos secos e
especiarias, com frescor e alto teor alcoólico. Em relação à cor, dourada ou
amarelada disseram: “Lembra Topázio”.
Eles
destacaram ainda como marca ser um bom vinho para acompanhar a sobremesa.
Outros pontos fortes associados ao Moscatel de Setúbal são: o sabor adocicado,
o aroma único e a boa relação custo benefício. No que concerne à harmonização
citaram a possibilidade de adaptar-se também com queijos e acompanhar bem uma
refeição, mesmo sendo um vinho doce. Além do uso em coquetéis por ter o sabor
suave, feito de uva Moscatel de Setúbal e do alto padrão de qualidade. Outra
dica interessante é degustar com charutos, pois é um vinho clássico, afirmaram.
Além disso, o produto foi sugerido também para acompanhar frutas e, devido à
boa acidez, a sugestão é beber gelado.
A
maioria dos profissionais disse que ao oferecem a bebida para seus clientes,
frequentemente eles aceitam a sugestão. Para eles a maior divulgação da bebida
aumentará o consumo no Brasil pelos seguintes fatores: se tratar de um vinho
doce; pelas propriedades positivas do produto: suave, frutado, com frescor;
ótima qualidade com preço mais acessível favorecendo a experimentação; a
possibilidade de consumo como aperitivo, uma vez que o brasileiro tem o hábito
de consumir drinks antes das refeições e o fato da bebida ser consumida gelada,
aspecto importante para um país de clima tropical.
Acho
que foi e 2011 que, na Quinta da Bacalhôa, finalizei um maravilhoso almoço com um Moscatel de Setúbal 2000, grande vinho
generoso, 100% uvas Alexandria, originárias do Egito, doce, ácido e amargo ao
mesmo tempo, considerado o melhor moscatel do mundo, envelhecido à moda do
Madeira. Depois, provei o Moscatel Roxo 2000, vinho delicado, seco, elegante,
com menos taninos. Estava tudo tão bom que o almoço terminou às 17h!
A
CVRPS tem como principal missão a defesa das DO Setúbal e Palmela e IG
Península de Setúbal, bem como a aplicação da respectiva regulamentação, o
fomento e controle dos vinhos produzidos nas respectivas áreas geográficas e a
garantia da sua origem, genuinidade e qualidade.
Na
Península de Setúbal produzem-se três tipos de vinho certificado:
-
Vinhos DO Palmela: certifica vinhos: brancos, rosados e tintos, frisantes,
espumantes e licorosos. A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de
Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do
concelho de Sesimbra. Corresponde à mesma área de delimitação da DO Setúbal.
-
Vinhos DO Setúbal: é aplicável exclusivamente, para vinhos generosos, brancos
(à base da casta Moscatel de Setúbal) ou tintos (à base da casta Moscatel
Roxo). A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela,
Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do conselho de Sesimbra.
Corresponde à mesma área de delimitação da DO Palmela.
-
Vinho Regional Península de Setúbal: é aplicável a vinhos brancos, tintos e
rosados, frisantes, licorosos e vinho para base de espumantes. De maior
dimensão geográfica, inclui todo o distrito de Setúbal. Engloba os conselhos
Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra,
Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines.
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