sábado, 3 de agosto de 2013
Comercialização de vinhos e espumantes apresenta estagnação no semestre
As vendas de vinho estão estabilizadas. No primeiro semestre de 2013, o mercado interno brasileiro registrou um pequeno incremento de 2,54% na comercialização de vinhos finos, de mesa e espumantes, totalizando 107,9 milhões de litros. Este resultado diz respeito à comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram comercializados 105,2 milhões de litros. Para o setor vitivinícola brasileiro, este desempenho reflete uma estagnação nas vendas, com índices tímidos de alta no vinho de mesa, de 3,21%, com quase o mesmo percentual de retração no vinho fino, -3,10%, e um pequeno recuo nos espumantes, de -1,97%.
A comercialização de sucos de uva 100% naturais, por sua vez, vem mantendo o desempenho positivo dos últimos anos. Os sucos 100% naturais prontos para consumo e os concentrados registraram alta de 32,83%, com 50,8 milhões de litros. O maior destaque ficou com os sucos prontos naturais prontos para consumo que ampliaram a comercialização em 42,94%. Esse índice representa um incremento de 9,97 milhões de litros em relação ao primeiro semestre de 2012.
Para o presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle, os resultados do período refletem o esfriamento da economia do país e frustraram as expectativas do setor. “Se levarmos em conta a conjuntura econômica, não tivemos um desempenho ruim. A venda de cerveja também retraiu e a queda dos importados foi ainda maior. Mas, o ano passado já não foi favorável, e tínhamos uma perspectiva de vendas melhores em função do acordo com o varejo”, observa o dirigente.
Dentro do segmento de vinhos de mesa, o semestre registrou uma pequena alta, de 3,21% frente ao mesmo período do ano anterior, com a venda de 94,7 milhões de litros. Nesta categoria, a venda de engarrafados apresentou o melhor resultado, com crescimento de 8,77%, representando um volume de 39,6 milhões de litros em comparação com os 36,4 milhões de 2012. Esta tendência de migração entre vinhos de mesa a granel para engarrafados vem se intensificando a partir de 2011.
O presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Oscar Ló, alerta que este resultado, apesar de positivo, não é satisfatório. “Os estoques das empresas estão bastante altos e, em seis meses, temos uma nova safra a caminho. O crescimento do vinho (de mesa) engarrafado é muito bem visto, mas o grande volume ainda está no granel. Por isso ainda temos necessidade de apoio de medidas governamentais para auxiliar no escoamento dos volumes estocados” argumenta Ló.
O desempenho dos sucos naturais é comemorada pelo setor, pois o produto representa uma alternativa para o processamento das uvas americanas e híbridas utilizadas para o vinho de mesa. Porém, o dirigente da Fecovinho explica que o mercado, apesar de favorável, não consegue compensar os volumes processados a partir desta matéria-prima. “Enquanto o mercado do suco gira em torno de 50 milhões de litros, os vinhos de mesa ficam entre 200 milhões”, observa. Os dirigentes também observam que neste período houve a influencia das compras de suco de uva por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com articulação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), no montante de 5 milhões de litros.
Para contrabalançar os resultados do setor, os vinhos finos e espumantes nacionais apresentaram recuo nas vendas. Os vinhos finos apresentaram retração de 3,10%, com a comercialização de 8,76 milhões de litros, e os espumantes de 1,65%, com 3,47 milhões. As importações tiveram uma queda maior, de quase 4,14% nos vinhos finos, e de 17,78% nos espumantes. Somando as duas categorias de importados, o resultado foi negativo em 4,96%, com vendas totais de 31,25 milhões de litros. Esse desempenho significa que 1,6 milhão de litros de vinhos importados deixou de ingressar no país neste período.
“De forma geral o mercado está travado. Infelizmente esperávamos ter mais espaço nas gôndolas com o acordo de promoção firmado no ano passado com os supermercadistas, importadores e distribuidores, mas isso não vem ocorrendo”, lamenta Dirceu Scottá, presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Ele informa que no ano passado o varejo formou estoques de produtos importados, o que se refletiu em menor aquisição este ano e justifica a retração apresentada no período. Mas, nos pontos de venda, estes rótulos ainda predominam no mercado.
Como o segundo semestre tradicionalmente se mostra mais dinâmico que o primeiro, a perspectiva é de recuperação dos indicadores. Dalle Molle acredita que as estratégias de promoção que vem sendo alinhadas com o setor supermercadista e distribuidor comecem a surtir efeito, ampliando a exposição dos vinhos brasileiros nos pontos de venda. “Temos uma perspectiva de aquecimento das vendas e de maior redução das importações. Se as ações que estamos construindo com o varejo dentro do acordo de promoção se efetivarem, a situação pode melhorar. De qualquer forma, no caso dos vinhos de mesa, ainda precisamos de apoio para o escoamento dos estoques”, conclui o dirigente.
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