Luiz Eduardo Batalha mostra qualidade das azeitonas a
Paul Vossen,
Paulo Freitas e Patricia Galasini
Felipe Batalha, Paulo Freitas e Paul Vossen nos tanques de azeitonas
Fotos Danilo Ucha
A
safra de azeitonas de 2015, aberta oficialmente em Livramento, na primeira semana de fevereiro, está sendo
positiva, maior do que as anteriores, mas com produção total aquém do esperado.
Chuvas demais na época da floração das oliveiras prejudicaram algumas áreas.
Enquanto alguns plantadores da variedade arbequina, por exemplo, colheram 19
quilos de fruta por árvore, rendimento considerado muito bom, outros não
colheram nada. Mesmo assim, a Emater acredita que a safra será superior aos
300.581 quilos de 2014, que renderam 30.489 litros de azeite.
De
acordo com a contagem da secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, esta
foi a 4ª safra de azeitona gaúcha dos tempos modernos. No século passado, houve
algumas tentativas de plantio, mas não prosperaram, segundo se diz, porque as
variedades selecionadas não se adaptaram ao Rio Grande do Sul
Nos
dias 6, 7 e 8 acompanhei a segunda colheita da Fazenda Guarda Velha, em
Pinheiro Machado, mas só agora consigo escrever sobre ela, porque de lá fui
direto para Minas Gerais (Uberaba) e várias cidades do interior de São Paulo,
visitar grandes empreendimentos do agronegócio (confinamentos, desenvolvimento
genético, saúde animal e até um grande projeto de criação de tilápias), com meu
amigo jornalista Altair Albuquerque, da Texto assessoria, organizadora do Road
Show de Jornalistas de Agronegócio 2015.
Em
Pinheiro Machado, à convite do grande empreendedor paulista Luiz Eduardo
Batalha, que acompanha desde que plantou o primeiro pé de oliveira naquela
região, tive a satisfação e honra de conviver com a Patricia Galasini e o Jairo
Klapp, especialistas em pizzas e azeites, e com o sommelier de azeites Paulo
Freitas, que entende como poucos dos azeites do mundo. Também reencontrei o
norte-americano Paul Vossen, professor da Universidade de Davis, na Califórnia, meu parceiro na safra 2014, também na Guarda Velha, e companheiro de viagem por fazendas de oliveiras, na Califórnia, considerado um dos maiores especialistas em azeites dos Estados Unidos. Embora
conheça a Califórnia, não conheço a Universidade de Davis (só passei perto),
mas, curiosamente, Vossen, é o segundo mestre daquela universidade que passa
por minha vida. Nos anos de 1970, acompanhei a instalação dos vinhedos da National
Distillers, em Santana do Livramento, minha terra natal, e a fundação da Almaden,
hoje do Grupo Miolo. Quem “descobriu” aquela região para a uva e os vinhos
finos foi o norte-ameircano Harold Olmo, da Universidade de Davis, que começou
suas pesquisa por lá nos idos de 1940. Olmos mostrou que a região da Campanha era
uma das melhores para o cultivo de viníferas nobres do mundo. Hoje, a Campanha
tem cerca de 20 vinícolas produzindo grandes vinhos, especialmente tintos.
A colheita das azeitonas
A elaboração dos azeites
Mas, voltemos às oliveiras, azeitonas e azeites.
Na
região de Pinheiro Machado, o empresário paulista Luiz Eduardo Batalha é um dos
produtores que começou, dias 6, 7 e 8, uma boa colheita em parte de seus 148
hectares plantados com 47 mil pés de oliveiras, mas alguns vizinhos, como
Galvão Bueno e Darci Miolo, não tiveram fruta em condições de aproveitamento.
“São coisas do clima e da agricultura”, disse Batalha, “mas isso não deve
desesperar ninguém, pois a produção de azeitona e azeite, que já começou de forma
intensa aqui no Rio Grande, é uma nova e importante alternativa econômica, com
grande futuro pela frente, e vai ocupar terras que hoje não são aproveitadas
nem pelo gado nem pela agricultura convencional.”
Foi
a segunda safra da Fazenda Guarda Velha. Também acompanhei a primeira, em 2014,
inclusive a elaboração, então, do primeiro azeite, o Batalha, que já está no
mercado, em duas versões, suave e forte. Posso garantir que são de alta
qualidade e o Paulo Freitas confirmou. Coisa boa, mesmo.
Batalha,
um incentivador da nova atividade, recebeu o secretário estadual da
Agricultura, Ernani Polo, em sua fazenda Guarda Velha, mostrou-lhe os olivais e
a indústria de azeite e disse que o governo deve incentivar o plantio de
oliveiras. Polo concordou.
Na
noite de sábado, dia 7, apresentou o
maior técnico dos Estados Unidos em azeites, Paul Vossen, e os especialistas
brasileiros Patricia Galasini e Paulo Freitas para falarem para mais de 30
pessoas reunidas na fazenda sobre a cultura e suas perspectivas
econômico-financeiras. Reencontrei lá os
enólogos Anderson Schmitz, Rossano Lazzaroto e Carlos Eduardo Seronni, e os
empresário Marco e Mauro Balinhas e Gilson Mesko, com quem andei pela Califórnia,
em novembro de 2014, exatamente degustando vinhos e azeites. Também estava lá o
Ivan Magalhães, sócio do Galvão Bueno na Bellavista Estate, em Candiota, onde
criam gado, ovelhas, cavalos e plantam vinhedos e oliveiras. Neste ano, as
azeitonas não deram bem, mas, em contrapartida, as uvas foram excelentes,
alcançando 24 graus Babo. Galvão Bueno deveria ter comparecido, mas como estava
em companhia do italiano Roberto Cipresso, visitando os vinhedos, teve que
voltar para o centro do País, onde o italiano tinha compromissos. Mas ele
também é um entusiasta do plantio de oliveira, já possui 15 hectares plantados
e está destinado mais 45ha para o cultivo.
Muitos
dos proprietários rurais que estavam no jantar da Fazenda Guarda Velha,
oferecido por Batalha, sua esposa Ronize, o filho Felipe e sua namorada Ana
Estela, se entusiasmaram com as perspectivas das oliveiras, das azeitonas e dos
azeites, cujo mercado brasileiro e mundial é francamente comprador, e,
certamente, vão engrossar o contingente de 109 produtores gaúchos que já
plantam oliveiras em mais de 30 municípios. É uma nova riqueza para o Rio
Grande do Sul, especialmente para a região da Campanha, que precisa
diversificar sua matriz econômica.
A
colheita 2015 da Fazenda Guarda Velha deverá ser de 40 mil quilos de azeitonas,
parte destinada ao consumo na mesa, parte para a produção de 6 mil litros de
azeite. Inovador e preocupado com a qualidade, Batalha decidiu que as azeitonas
de mesa, a partir de agora, não conterão uma só grama de soda, como colocam os
demais produtores.
Anunciou que, em 2015, serão plantados mais
150 hectares de oliveiras. Galvão Bueno, que já tem 5 mil pés na Bueno
Bellavista Estate, em Candiota, ali ao lado, anunciou, através do Ivan
Magalhães, que vai plantar mais 15 mil pés em 45 hectares, pois acredita que é
um bom negócio. Além de representar uma nova riqueza, as azeitonas e os azeites
estão criando empregos na região. Nesta colheita, que se estenderá pelo mês de
março, a Fazenda Guarda Velha, que também colhe viníferas, está empregando 70
pessoas nos olivais, 30 nos vinhedos e mais 7 na indústria de azeite.
E,
por falar em viníferas, posso anunciar que Luiz Eduardo Batalha também fez,
neste verão, sua primeira colheita de uvas numa área de 70 hectares, escolhida
porque tem todas as características necessárias à produção de bons vinhos. Seu
primeiro vinho, em vinificação na Boscato, em Bento Gonçalves, vai ser
apresentado nos próximos meses.
Para
comemorar a boa safra de azeitonas, Luiz Eduardo Batalha ofereceu um jantar –
cordeiro desossado assado na trempe do fogo de chão - para vários empresário da
região de Pinheiro Machado. O enólogo Anderson Schmitz foi encarregado de
selecionar os vinhos. Ele fez uma seleção bem interessante. Entre as garrafas
que abrimos, com satisfação e deleite, estavam Zanella Merlot 2011, Sanjo
Maestrele Integrus Pinot Noir 2012, uma agradável surpresa, pois não acredito
muito em Pinot Noir brasileiro, Cabanha Geller Tannat 2008, Sanjo Maestrele
Integrus Cabernet Sauvignon 2008, Seronni Lazzaroto Merlot e Cabernet Franc,
Sincronia Shiraz 2012, da vinícola Franco Italiano, e Sanjo Maestrele Integrus
Chardonnay 2011. Como falei com o Ivan Magalhães minha posição sobre o Pinot
Noir no Brasil, ele fez questão de me oferecer uma garrafa do Pinot Noir da
Bellavista Estate, dizendo que, ao bebê-lo, vou mudar de opinião. Trouxe-a com
carinho para minha adega e estou preparando espírito para abri-la.
Alguns dos vinhos escolhidos pelo Anderson
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