A maioria das estradas gaúchas são de terra batida
As de asfalto são chamadas de buracolândia
A situação das estradas do Rio Grande do Sul – ao dá nem
para chamar de rodovias – é tão ruim, depois do governo de Tarso Genro (PT),
que produtores rurais de todo o estado reclamam, principalmente quando vê um
jornalista. A pergunta básica é: “E vocês, não vêem isso? Não escrevem nada?”
O ex-desembargador e atual fazendeiro em Unistalda, Ruy
Gessinger, acaba de postar na internet um comentário bem apropriado:
“Após dez horas
de viagem e dois pneus cortados carneiros da Gessinger chegam a Pelotas
Nosso Cargo boiadeiro flamante saiu da
estância às cinco da manhã. Até a BR 287 são só 7 kms, mas se leva 40 minutos
dada a buraqueira. Daí Santiago, Jaguari e São Vicente. Dobra a direita em
direção ao S. F de Assis e entra no trevo para Cacequi. Buraqueira e buraqueira
até Rosário do Sul. Dois pneus inutilizados. Chegamos em São Gabriel e é
inevitável comprar dois pneus novos. Dois mil pilas. Duas horas no sol e
os carneiros sofrendo. Segue a viagem até o entroncamento com a Br 392, cem
kms. Dobra à direita na 392 e segue Caçapava, Santana da Boa Vista, Canguçu e
Pelotas para a chegada na fazenda Santa Amélia do Elmar Hadler às 17,30, sob
torrencial chuva.”
Estive em Santana
do Livramento, para cumprir meu sagrado direito do voto, e ouvi de fazendeiros
de todas as regiões rurais do municípios queixas sobre a terrível situação das
estradas estaduais e municípais da região. Livramento ainda é mais prejudicada
porque é um dos maiores municípios do estado e o que tem a maior extensão de
rodovias municipais e a menor de federais. O problema é pior que o de Ruy
Gessinger porque as estradas estão tão ruins que os caminhoneiros não querem ir
até as estâncias buscar animais ou produtos. Muitos recém terminaram a esquila
das ovelhas e estão com a lã estocada nos galpões prque não encontram
transportadores dispostos a enfrentar as
estradas municipais e transportá-la para as barracas na cidade. Há vinícola que reclamam que as sacudidas durante o transporte do vinho prejudica a qualidade do produto.
O criador
Claudino Loro, com estâncias no Sarandi, entre Livramento e Rosário do Sul,
além da lã, está com vários bois prontos para abate e não consegue boiadeiros
que se disponham a buscar os animais e transportar para os frigoríficos,
interessados na qualidade de seus Angus. Ele já está estudando até em voltar
aos bons tempos das tropas de gado, quando 20/30 homens tocavam por diante, à
cavalo, três ou quatro mil bois com destino aos frigórfios Armour, Swfit e
Wilson que existiam na região da Campanha. Tropeça em outro problema moderno:
não há peões, não há mão de obra para a tarefa. As estradas estão ruins na
região do basalto, com burcos e pedras enormes no leito da vida, e na região da
areia, com sulcos que trancam as rodas dos veículos. Há até uma vinícola que
sofre para transportar sua garrafas de vinhos, pois elas chacoalham tanto que o
vinho perde qualidade.
Na região da
Serra gaúcha, onde o asfalto é abundante, o leito das rodovias está tão
esburacado que é um perigo caminhões pesados transitarem por ela, principal à
noite. Os motoristas de automóveis também correm perigo. A principal rodovia do
vinho, entre São Vendelino e Bento Gonçalves, permanentemente em subida e com
muitas curvas, é palco de acidentes cotidianamente. Além do vinho, por
ali escoam móveis, utensílios domésticos de grandes indústrias e uma vasta
produção metalmecânica. A jornalista Rosane Oliveira tem razão quando diz que “o Rio Grande do Sul tem uma tradição de
estradas ruins, fruto do descaso com a manutenção.”
3 comentários:
Se concede a rodovia e cobra pedágio há quebra-quebra e invasão das praças. E o Estado não tem dinheiro. Não existe milagre. A saída é o aeroporto!
O futuro governador poderia fazer PPPs com a iniciativa privada para a manutenção das que estiverem menos pior... Há várias formas de parcerias que poderiam ser feitas, inclusive com os municípios.
Por que não PPPs para a manutenção das menos piores?
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