sexta-feira, 1 de julho de 2016

Paisagem cultural do vinhedo tem condições de pleitear título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco


 Um livro importante para o setor do vinho
                                            Rinaldo Dal Pizzol
                              Luiz Michelon foi buscar o seu autógrafo


Isso está demonstrado em  livro escrito  pelos pesquisadores da cultura do vinho, Rinaldo Dal Pizzol e o antropólogo espanhol Luís Vicente Elias Pastor. A paisagem do vinhedo como um produto antropológico iniciada com a chegada dos primeiros imigrantes italianos à Serra Gaúcha em 1875 e com uma tipologia única são apenas algumas das constatações do livro Paisagem do Vinhedo Rio-Grandense, escrito pelos pesquisadores da cultura do vinho, Rinaldo Dal Pizzol e o antropólogo espanhol Luís Vicente Elias Pastor, e lançado na noite de segunda-feira, 27 de junho, em Bento Gonçalves (RS).
Essa obra complexa, que trata de duas regiões vitícolas do Rio Grande do Sul, a Serra Gaúcha e a Campanha, apresenta centenas de imagens que revelam o trabalho árduo do viticultor e também traz conceitos e visões importantes que indicam a necessidade de reflexões sobre o futuro dessa paisagem. Diante disso, Luís Vicente recomenda que a paisagem da Serra Gaúcha seja candidata à Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
Durante o lançamento da obra, Dal Pizzol exaltou o trabalho do viticultor, que chegou a Serra Gaúcha a partir de 1875 e ergeu casas, escolas, capiteis, igrejas, cemitérios, hospitais e todas as culturas de subsistência. O vinhedo foi o que permaneceu, cresceu e se consolidou durante os 140 anos, apesar das dificuldades. “Para a produção do livro foram anos de pesquisa e quilômetros de caminhadas para colher depoimentos, visitar produtores e ter a percepção real desse cenário que é a paisagem do vinhedo”, ressaltou.
Luís Vicente não pode estar presente ao evento, mas enviou um vídeo em que diz ter chamado muito a atenção a presença no Rio Grande do Sul de um tipo de vinhedo em forma horizontal de latada, único no mundo em função de sua sustentação ser sobre pilares de árvores de Plátano e também alguns de pedra. “Todo esse conjunto torna essa paisagem muito singular, por isso é possível considerá-la Patrimônio Cultural da Humanidade, como forma de preservá-la. Sem dúvida, seria uma grande conquista”, evidenciou. 
Entre as tantas propostas do livro, Dal Pizzol destacou três que considera mais relevantes: a primeira apresentando “paisagens singulares” e que podem se tornar atrativos turísticos; a segunda sugere reflexões sobre a sustentabilidade dessa paisagem do vinhedo da Serra Gaúcha, sujeita a fraquezas e ameaças; e, por fim, seria desejável um movimento que inclua os produtores, governos municipais da região e a comunidade em geral para que haja a compreensão de que existem antecedentes e justificativas a fim de que a paisagem seja considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, a exemplo de outros locais equivalentes na Europa, o que pode gerar reflexos positivos para o consumo interno de vinhos, ao colocar essa paisagem em uma vitrine e referência internacional.
 O secretário de Turismo de Bento Gonçalves, Gilberto Durante, presente ao evento e representando o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, agradeceu o empenho de Dal Pizzol por meio de propostas inovadoras, como o Vinhedo do Mundo, o Ecomuseu da Cultura do Vinho assim como pela participação e fundamental apoio junto ao Conselho Municipal de Turismo. Igualmente, enfatizou o papel de Luís Vicente e todo seu conhecimento compartilhado para a concretização da obra.
O livro conta com 288 páginas, dividido em 15 capítulos, e tiragem de três mil exemplares e tem a apresentação da professora Ivanira Falcade da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O prefácio é de Mirian Sartori Rodrigues, diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae/RS), e prólogo de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.
 A obra é uma referência nos estudos da paisagem do vinhedo e foi produzida com projeto aprovado pelo Ministério da Cultura e conta com o patrocínio de Bradesco, Italínea, Florense, Toniolo Busnello e Concresul, e tem o apoio do SENAR e Dal Pizzol Vinhos Finos.
Rinaldo Dal Pizzol é natural de Bento Gonçalves (RS) e formado em Ciências Econômicas. Desde 1960 foi diretor de empresas do setor vinícola. Presidiu a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e foi vice-presidente da Festa Nacional do Vinho, em Bento Gonçalves, e da Festa Nacional do Champanhe, em Garibadi. Atualmente preside o Instituto R. Dal Pizzol é diretor da Dal Pizzol Vinhos Finos. O Instituto é responsável pela recente constituição do Ecomuseu da Cultura do Vinho que abriga entre outros atrativos culturais uma bem organizada coleção ampelográfica privada (de videiras), em campo, com cerca de 400 variedades, exposição a céu aberto e sala de exposição de longa duração que estão à disposição dos visitantes.

Luís Vicente Elias Pastor é natural de La Rioja (Espanha), doutor em Antropologia, mestre em Etnologia e licenciado em Filosofia. De 1974 a 1980 foi diretor do Museu Etnográfico de La Rioja. De 1991-2001 foi diretor da Fundação Caja Rioja. De 1998-2000 foi responsável pelo Programa Líder Temático Cultura do Vinho. Foi professor de Antropologia na Universidade Nacional de Educação a Distância, expert em temas de Patrimônio Cultural, autor de diversas publicações sobre patrimônio e turismo, cultura do vinho e turismo do vinho. Professor convidado de várias universidades sobre temas da cultura do vinho. Atualmente é responsável pela documentação e patrimônio cultural das vinícolas R. López de Heredia e Viña Tondonia en Haro (La Rioja).

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